Daniel Alves. O líder na guerra entre clubes e jogadores por salários
Federação dos atletas quer o capitão da seleção na briga contra os clubes, que querem reduzir salários. E fazer da CBF avalista dos jogadores
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Daniel Alves.
Capitão da seleção.
Jogador mais importante atuando na América Latina.
O mais vencedor da história, com 40 títulos significativos, com Barcelona, Juventus, PSG e Brasil.
Capaz de enfrentar publicamente o presidente da República, Jair Bolsonaro, por seu discurso sobre a epidemia do coronavírus.
Ele foi escolhido pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais.
Terá a responsabilidade de simbolizar a resistência dos jogadores à redução de 25% nos salários, que os clubes desejam impor, por causa da pandemia.
Os dirigentes dos grandes clubes de todo o país se uniram. Através de videoconferências, firmaram posição.
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Aceitam pagar o salário de março integralmente. Mas exigem férias compulsórias em abril. De 20 dias.
Os restantes dez dias entre o final de 2020 e início de 2021.
E, o principal, corte de 25% no salário, até que a pandemia passe e as partidas voltem a acontecer.
A proposta é legal pela legislação trabalhista.
Líderes do extinto movimento Bom Senso, Fernando Prass e Geromel, foram consultados.
E se colocaram frontalmente contra a redução.
Assim como vários outros atletas ouvidos.
Eles lembraram o quanto os clubes são péssimos pagadores.
Perto da metade das equipes da Série A e B atrasou salário ou direito de imagem em 2019. Por mais de 30 dias, violando a regra do Profut.
Série A. Atlético Mineiro (direito de imagem), Cruzeiro (salários e direitos de imagem), Botafogo (Salários e direitos de imagem), Vasco (salários e direitos de imagem), Fluminense (salários e direito de imagem), Santos (salários e direito de imagem), São Paulo (direito de imagem e premiação), Corinthians (premiação do Paulistão atrasou cinco meses), Chapecoense (direito de imagem) e Goiás (direito de imagem).
Série B. Sport (salários), Coritiba (jogador rescindiu contrato por salários atrasados), Paraná (salários), Ponte Preta (salários), Brasil de Pelotas (salários), Guarani (salários), Vitória (salários), Figueirense (salários) e Vila Nova (salários).
Atualmente, Cruzeiro, Vasco e Botafogo atrasaram os salários dos atletas.
Para bloquear a força das equipes, foi decidido que era necessário um jogador-símbolo da resistência.
E capaz de convencer a omissa CBF a defender os atletas.
Ninguém melhor que o capitão da seleção brasileira de Tite, Daniel Alves.
A Federação Nacional dos Atletas Profissionais o quer participando, convencendo o presidente da CBF, Rogério Caboclo, a fazer da entidade avalista.
Ou seja, se os clubes não pagarem os salários, se a pandemia seguir, a CBF seria obrigada a pagar os atletas.
A entidade que controla o futebol brasileiro tem patrimônio bilionário.
Mas não quer se comprometer financeiramente com esse embate.
Além de líder nato, Daniel Alves é, de maneira literal, o maior interessado nesta questão salarial.
É o jogador que mais recebe na América Latina.
R$ 1,5 milhão a cada 30 dias.
A batalha será dura.
Porque os grandes clubes brasileiros nunca estiveram tão juntos.
A estratégia está sendo amarrar acordos primeiro nos seus estados.
Rio de Janeiro tem Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo fechados.
Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, na capital paulista.
Grêmio e Internacional, em Porto Alegre.
E Cruzeiro e Atlético, em Belo Horizonte.
Haverá uma tentativa de acordo entre clubes e jogadores nesta semana.
Se não houver consenso, os dirigentes garantem que vão impor as férias e a redução de salários.
O acordo é que, quando a primeira equipe anunciar o corte, todas as outras devem seguir no mesmo caminho.
Os atletas estudam o que fazer.
Porque perderam a possibilidade de greve.
Com a pandemia, o futebol já está parado.
O impasse promete ser duro nestes próximos dias.
Daniel Alves terá de ser um 'grande diplomata'.
Para fazer Caboclo voltar atrás.
Porque a CBF quer seguir isenta.
E sem arriscar um centavo do bilionário patrimônio que possui.
Jogadores e clubes que se entendam...
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