Corinthians, de Memphis. Prova de fogo para Neymar. Zubeldia salvou o emprego, mas pega o Palmeiras, de Estêvão e a grama sintética
Com a pálida vitória do São Paulo sobre o Novorizontino, 1 a 0, o Campeonato Paulista terá uma semifinal de gigantes, depois de seis anos. O renascido Santos, de Neymar, terá o Corinthians, em Itaquera. E o Palmeiras terá o time de Zubeldia, no Allianz
Cosme Rímoli|Do R7

Neymar terá a prova que queria.
O jogador de 33 anos retornou ao Brasil para provar ao mundo que sua carreira não acabou.
Que merece voltar ao mercado europeu, à Seleção, a fazer do Brasil um dos favoritos à Copa.
Estar pronto para trilhar o caminho de seu amigo íntimo Messi conquistar o Mundial.
Recuperar o respeito como jogador fora de série que é.
Um ano e um mês parado e a dispensa da equipe árabe do Al-Hilal foram duros golpes.
Para isso, o primeiro passo verdadeiro depende de fazer o Santos voltar a ser campeão.
E pior campanha entre os semifinalistas, seu time terá pela frente o Corinthians, o primeiro na classificação geral.
E em Itaquera.
Time de Memphis Depay, 31 anos.
O ídolo holandês que veio recuperar a carreira na América do Sul, no time mais popular de São Paulo.
E sua presença na Seleção Holandesa de Koeman, que saiu de Amsterdã só para vê-lo jogar.
Só um dos dois sobreviverá a este duelo, que levará à final do Paulista.
Neymar está em uma equipe mais limitada e que perdeu o mesmo confronto, há menos de um mês.
Mais do que a derrota por 2 a 1, na noite de 12 de fevereiro, foi em Itaquera que o camisa 10 e capitão santista ouviu, pela primeira vez, a provocação que o persegue.
Ouviu o coro incômodo...
“Bruna Marquezine... Bruna Marquezine... Bruna Marquezine...”
Casado, pai de quatro filhos, de três mulheres diferentes, precisa escutar o nome da ex-namorada global.
Só que o desafio no gramado é muito pior.

O Corinthians, mesmo dividindo sua atenção com a Pré-Libertadores, tem uma equipe com maior repertório.
Memphis tem em Garro, Yuri Alberto e Carrillo como companheiros mortais no ataque.
O time de Ramón Díaz estruturado desde o segundo semestre de 2024.
Entrosado, motivado e querendo recuperar a hegemonia em São Paulo.
Neymar tem Guilherme, na melhor fase da carreira, Tiquinho, lutando para entrar em forma, ainda.
E o instável Soteldo.
Mesmo assim, ele conseguiu marcar três gols, um olímpico, e dar três assistências.
Virou exímio cobrador de faltas e escanteios.
Pedro Caixinha monto seu time, de maneira ofensiva, desde a chegada de Neymar, há cinco partidas.
O desafio é o mais talentoso jogador no país conseguir compensar essa grande desvantagem.
No estádio do inimigo lotado, em plena Itaquera.
Essa será sua difícil prova de fogo.
O Brasil vai parar para ver esse desafio.
E não terá como escapar de acompanhar outro.
O do tricampeão paulista, que gastou R$ 435 milhões em contratações.
Contra o rival que costuma complicar suas trajetórias, mesmo jogando no gramado sintético do Allianz Parque.
O reformulado Palmeiras de Abel Ferreira tem todos os recursos.
Até um que Leila Pereira estava negando há três anos, um artilheiro para usar a camisa nove.
E ele, Vitor Roque, quer convencer o treinador, que apesar de ter chegado ontem, merece participar da semifinal contra o São Paulo.
O Palmeiras, buscando nova identidade em campo, com maior posse de bola no ataque, sem tanta verticalidade, como nos anos anteriores.
Mais cerebral.
Correndo menos e pensando mais.
Para isso, Abel recuou mais Raphael Veiga, para enxergar a movimentação de Estêvão do lado direito e Facundo Torres, do esquerdo.
Com Flaco López fazendo o papel de pivô.
Abrindo espaço para as entradas de surpresa de Richard Ríos.
Com Marcos Rocha e Vanderlan (ou Piquerez) pela esquerda, para triangulações pelo lado de campo.
Martínez entrou muito bem na vaga de Aníbal Moreno, que ainda merece confiança, na proteção da zaga.
Depois de uma péssima trajetória na fase de classificação, quando não foi eliminado pela derrota da Ponte Preta, em Campinas, Abel levou o Paulista a sério.
E colocou seu melhor time em campo.
Foi o grande que despachou, com maior autoridade, o adversário nas quartas, o São Bernardo, dono da segunda melhor campanha.
O renascido Palmeiras ganhou com raiva.
E com o talento incrível de seu adolescente de 17 anos, Estêvão.

