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Coronavírus expõe fragilidade dos árbitros. Sem jogos, sem dinheiro

A situação dos juízes no Brasil é lastimável. Sem jogos,perderam a principal fonte de renda. Não têm vínculo empregatício. Federações e CBF se calam

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Estrelas como Daronco: na mesma situação de novatos. Sem receber nada
Estrelas como Daronco: na mesma situação de novatos. Sem receber nada

São Paulo, Brasil

Árbitro (Fifa e ex-Fifa)

R$ 4.140,00 por partida;

Árbitro (CBF):


R$ 3 mil;

Assistente (Fifa e ex-Fifa)


R$ 2.484,00

Assistente (CBF)


R$ 1,8 mil.

Esses eram os valores pagos para os árbitros nos jogos do Campeonato Brasileiro da Série A, de 2019.

Na Copa do Brasil e nos principais Estaduais de 2020, os valores são muito próximos.

Trabalhando VAR, recebem cerca de 70% do que ganhariam em campo.

Auxiliares, vulgarmente chamados de bandeirinhas, recebem, em média, 60% dos árbitros.

Neste país, os juízes de futebol são autônomos, sem vínculo empregatício com as Federações ou com a CBF.

Recebem por partida trabalhada.

E são obrigados a ter outra profissão, para, na teoria, não depender financeiramente do futebol.

Só que não é o que acontece.

E veio a pandemia do coronavírus para acabar com o teatro.

Sem futebol e sem ter a quem recorrer, a maioria dos árbitros brasileiros está passando por dificuldade financeira.

Por medo de se queimar com os dirigentes das Federações e Confederações, eles não reclamam publicamente. Apenas fazem vazar para os jornalistas esportivos como é terrível o atual momento.

O presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de São Paulo, Aurélio Sant'Anna Martins, decidiu tomar uma atitude drástica.

Enviou um ofício para a Federação Paulista de Futebol, a mais rica do país, deixando claro. Os árbitros que estavam atuando no Campeonato Paulista de 2020 precisam de um aporte financeiro mensal, durante a pandemia.

Se o dinheiro não for pago, o Sindicato pode processar a FPF.

A CBF também não está dando suporte aos árbitros que trabalhavam na Copa do Brasil.

Em todas as Federações do Brasil, a situação se repete.

Os juízes estão esquecidos na pandemia.

É o preço da submissão.

Houve dois projetos para a regulamentação da profissão. Em 1998 e, depois, em 2002.

A ex-presidente Dilma Rousseff aprovou, mas com veto parcial.

A arbitragem é uma profissão.

Mas sem direitos primordias, como vínculo, plano de carreira, aposentadoria.

Na prática, o juiz é um mero trabalhador autônomo, que recebe cachês.

Sem direito, inclusive, a direito de imagem.

O coronavírus atingiu a classe de forma vigorosa.

O presidente da Comissão de Arbitragem, Leonardo Gaciba, se cala sobre o assunto.

Ana Paula. Presidente da Comissão de Arbitragem da FPF. Sem posicionamento
Ana Paula. Presidente da Comissão de Arbitragem da FPF. Sem posicionamento

Assim como a presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Ana Paula de Oliveira.

No dia 15 de março, a Comissão de Arbitragem se posicionou sobre o coronavírus.

Divulgou duas três linhas, no site oficial da CBF.

Prezados Senhores,

A CA-CBF informa a suspensão de audiências públicas programadas no calendário 07_2020.

E foi tudo.

Ou seja, os árbitros estão sem proteção alguma.

Sem perspectivas.

Dos novatos até as estrelas, como Anderson Daronco, que chega a ganhar R$ 50 mil mensais.

Ninguém sabe quando voltará a receber algum dinheiro.

Gaciba. Presidente da Comissão de Arbitragem da CBF. Sem posicionamento
Gaciba. Presidente da Comissão de Arbitragem da CBF. Sem posicionamento

Muitos impedidos também de trabalhar na sua 'segunda profissão', obrigados a seguir a quarentena por conta do coronavírus.

E tendo de se manter fisicamente em casa.

A situação é deplorável.

Pagam o preço da submissão...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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