São Paulo, Brasil
Camisas do Flamengo não serão toleradas.
Quem estiver vestindo será impedido de entrar no estádio.
Mesmo se for criança, mulher, idosos.
Quem for identificado torcendo pelo clube carioca será retirado da arena.
Simples, intolerante assim.
A defesa do Ministério Público e da Polícia Militar de São Paulo está nas investigações.
Elas apontavam que membros das organizadas de Flamengo e de São Paulo combinavam se apoiar e enfrentar as torcidas do Palmeiras e do Vasco, que estariam juntas neste domingo.
A tendência, para as autoridades, era de um confronto muito sério no domingo,envolvendo a partida Palmeiras e Flamengo.
Daí a exigência feita para a Federação Paulista de Futebol de que houvesse torcida única amanhã, na arena palmeirense.
A FPF repassou a preocupação das autoridades para a CBF.
A responsabilidade por atos violentos, conflitos, brigas, pessoas feridas ou até mortas seria toda da CBF.
O presidente Rogério Caboclo não queria abrir o precedente: torcida única já acontece em clássicos paulistas desde 2016.
Mas não torcida única entre jogos de dois clubes de estados diferentes.
O Flamengo ficou revoltado.
Queria o mesmo direito que foi dado ao Palmeiras no primeiro turno, 10% dos ingressos reservados à torcida adversária, como prevê até o regulamento do Brasileiro, feito pela própria CBF.
Em nota oficial, o clube destacou.
"O artigo 86 do Regimento Geral das Competições de 2019 prevê ao clube visitante direito de adquirir a quantidade máxima de 10% da capacidade permitida ao estádio.
"A não permissão deste direito seria uma grave violação dos direitos dos torcedores e clubes, indo contra a natureza do espetáculo e da competição;
"Não foi respeitado o princípio da reciprocidade: no primeiro turno, o Flamengo garantiu à Sociedade Esportiva Palmeiras a carga de 10% dos ingressos para o jogo no estádio do Maracanã, tendo a Polícia Militar garantido completamente a segurança e integridade física de todas as pessoas envolvidas no evento;
"O MP-SP ou qualquer outro Ministério Público não tem legitimidade para fazer recomendações a entidades privadas. O mesmo deveria ter pleiteado tal cenário junto ao Poder Judiciário. Considerando os fatos supracitados, o Clube irá encaminhar o pedido do MP para a Procuradoria do STJD, para que o órgão adote as medidas cabíveis.
"Se a Polícia Militar não se sente em condições de dar segurança a todos os envolvidos na partida, esta deveria ser realizada em outro local ou com portões fechados."
A direção do Palmeiras lavou as mãos, aceitou passivamente a decisão da CBF. Até porque não quer problemas neste melancólico final de temporada.
O blog percebeu durante a semana o descaso dos próprios clubes com os torcedores.
Telefonei para o Flamengo, para o Palmeiras, para o plano de sócios-torcedores das duas equipes, para a Polícia Militar de São Paulo, para a Federação Paulista.
E até para o Procon.
Não me identifiquei como jornalista, mas como um hipotético torcedor do Flamengo. Para perceber como eles seriam tratados. E foi um show de desinformação, falta de interesse, desprezo até.
De segunda-feira até quinta-feira, só desinformação.
Até que sexta-feira veio a decisão da CBF.
A decisão é mais um atestado público de incompetência dos órgãos de segurança pública paulistas.
Assumem não ter como conter os vândalos das organizadas.
Na semifinal da Libertadores deste ano, havia a denúncia que as organizadas de Grêmio e Flamengo se enfrentariam. Foi feita uma profunda investigação e vândalos foram presos. Não houve qualquer confusão no Maracanã.
A leitura mais profunda é dura: o efetivo policial de São Paulo, estado mais rico da América Latina, e a legislação brasileira são insuficiente diante de criminosos.
E o campeão da América, do Brasil, não pode ter seus torcedores na arena palmeirense.
E a CBF aceita essa situação.
É mais um vexame para o país...
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