Ele busca acabar com o incômodo jejum.
Jamais marcou gols em clássicos.
Mas tem acumulado atuações incríveis.
É nesse time que Vitor Roque quer seu espaço já neste final de semana.
Tem muito mais recursos que Flaco Lópes.
Está no seu auge físico, já que atuava no Bétis.
O tricampeão paulista está motivado por seu inédito tetra.
E terá ao seu lado mais de 45 mil torcedores.
O estádio já será uma dificuldade para o instável, frio e problemático São Paulo.
Luiz Zubeldía já sabe que uma parte da cúpula do clube quer a volta de Fernando Diniz.
Por conta da incapacidade que o treinador argentino tem mostrado para colocar o ‘quarteto mágico’ rendendo, junto em campo.
Oscar, Lucas, Luciano e Calleri são jogadores ofensivos e que a diretoria se orgulha de ter no elenco.
E desejava que atuassem de forma a intimidar os adversários, impondo o talento para o gol, que já demonstraram por anos.
Mas é aí o problema.
Eles são jogadores com mais de 30 anos, sem a força física para mostrarem o mesmo futebol de muitas temporadas atrás.
Zubeldía tentou agradar os dirigentes, sacrificando o time com os quatro atletas lado a lado.
O resultado foi péssimo sem a bola, com o time exposto, com Alisson e Pablo Maia se desdobrando, como maratonistas.
Maia, cumprindo sua missão, marcando, correndo pelos companheiros, rompeu os ligamentos do tornozelo direito.
E só voltará no próximo semestre.
A aposta é em Marcos Antônio, menos veloz e marcador que Pablo Maia.
O time venceu ontem o Novorizontino, já sem Luciano, sacado pelo treinador.
E em uma partida difícil, de um time sem criatividade, mas lutador, veio a classificação veio em um contragolpe, puxado pela velocidade de Lucas, que deu o gol para Calleri.
1 a 0.

O São Paulo mostrou muita garra, vibração pelo menos.
Ferreira, entrou no lugar de Oscar.
E mostrou que hoje é mais útil ao time do que Luciano.
Lucas foi um dos líderes do protesto contra o gramado sintético.
Ele que sonha disputar a Copa do Mundo dos Estados Unidos.
Reclamou publicamente de dores do piso duro do Allianz Parque.
Mas não tem escapatória.
Será lá o confronto decisivo.
Ainda dói em Abel Ferreira as derrotas na final do Paulista de 2021, a eliminação nas quartas da Copa do Brasil, em 2023.
Em fevereiro de 2024, o São Paulo venceu a Supercopa do Brasil.
É um rival que está atravessado na garganta do vencedor treinador português.
Deste duelo sairá um finalista.
E que enfrentará o vencedor de Santos e Corinthians.
Nesta semifinal, há sete títulos mundiais em campo.
Sete!
Só uma pessoa garante que este não é o Estadual mais difícil deste país.
Adenor Bacchi.
Tite.
Treinador que fracassou com a Seleção nas duas últimas Copas do Mundo.
E foi sumariamente demitido do Flamengo.
Mesmo com a faixa de campeão carioca de 2024 no peito...
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