Cancelamento de série na Globo ajudou na volta do goleiro Bruno
Bruno acaba de assinar contrato com clube da Terceira Divisão do Rio. Mesmo cumprindo pena pelo assassinato de Eliza Samudio
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O futebol brasileiro perdoou de vez Bruno.
Ele foi condenado a 22 anos e dez meses de prisão, pelo planejamento do assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, mãe do seu filho Bruninho, em 2010.
Está cumprindo a sentença em regime semiaberto, desde julho de 2019.
Foi assim que voltou ao futebol, defendendo o Rio Branco, do Acre, em 2020.
Apesar da pressão nas redes sociais, assinou contrato de seis meses.
Atuou por 18 partidas.
"Todos nós erramos. Ele também errou. Foi julgado. Condenado. Mas a lei o colocou fora da prisão, com a possibilidade de jogar. Demos essa chance a ele", disse o presidente do Rio Branco, Neto Alencar.
O dirigente queria, e conseguiu, fazer seu clube ser falado em todo o país.
Conseguiu.
E dispensou o goleiro após a eliminação da Série D do Brasileiro.
Mas Bruno queria voos maiores do que jogar na quarta divisão do Campeonato Brasileiro. No Acre.
Ele buscou centros maiores.
A previsão de começar o torneio é julho.
Antes de Bruno, o Atlético Carioca ganhou notoriedade em janeiro de 2020.
Por dirigentes da equipe de São Gonçalo estarem envolvidos em esquema de manipulação de resultados.
Eles foram punidos e multados.
A contratação de Bruno foi anunciada com entusiasmo nas redes sociais.
"A espera acabou, bem vindo paredão! Com passagens por Atletico-MG e Flamengo, Bruno Fernandes é o primeiro reforço do Atlético Carioca para disputa do Cariocao Série C 2021", publicou o clube.
Ainda não houve reação contrária a contratação de Bruno.
Nada de ameaças de grupos feministas.
Patrocinadores.
A vida do goleiro ficou mais tranquila no final de março de 2020.
Quando a TV Globo desistiu de produzir uma série inspirada no livro "Indefensável – O Goleiro Bruno e a História de Morte de Eliza Samúdio".
A emissora carioca comprou os direitos da obra escrita por Leslie Barreira Leitão, Paula Sarapu e Paulo Carvalho.
Houve grande reação dentro da emissora contra a série.
A começar pela escritora Gloria Perez, que teve sua filha assassinada, a atriz Daniela Perez, em 1992.
A violência da morte de Eliza Samudio e a liberdade de Bruno poderiam ser interpretados como apologia ao crime.
E a Globo desistiu da série.
O efeito colateral inesperado é a volta de Bruno ao futebol.
"Se as pessoas soubessem tudo o que ele fez, jamais o aceitariam de volta em um campo de futebol", diz Sonia Silva Moraes, mãe de Eliza...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.