Coronavírus liberta Marin da cadeia. Mas não da vergonha
Ex-governador de São Paulo e ex-presidente da CBF deixará a cadeia nos Estados Unidos. Preso por corrupção, solto graças à pandemia de coronavírus
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Pelo menos um brasileiro soube tirar proveito do coronavírus.
O ex-governador de São Paulo e ex-presidente da CBF, José Maria Marin, preso por corrupção nos Estados Unidos.
Seus advogados, regiamente pagos, souberam usar seus 87 anos e a pandemia para convencer a juíza Pamela Chen de sua saúde deteriorada, que traria enorme risco, caso fosse atingido pelo Covid-19.
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Marin é presidiário em Allenwood, na Pensilvânia.
O Departamento de Justiça Norte-Americano e o FBI comprovaram seus delitos, enquanto foi presidente da CBF, entre 2012 e 2015: lavagem de dinheiro, aceitar suborno nas transmissões da Copa América e Libertadores e associação criminosa.
A pena de quatro anos deveria acabar somente em maio de 2021.
Mas o coronavírus antecipou em 14 meses a sua libertação.
Depois de ter sido preso na Suíça e extraditado para os Estados Unidos, em um congresso da Fifa, em 2017, Marin gastou cerca de 15 milhões de dólares, cerca de R$ 76 milhões, para ficar em prisão domiciliar.
Em um dos apartamentos do imponente Trump Tower, em Nova York.
Ele teve de vender uma mansão luxuosa que tinha em São Paulo pelo privilégio.
Até que saiu a sentença em dezembro de 2017.
No período em que cometeu os crimes, Marin tinha como vice Marco Polo del Nero. Ambos acabaram banidos do futebol pela Fifa.
Desde que Marin foi preso, Del Nero nunca mais saiu do Brasil.
Antes da dupla, Ricardo Teixeira também teve de abandonar o cargo de presidente da CBF. Estava sendo investigado pela Polícia Federal por denúncias envolvendo um amistoso da seleção contra Portugal, em Brasília.
Teixeira também acabou banido do futebol, pelo Comitê de Ética da Fifa. A acusação: haver recebido propina.
Advogados de Marin avisam que o ex-governador biônico de São Paulo será solto dentro de alguns dias, a sentença saiu hoje.
E que ele voltará imediatamente ao Brasil.
O ex-dirigente, e ainda presidiário, representa um período negro do futebol deste país.
Sob seu comando, o Brasil organizou a Copa do Mundo com estádios que se transformaram em elefantes brancos. E que muitos, a justiça provou, foram superfaturados.
E que bilhões de dinheiro público acabaram desperdiçados, roubados.
Este é o legado de José Maria Marin.
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