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Cosme Rímoli - Blogs

Briga coloca em risco parceria entre Palmeiras e Crefisa

O rompimento entre Mustafá e Leila faz COF pressionar Galiotte. Conselheiros querem mudança no acordo com a bilionária patrocinadora

Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

Rompimento entre Mustafá e Leila abala o Palmeiras
Rompimento entre Mustafá e Leila abala o Palmeiras

Desde 2015, Leila Pereira se tornou um dos personagens com maior visibilidade na mídia esportiva. Esposa de José Roberto Lamacchia. O casal é dono de um patrimônio de cerca de R$ 4 bilhões. A pedido de Lamacchia, a Crefisa, principal empresa da dupla, passou a investir no Palmeiras.

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Nos últimos três anos, nenhuma empresa da América do Sul colocou tanto dinheiro em um clube de futebol. Foram mais de R$ 300 milhões. O que possibilitou uma revolução no futebol.

Além do que é mais explícito, formação de grandes times, com jogadores caríssimos como Lucas Lima, Borja, Dudu, Guerra, Bruno Henrique, Deyverson, Luan, Lucas Barrios. 

Além de comprar, paga salários, luvas, comissões a empresários.


Bancou a reforma do Centro de Treinamento e o departamento médico, os adequou ao que existe de melhor nos maiores clubes do mundo.

E ainda há o patrocínio que cresceu assustadoramente. Em 2015 era de R$ 23 milhões pela camisa. Em 2016, passou a ser de R$ 66 milhões por todo o uniforme. Em 2017 passou a ser de R$ 72 milhões. Este ano, R$ 78 milhões. Mas, com a promessa de bônus. Se o Palmeiras conquistar os títulos que disputa, poderá ganhar até R$ 90 milhões da Crefisa.


Desde a chegada do bilionário patrocinador, o clube parou de flertar com o rebaixamento, depois de duas visitas à Segunda Divisão, em 2002 e 2012. Venceu a Copa do Brasil em 2015. Conquistou o Brasileiro, depois de um jejum de 22 anos, em 2016. Foi vice campeão brasileiro em 2017.

Mas apesar de todo o sucesso da parceria, o Conselho de Orientação Fiscal do Palmeiras decidiu questionar e até ameaça o presidente Maurício Galiotte de destituição, por causa do contrato com a Crefisa.


O motivo foi a alteração profunda na relação entre o clube e a empresa. A Receita Federal decidiu transformar o que parecia um gesto de mecenas, o repasse de dinheiro da Crefisa para a contratação de jogadores. No balanço da firma, o dinheiro era lançado como 'despesa'. Mas como o acordo com o Palmeiras reza que, em caso de venda do atleta, o dinheiro seria devolvido, auditores classificaram a operação como empréstimo. 

E aplicaram uma multa de mais de R$ 45 milhões à Crefisa.

O Palmeiras não aproveitou todo o dinheiro que a Parmalat oferecia
O Palmeiras não aproveitou todo o dinheiro que a Parmalat oferecia

Galiotte, para seguir com a ligação com a empresa, teve de assumir como empréstimos os R$ 120 milhões gastos nos jogadores mais recentes contratados pela Crefisa. Luan (R$ 10 milhões), Fabiano (R$ 6,7 milhões), Bruno Henrique (R$ 14 milhões), Guerra (R$ 10 milhões), Thiago Santos (R$ 1 milhão), Borja (R$ 33 milhões), Deyverson (R$ 18 milhões), Dudu (R$ 10 milhões) e Lucas Lima (R$ 17,5 milhões). O valor total é R$ 120,2 milhões. Todos estes contratos já estão nos novos moldes.

O anúncio da mudança foi feito em janeiro deste ano.

Galiotte disse que não haveria problemas para o clube pagar. Já que em 2017, o Palmeiras teve uma arredação recorde, mais de R$ 521 milhões. Graças aos jogos na arena, transmissão da televisão, plano do sócio-torcedor, venda de atletas e patrocínio da própria Crefisa.

Mas acontece que Leila Pereira rompeu publicamente com quem a tornou poderosa, influente politicamente no Palmeiras. Até mesmo possibilitou sua entrada como conselheira do clube. O ex-presidente Mustafá Contursi jurou publicamente que deu para a carioca um título de sócia em 1996 e não em 2015, como foi divulgado, o que impediria que ela se tornasse conselheira.

Ele domina politicamente o clube há mais de 30 anos.

Mustafá inclusive virou as costas para o ex-presidente Paulo Nobre, a quem chamava de 'filho' para apoiar Leila.

Mustafá virou as costas para Paulo Nobre para apoiar Leila Pereira
Mustafá virou as costas para Paulo Nobre para apoiar Leila Pereira

Mas ambos romperam depois de um escândalo em 2017. Quando ingressos que a Crefisa ganhava e repassava a Mustafá foram parar nas mãos de membros das organizadas do Palmeiras, que os estariam vendendo.

Desde então, os dois não se falam.

Mustafá segue muito influente no Palmeiras. Principalmente no Conselho de Orientação Fiscal. E foi justamente o COF que decidiu cobrar Galiotte por haver assumido a dívida de R$ 120 milhões sem ter consultado os conselheiros. Ter decidido sozinho a mudança na relação.

Agora, caso o clube venda um jogador pelo mesmo preço pago pela financiadora, o valor será dado para a Crefisa e o empréstimo, pago. Se for por menos, terá de pagar em até dois anos a diferença. Se vender por mais, o dinheiro será para compensar os outros atletas adquiridos.

Além disso, de acordo com conselheiros, Galiotte fechou esse acordo com a Crefisa no dia 26 de dezembro de 2017. E R$ 120 milhões teriam de ser descontados dos anunciados R$ 531 milhões de arrecadação recorde.

Leila Pereira ao saber da forte cobrança dos conselheiros ao presidente decidiu agir. Mandou uma carta pedindo para ter o direito de explicar como ficou a relação entre a financeira e o Palmeiras. Até porque foi eleita conselheira. Por enquanto, não obteve resposta.

Na prática, Galiotte segue muito forte e não corre o risco extremo de ter seu mandato cassado pelo COF.

Isso não acontecerá.

Mas o desgaste público já foi atingido.

O salto financeiro que o Palmeiras deu nestes três anos foi incrível.

Palmeiras campeão brasileiro depois de 22 anos. Patrocínio foi fundamental
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O retorno publicitário para a Crefisa foi espetacular.

Mesmo com a Receita Federal acabando com a 'doação' de jogadores da empresa ao clube, o acordo de patrocínio segue sendo o melhor da América do Sul. 

Proporcionou, por exemplo, um excelente acordo com a Puma.

O Palmeiras lidera a luta contra a Globo por maiores cotas.

Está na final do Campeonato Paulista.

E tem elenco para disputar o título da Libertadores.

O estatuto do clube deve ser respeitado.

Galiotte tem a obrigação de se explicar.

O clube não é dele.

Mas os membros do COF não podem ser radicais.

E muito menos usados para atingir Leila.

Se a relação ficou ruim, exigir que melhore.

Mas a atacar é irracional.

O Palmeiras não pode ser seu maior inimigo.

Nem se sabotar.

Travar seu caminho para ser um dos maiores da América Latina.

Mustafá já não soube aproveitar o dinheiro que chegou da Parmalat.

Agora não tem o direito de implodir a relação com a Crefisa.

Passou da hora de conselheiros deixarem de ser amadores.

Provincianos.

Saber separar a ilegalidade de mera vingança mesquinha...

A Crefisa já colocou mais de R$ 300 milhões no Palmeiras em três anos
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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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