Ceni estava certo. Time envelhecido e acomodado derrubou o Cruzeiro
Zezé Perrella e Adilson Batista não tiveram coragem de enfrentar o elenco. Ceni anteviu o que aconteceria no Cruzeiro. Mas foi despachado pela diretoria
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Eu não nasci para perder.
"Se eu continuar aqui, haverá uma mudança radical.
"O treinador é uma peça às vezes importante no dia a dia.
"Mas sem a vontade de execução dentro do campo...
"Não há treinador que resista...
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Frases de Rogério Ceni sobre o Cruzeiro.
As duas primeiras sacramentaram sua saída do clube.
Foram ditas logo após a goleada por 4 a 1 para o Grêmio.
Ele teve a coragem de desafiar, contestar, avisar o grupo envelhecido, acomodado, mas muito bem recompensado que ele seria desfeito em 2020.
Ceni cometeu, por inexperiência, o desatino de deixar claro que jogadores como Fred, Thiago Neves, Egidio, Edilson, Léo, Henrique não seguiriam mais na Toca da Raposa na próxima temporada.
Já mostravam não ter mais força física, mobilidade, explosão muscular. O que só facilitava
Houve um levante contra o técnico.
E Itair Machado, que mandava no futebol, escolheu o lado dos jogadores.
Despachou Ceni.
Depois de apenas oito partidas.
Contratou Abel Braga.
E Itair também foi despachado.
Para evitar o impeachment do incompetente Wagner Pires de Sá, Zezé Perrella assumiu o futebol.
Abel decidiu repartir o comando do Cruzeiro com os veteranos.
Suportou apenas 14 jogos.
Foi demitido sumariamente.
Zezé Perrella decidiu apostar tudo em Adilson Batista.
E o novo técnico tratou de fazer novo pacto com os veteranos.
Vieram as três derrotas seguidas.
O rebaixamento.
A imprensa mineira não perdoa a inédita queda para a Série B.
E os repórteres que conviveram com os bastidores do clube em 2019, confirmam que Rogério Ceni esteve sempre certo.
O Cruzeiro virou um time dominado por veteranos.
Muito bem pagos.
Como Fred e seus R$ 900 mil mensais.
Thiago Neves não fica atrás.
R$ 700 mil mais R$ 200 mil em bônus.
Ou seja, R$ 900 mil a cada 30 dias.
A ordem era subvertida.
Os atletas se impunham aos dirigentes.
Os treinos e os jogos mostravam o quanto Rogério Ceni estava certo.
Sobrava pose e faltava futebol.
A apatia e a acomodação dos veteranos nas derrotas foram impressionantes.
Mesmo na queda, hoje.
Thiago Neves está afastado.
Fred não quis falar uma palavra.
Zezé Perrella deixou o Cruzeiro em 2011.
Tinha 17 anos de poder e 22 títulos.
Foi ser senador da República.
Oito anos é tempo demais no futebol.
Ao retomar o comando do time, Zezé não enxergou o quanto Ceni estava certo.
Não teve como enfrentar um grupo mimado, acomodado nos seus altos salários.
Que fez questão de fazer festas particulares, mesmo como clube caminhando para a Segunda Divisão.
O rebaixamento mostrou que apenas ter jogador famoso, enriquecido e sem comprometimento real com o clube só pode terminar mal.
Era o que Rogério Ceni tentou gritar.
Mas para dirigentes que estavam mais preocupados com a Polícia Federal do que com o clube.
E sem coragem de enfrentar, afastar as envelhecidas estrelas do time.
E veio a Segunda Divisão.
Agora, Zezé Perrella e Adilson Batista falam em reformulação do elenco.
Rejuvenescimento.
Algo que Ceni implorou.
Não foi ouvido.
E o Cruzeiro descobrirá o amargor da Série B.
Um gigante caído.
Por pura covardia e incompetência dos dirigentes...
Tensão e violência no Mineirão marcam o rebaixamento do Cruzeiro
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