Ceder a 10 da Seleção para Neymar. Feriu de morte a imagem de Oscar
Meia perdeu a camisa dada ao craque do Brasil quando Neymar pediu, antes da Copa das Confederações 2013. Felipão aceitou. Sem discutir
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Ontem (sábado), quando tínhamos que inscrever os atletas, perguntamos aos jogadores qual camisa queriam. Cada um colocaria o número que quisesse. A 11 é a que ele vinha jogando, mas pediu a 10. Ponto."
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A declaração, do dia 2 de junho de 2013, foi de Felipão.
Às vésperas do início da Copa das Confederações, Neymar não teve meias palavras.
Quis a camisa 10 que era de Oscar.
Felipão nem consultou o meia.
Deu para o então atacante do Barcelona.
Não quis contrariar o melhor talento brasileiro.
"Não conversamos antes. Não significa nada. Com o próprio Felipão joguei com a 7, com a 10, não significa nada. Lógico que vestir a 10 é histórico, legal, mas estou com a 11, que também tem história, assim como a 9. Ser titular da Seleção é um sonho e estou muito feliz", disse Oscar, evitando polêmicas.
Mas por trás da resposta politicamente correta havia a clara decepção. Ele dizia que um dos maiores orgulhos era vestir a camisa 10 da Seleção Brasileira.
A conversa que Felipão não teve com ele sobre a camisa também o magoou, confirmam pessoas próximas a Oscar. Mas ele decidiu relevar.
Só que percebeu que sua importância na Seleção Brasileira não era fundamental quanto imaginava.
E, paulatinamente, foi perdendo relevância para Felipão, para o grupo.
Algo bem diferente do Mundial sub-17 de Madrid, em 2008, quando foi escolhido o melhor jogador do torneio.
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Muitos observadores da categoria de base acreditavam que ele tinha o mesmo potencial de Neymar.
Mas as personalidades dos dois são opostas.
Oscar é o típico jogador que precisa se sentir valorizado para render.
No São Paulo e no Internacional já era assim.
O rendimento de Oscar na Seleção nunca mais foi o mesmo depois do episódio da perda da camisa 10 para Neymar.
Ele seguiu sua carreira no Chelsea.
Foi importante, fundamental por um período.
Seu choque de realidade aconteceu também por uma camisa. Quando foi obrigado a dar a 11, que adotara como sua, para Drogba, em 2014. Oscar passou a atuar com a 8.
Roberto Di Matteo foi o treinador que pediu sua contratação. Perdeu um pouco de espaço com Rafa Benitez. Mais com José Mourinho, Guus Hiddink. O ponto final foi com Antonio Conte, que liberou sua venda para o Shanghai SIPG Football Club, em dezembro de 2016.
A quantia foi fabulosa. € 60 milhões de euros (cerca de R$ 212 milhões, na época).
Ele tinha 25 anos, no auge do seu estado atlético.
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Mas quis saber da independência financeira sua e de seus bisnetos.
Oscar está milionário.
Acabou esquecido por Tite, pela Seleção Brasileira.
Não tem um grande defensor na CBF.
Para quem não se lembra, Oscar disputou a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Foi até bem.
Acabou na Seleção da Fifa naquela competição.
Marcou o gol de honra contra a Alemanha, nos 7 a 1.
Só que acabou queimado com o retumbante fracasso.
A personalidade arredia, pacata, acabou por rotulá-lo como jogador sem competitividade.
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Aos 27 anos segue esquecido por Tite.
Desde 2014, ele só teve duas convocações.
"Depois que o Tite assumiu, eu fui chamado em uma convocação, e já conversei com ele e com o pessoal da comissão técnica. Não fiquei chateado. Cada um tem seu momento. Acho que os jogadores que foram, eram os que o Tite achou que estavam melhores condições que eu e temos que respeitar as opções do treinador da Seleção, já que temos muitos jogadores de qualidade.
Em 2016, quando estava no Chelsea, fui na segunda convocação feita por ele para dois jogos, não cheguei a jogar, mas fiquei feliz de ter ido e conhecido ele melhor. Espero ter mais oportunidades de voltar mais para frente ", disse em entrevista ao Lance!
A verdade é que Oscar foi deixado de lado por conta do seu comportamento tranquilo demais, dentro e fora dos gramados. A impassividade nas derrotas, principalmente no 7 a 1 para a Alemanha, quando o Brasil estava aberto, pessimamente escalado por Scolari, passou desapercebido por muitos. Mas não a frieza de Oscar, que foi associada com indiferença. Mesmo dentro da CBF.
Seu prestígio começou a despencar na imprensa, do lado de fora do campo, quando cedeu a camisa 10 do Brasil para Neymar.
A verdade é que a falta de liderança, de autoestima de Oscar acabou por prejudicar seriamente sua imagem.
Ele enriquece, se diverte na China.
Mas teria condições de estar em um grande europeu.
E seguir até como titular da Seleção Brasileira.
Só que para tudo isso não basta apenas jogar.
É preciso se impor.
Oscar é pacato demais para seu talento...
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