Corinthians fecha as portas para SAF de Ronaldo Fenômeno. Fracassos no Cruzeiro e no Valladollid, além da ligação com Andrés, pesam contra
O ex-jogador percebeu que sua intenção foi rechaçada no Parque São Jorge. A cúpula do clube e os comandos das organizadas deixaram claro: não aceitariam sua oferta de comprar o futebol do clube

Pouca gente lembra.
Mas a manhã de 3 de fevereiro de 2011 foi terrível para Ronaldo.
Para ele e para Roberto Carlos.
Os dois foram ameaçados por membros das organizadas do Corinnthians.
Eles teriam de ir embora do Parque São Jorge.
Foram xingados, cercados.
Por conta da eliminação do time na noite anterior, da Pré-Libertadores, perdendo por 2 a 0 para o Tolima, em Ibagué, Colômbia.
Foram cobrados de forma violentas porque, fora de forma, estavam se divertindo em seguidas festas. E foram flagrados bebendo e fumando, dias antes do confronto decisivo.
Assustado, lateral Roberto Carlos foi embora sem se despedir.
Viajou para longe. Foi jogar no Anzi, na Rússia.
Ronaldo convocou uma coletiva e alegou hipotiroidismo, disfunção hormonal que provocaria sua gordura. Além de dores nos joelhos e abandonou a carreira.
A modernidade no Corinthians nos últimos 15 anos tem como personagens principais Ronaldo e o então presidente Andrés Sanchez.
O jogador orientava, detalhava a infraestrutura dos clubes europeus e o dirigente seguia suas orientações. Principalmente envolvendo o Real Madrid. Foi assim na construção do CT, na completa reforma do departamento médico. Até palpites na construção da arena de Itaquera, Ronaldo deu.
Longe dos gramados, mas com uma fortuna avaliada em R$ 4 bilhões, ele resolveu investir na gestão de futebol.
Comprou as administrações do Valladolid e do Cruzeiro.
Diante da enorme expectativa que criou, o trabalho de Ronaldo resultou em dois grandes fracassos.
A ponto de sair pressionado, ameaçado, dos dois clubes.
Mas sem reclamar.
Lucrou cerca de R$ 450 milhões em Belo Horizonte.
E R$ 200 milhões no clube espanhol.
Ele queria assumir a CBF, o sonho era antigo, desde que a Copa do Mundo de 2024 foi confirmada por aqui. Era apoiado por Ricardo Teixeira. Com a queda do dirigente, por denúncias de corrupção, feita pela Fifa, Ronaldo se afastou.

Tentou esse ano buscar apoio das Federações. Fracassou de forma impressionante. Não foi nem atendido pela esmagadora maioria dos presidentes.
Desistiu de concorrer.
Mas, incansável, avisou que estaria pronto para assumir uma SAF e controlar o Corinthians.
“Se o Corinthians decidir virar SAF, eu arrumo o dinheiro e embarco. E não vai ser uma surpresa, porque acredito muito enquanto clube, massa social, potencial. Se organizar, o Corinthians é uma máquina.”
A declaração de Ronaldo, ao podcast de Denilson, teve o efeito contrário que esperava.
O presidente Osmar Stabile e sua diretoria ficaram absolutamente contra. Assim como os comandantes das organizadas. Os torcedores têm muita força no Parque São Jorge.

Além de não quererem o Corinthians com um dono, a ligação de Ronaldo com Andrés Sanchez se tornou danosa ao ex-jogador.
O ex-presidente ficou com sua imagem manchada por ter sido flagrado usando o cartão corporativo do clube para gastos pessoais.
Além disso, sua ala política, depois de controlar o clube por 17 anos, naufragou.
Ronaldo recebeu vários recados que nem se atrevesse a seguir dando entrevistas falando sobre levar uma SAF para o Corinthians.
Inteligente que é, ele entendeu a situação.
E voltou atrás.
90 dias depois da entrevista a Denilson, diz que não tem mais interesse em trabalhar com o futebol.
“Não é que mudei de ideia. O torcedor e o associado do Corinthians têm de entender que o melhor caminho para o clube é a criação de uma SAF, é profissionalizar o futebol.
“Essa é a mensagem principal quando eu digo que seria um comprador em potencial. Hoje, a minha vontade é zero em estar dentro do futebol, em investir o meu dinheiro em alguma aventura dentro do futebol.”
Ele deu essa declaração ontem, na inauguração da Casa Ronaldo. Na verdade, transformou a TV Ronaldo, em uma produtora de conteúdos para a Internet.
Ronaldo segue ídolo no Corinthians.
As portas do Parque São Jorge estão abertas para o ex-jogador.
Não para o empresário.
Muito menos para a sua ideia de SAF.
Ainda mais sendo aliado de Andrés Sanchez.
Daí o recuo.
Definitivo?
Nunca se sabe do que Ronaldo é capaz.
Não tem o apelido de Fenômeno à toa...