CBF imita Flamengo. Acaba com a farra da Globo
A CBF contrata executivo da Fox Sports, para se livrar de vez da dependência da emissora carioca. Assumir de vez a Seleção e seus campeonatos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Mais uma péssima notícia para a Globo.
Além do Flamengo, outro velho aliado decidiu ter mais independência em relação às transmissões esportivas.
A CBF.
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Desde que a emissora carioca não apoiou o ex-presidente Marco Polo del Nero, no seu lento processo de banimento, passou a se posicionar de maneira diferente.
Acabou a parceria absoluta.
O primeiro alvo foi a Seleção Brasileira.
A Globo teve acesso nunca visto em uma Copa do Mundo, em 2014.
A mando do então presidente José Maria Marin e do seu vice, àquela altura, del Nero, todas as portas foram abertas.
Luiz Felipe Scolari teve de permitir todos os seus treinos transmitidos ao vivo, até os 7 a 1 para a Alemanha. Não havia segredo algum escondido dos germânico.
Duas cenas lastimáveis.
Luciano Huck invadindo o gramado, depois de os jogadores estarem aquecidos para um treinamento importante. O apresentador estava acompanhado com um deficiente, de história pessoal terrível.
Huck acabou com a preparação física e psicológica dos atletas, que estavam focados no treino.
Depois, o cantor Mumuzinho, que trabalhava como 'repórter' do extinto programa "Esquenta", invadiu o campo no primeiro coletivo da Seleção.
Motivo?
Abraçar Neymar, que se preparava para cobrar um escanteio.
Felipão assistiu a tudo envergonhado, sem poder fazer nada.
2014 conseguiu ser pior do que em 2002, quando a apresentadora Fátima Bernardes transmitiu ao vivo os jogadores sambando, no ônibus da Seleção, comemorando o penta.
A parceria esfriou com a aposentadoria precoce de Marcelo Campos Pinto, que intermediava as negociações entre a emissora e a CBF, Conmebol e Fifa, no final de 2015.
O privilégio acabou com a Globo indo contra Del Nero, no caminho do seu banimento.
A reação de Rogério Caboclo, sucessor e apadrinhado de Del Nero, foi investir na CBF TV. De nada adiantou a emissora aberta, que sempre desfrutou do monopólio do futebol no país, envolver cerca de 400 profisssionais na cobertura da Copa da Rússia.
A CBF não permitiu entrevistas exclusivas.
A Globo teve os mesmos 15 minutos de treinos que as demais concorrentes do mundo todo. Falar com os atletas, só na zona mista, com outras emissoras ao mesmo tempo.
Neymar não parou para falar com a Globo uma vez sequer na zona mista.
Enquanto isso, a CBF TV fez os treinos completos, mostrou depoimentos de todos os atletas e membros da Comissão Técnica.
Principalmente de Neymar.
Filmou com exclusividade imagens da delegação nos mais variados momentos. Chegando às cidades russas, comemorando vitórias, preleções do Tite, até a eliminação para a Bélgica, nas quartas-de-final.
"Na próxima Copa do Mundo, a Globo não vai mandar nem um terço dos profissionais que estão na Rússia", me confidenciou um dos repórteres principais da emissora carioca. Me disse em Sochi, profundamente frustrado.
Sem saída, e com os profissionais já na Europa, a cobertura da Copa do Mundo de 2018 virou para a emissora carioca, um enorme "Globo Repórter".
Com a exibição de pontos turísticos, museus, gastronomia, detalhes da vida na Rússia.
Desde então, a postura da CBF em relação à emissora tem sido absolutamente profissional.
E vai ficar mais ainda distante.
O executivo Eduardo Zebini, deixou ontem, o comando da Fox Sports.
Ele era vice-presidente sênior e chefe de conteúdo.
Com ótimo trânsito nos bastidores, e sem medo da Globo, conseguiu levar para a emissora a cabo, a Libertadores. Com jogos exclusivos do Flamengo, Corinthians, Palmeiras. Acabando com o monopólio da Sportv, que pertence à Globo.
Também foi peça importante para que a emissora carioca não tivesse a Olimpíada de 2012, mostrada com exclusividade, pela Record TV.
O motivo da saída de Zebini vai muito além da fusão com a ESPN-Brasil, que deverá ser autorizada pelo Cade.
Ele teve um convite especial e deve aceitar.
Trabalhar na coordenação das transmissões de competições, jogos, treinos. Tudo envolvendo a Seleção Brasileira.
Com a CBF gerando as imagens, para ter mais lucro, e vendê-las para o mundo.
A entidade vinha ensaiando dar esse passo decisivo.
Antes, vendia o direito para emissoras, como a Globo, transmitir e gerar os jogos.
Isso acabará.
Zebini deverá ainda participar das decisões em relação aos direitos do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Supercopa do Brasil.
O executivo tem a missão de deixar a CBF independente de vez da emissora.
A parceria pode até continuar.
Não, a dependência.
Flamengo e CBF perceberam.
Há vida, e muito boa, sem a Globo...
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