Cavani vai embora. Se cansou do egoísmo de Neymar
O uruguaio não seguirá no PSG. Cansou de humilhações
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

A notícia que a Juventus quer contratar Cavani, no meio do ano é importante. Porém, muito mais é a confirmação que o jornal italiano que o uruguaio decidiu sair do PSG. Não quer mais jogar no clube francês. Nem mesmo se a equipe conseguir o inédito título da Champions League. Não ficaria para a disputa do Mundial, em dezembro.
Cavani se cansou de Neymar.
A imprensa uruguaia não cansa de repetir nas influentes rádios, nas emissoras de tevê e nos jornais, o quanto Neymar tem desrespeitado "El Matador". Sim, eles adoram apelidar jogadores. Os jornalistas não entendem como a direção do PSG, tem aceitado de forma omissa, Neymar humilhar o maior artilheiro da história do clube francês, ao lado de Ibrahimovic.
A gota d'água foi o pênalti contra o fraquíssimo Dijon, na quarta feira, em Paris. O placar já estava 7 a 0. O uruguaio já havia feito um gol na partida. Neymar, três. Bastaria mais um gol e Cavani chegaria a 157 gols, se tornando o maior artilheiro da história do PSG. Quem estava no estádio testemunharia um feito histórico.
E Cavani é derrubado por Yambere.
O estádio inteiro acreditou. O recorde seria batido. No palco ideal, no estádio dos Príncipes, casa do PSG. Diante de sua torcida. O uruguaio teria a saudação que fez por merecer.
E ninguém poderia alegar desconhecimento. A imprensa francesa destacou muito esta possibilidade antes do jogo. Todos sabiam que bastariam dois gols para o atacante.
Neymar já havia feito três gols, mais do que isso, dado nove chutes à meta. Dado duas assistências que se transformaram em gols. Já teria direito à nota 10 que o rigoroso L'Equipe lhe deu após o jogo. Mas, eis que o brasileiro conseguiu ganhar o papel de vilão.

Diante dos 48 mil torcedores que lotavam a arena, Neymar pegou a bola e foi para a cobrança do pênalti. As vaias tomaram conta das arquibancadas. Ele se fez de surdo. Bateu o pênalti mais desnecessário de sua carreira. Fez 8 a 0. E sabotou a festa do companheiro, do time, dos torcedores.
A cena é tão marcante que, nos melhores momentos do jogo, editado por canais brasileiros, as vaias foram retiradas para não desagradar Neymar. Um fato importantíssimo foi manipulado e não estará registrado na história. Vergonhoso. O que ficará registrado na Internet será a partida fantástica do brasileiro. Não seu egoísmo.
Mas nem os mais competentes editores seriam capazes se manipular a saída do campo de Neymar. Ele com a bola do jogo, costume francês para quem marca três ou mais gols em uma mesma partida. E um troféu pelo excepcional desempenho. Se ele quisesse, deixaria a bola no chão, acenaria aos torcedores e iria embora. Não quis. Era seu troco por ter sido vaiado.
A idolatria de Cavani no PSG não nasceu em agosto de 2017. Não são apenas seis meses. O uruguaio chegou ao clube em julho de 2013. Depois de uma longa transação com o Napoli. Foi a quinta transação mais cara do futebol mundial. 62 milhões de euros, R$ 243 milhões atuais. A identificação foi perfeita com o clube.
Conseguiu ir além do midiático Ibrahimovic. Porque o sueco jogava claramente para ele, não para o time. Não tinha a habilidade, o talento, a mobilidade de Neymar. Mas também queria ser a estrela máxima da equipe. Enquanto o uruguaio, com menor potencial, jogava para o time.

Só que Ibrahimovic não contava com uma legião de suecos para ajudar a que se impusesse no PSG. Tudo que Neymar faz, certo ou errado, tem o apoio cúmplice de Daniel Alves, Thiago Silva, Marquinhos e mesmo do reserva Lucas Moura. O brasileiro também cooptou o francês Mbappé. O uruguaio está isolado.
A revolta de Neymar com a imprensa francesa tem nome: L'Equipe. O tradicional e respeitado jornal tem fontes cultivadas há décadas no PSG. Funcionários, dirigentes, membros da Comissão Técnica. Tudo o que acontece nos treinamentos fechados é passado diariamente ao jornal.
Até a ironia da legião tupiniquim e agregados à falta de habilidade de Cavani. Situação que racha o grupo. Não permite a comunhão, a união verdadeira.
O péssimo ambiente que o brasileiro levou ao PSG, apesar de todo seu talento, é relatado. Sem direito a desmentidos, porque o que é publicado é verdadeiro. O técnico Unai Emery adota uma postura apalermada porque se preocupa em manter seu salário de cinco milhões de euros por ano, R$ 19,6 milhões a cada doze meses. Unai sabe que Neymar está completamente errado. Mas não vai brigar com um dos melhores jogadores do mundo. Que é egocêntrico e protegido pelo bilionário Nasser Al-Khelaifi, dono do PSG.
A única saída para Cavani é o aeroporto. Dar o máximo na Champions e no Campeonato Francês, superar o recorde de Ibrahimovic, e ir embora. Para a Juventus ou qualquer outro clube importante europeu. Ele tem mercado aberto.

Nasser Al-Khelaifi quer Neymar, no mínimo para a Copa do Mundo no seu país, em 2022, no Catar. E para isso se livrará de Cavani. E tentará buscar Cristiano Ronaldo. Não deixará que os torcedores sintam falta do uruguaio.
Quanto ao comportamento de Neymar, nenhuma cobrança, reprimenda. O seu talento cala a todos. Principalmente aqueles que não querem enxergar, como Al-Kheaifi.
O que custaria deixar Cavani quebrar o recorde de Ibrahimovic?
Se o brasileiro desse a bola ao uruguaio, seria aplaudido de pé.
Foi egoísta e ganhou as vaias e a edição manipuladora nacional da situação.
O próximo jogo do PSG será em Lyon.
Se Cavani quebrar o recorde lá, diante da torcida adversária, não será a mesma coisa.
Neymar já tomou do uruguaio as faltas e os pênaltis.
E a alegria de jogar no PSG.
Por isso, já prepara as malas.
Deixará o clube para Neymar exerça seu reinado sem ser incomodado...