Colocar os garotos de Cotia e aceitar os veteranos. Exigências do São Paulo para Crespo. Técnico aceita, mas quer receber dívida de quatro anos atrás
Direção do São Paulo discute, desde sábado, termos do contrato de Hernán Crespo. Ele precisará fazer o que Luis Zubeldía se recusava. Acordo está mais do que encaminhado

Luis Zubeldía foi demitido na sexta-feira passada.
No sábado, Hernán Crespo já conversava com o presidente do São Paulo, Julio Casares. O dirigente queria o retorno do treinador ao Morumbi o mais rápido possível.
Só que o técnico fez questão de exigir algo que espera desde o dia 13 de outubro de 2021. A quitação de R$ 2,7 milhões, pela demissão sumária do São Paulo.
Nestes últimos quatro dias, os dois conversaram muito.
E Crespo acabou convencido a dividir essa dívida até dezembro de 2026, quando terminará seu contrato.
Só que, em contrapartida, ouviu do presidente as exigências para voltar a comandar o futebol do clube: trabalhar com garotos da categoria de base.
Lançar jovens talentos, sem medo. E também encontrar meios para que os veteranos, como Lucas, Oscar, Calleri, Luiz Gustavo, possam render.
Ou seja, fazer tudo o que Zubeldía se recusava, buscando resultados. O clube deve cerca de R$ 1 bilhão e precisa vender atletas, missão tão importante quanto ganhar títulos, para a atual diretoria.
Crespo aceitou.
Desde que tenha a certeza absoluta de receber o que o São Paulo deve há quatro anos. O acordo está mais do que encaminhado. Ele deve ser anunciado como treinador nas próximas horas.
Outro item muito importante é a maior troca de ideias, planejamento claro, discutido com a direção, com os membros efetivos do futebol do São Paulo: Muricy Ramalho e Milton Cruz.
Os dois acabaram afastados das principais decisões de Luis Zubeldía, que era algo que Casares passou a não tolerar com o treinador demitido.
O departamento de futebol se tornou algo à parte, absolutamente independente.
E voltado, de forma quase obsessiva, para as Copas.
Priorizando a Libertadores e Copa do Brasil.
Esquecendo perigosamente o Brasileiro.
Outro motivo de queixas era o distanciamento dos jogadores. A proximidade do início de seu trabalho havia acabado. De maneira fria, hierárquica, ele foi se afastando do grupo.
Não tinha mais o apoio generalizado.
Diante da forte concorrência de clubes com maior poderio econômico, como Palmeiras, Flamengo e Atlético Mineiro, a direção sabe que será muito difícil a conquista de título em 2025.

O time vai lutar, principalmente, nas Copas, nos confrontos eliminatórios. Mas o clube tem como meta garantir uma vaga para a Libertadores de 2026. E por isso não podia seguir desperdiçando pontos como estava acontecendo.
Ganhar 12 pontos em 36 possíveis no Brasileiro, ficar a um da zona do rebaixamento, foi algo inaceitável no Morumbi.
Casares suportou até não aguentar mais a pressão de conselheiros e de chefes das organizadas para a saída de Zubeldía.
Até que percebeu que os jogadores não respondiam em campo ao combinado antes das partidas. Estavam inseguros, tensos.
Foi quando o presidente cedeu.
E escolheu um técnico que aceite muito mais a maneira de o São Paulo trabalhar.
Como os dirigentes sabendo de cada decisão do treinador.
Hernán Crespo topou.
Só quer ter a certeza que receberá o combinado.
Algo que não aconteceu em 2021...