Brasil sofre contra a fraca República Tcheca. 3 a 1 preocupante
Seleção fez o pior primeiro tempo desde que Tite assumiu, em 2016. Não deu um chute ao gol. Perdia por 1 a 0. Mudanças e cansaço tcheco viraram o jogo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A Seleção sofreu diante da fraquíssima República Tcheca, que havia perdido para a Inglaterra, na sexta-feira passada, por 5 a 0.
Ajudado por uma falha infantil de Selassie e pelo cansaço do time europeu, o Brasil virou o jogo e ganhou por 3 a 1, em Praga.
Gabriel Jesus marcou dois gols e Firmino fez o primeiro.
Os gols brasileiros saíram no segundo tempo, quando o esquema foi mais ofensivo.
As entradas de Everton e David Neres foram fundamentais para acabar com a apatia, com a previsibilidade do time de Tite.
O cansaço tcheco e as seis mudanças acabaram facilitando as coisas.
Gabriel Jesus voltou a marcar dois gols fáceis.
Ótimo para recuperar a confiança.
A vitória alivia a pressão sobre Tite e seus jogadores.
A partida foi a última antes da convocação final para a Copa América, dia 17 de maio.
Depois do empate contra Panamá, a vitória pesa, o resultado positivo.
Mas o Brasil seguiu decepcionante.
"Não é fácil quando há muitas mudanças. Temos de passar por cima por falta de entrosamento. Afinal, somos a Seleção Brasileira", dizia Gabriel Jesus, sem a mesma alegria de antes da Copa.
Ele sabe que ainda segue muito criticado.
Os dois gols que marcou hoje foram muito fáceis, o primeiro sem goleiro, inclusive.
Tudo começou complicado demais.
Foi o pior primeiro tempo da Seleção desde que Tite assumiu.
Equipe sem objetividade alguma.
Com saída de bola lenta, sem confiança.
Casemiro e Allan não funcionou.
Por conta da escalação do volante do Napoli, o treinador brasileiro cometeu um erro básico. Travou Danilo e Alex Sandro. Os laterais atuavam como nos anos 70, apenas no campo defensivo. O que sacrificava demais Richarlison e Phellipe Coutinho, abertos na direita e na esquerda. Não havia com quem triangular. O que facilitava o trabalho da zaga tcheca.
Roberto Firmino estava completamente isolado no ataque, de costas para o gol. Tite deve estar saudosista. A função tática do atacante do Liverpool era igual a de um centroavante dos anos 60. E que violentava completamente a maneira de Firmino atuar. Incompreensível.
Ruim também para Lucas Paquetá, completamente perdido no meio. Não sabia se atacava ou atuava como mais um volante na intermediária. Estava mal orientado, inseguro, tenso.
As críticas à Seleção, que apenas empatou com o Panamá, chegaram aos ouvidos dos jogadores. Eles transpiravam falta de confiança.
Aos poucos, a República Tcheca de Jaroslav Silhavy foi perdendo o medo. Via na prática que a Seleção Brasileira não era um time a se temer.
E seus jogadores abandonaram o 4-5-1. E passaram a atacar, apelando em bloco, mantendo o desenho tático do 4-2-3-1.
Foram muito melhor nos primeiros 45 minutos.
E marcaram seu justo gol, quando aos 36 minutos, Masopust tentou o passe, a bola desviou em Allan e passou no meio das pernas de Marquinhos. Pavelka bateu forte, da entrada da área, indefensável para Alisson.
Tivessem um mínimo de ambição e os tchecos teriam feito mais gols.
No segundo tempo, Tite apelou para o banco.
E tratou de colocar Everton. O jogador do Grêmio entrou bem demais na esquerda. Desenvolto, confiante. Se aproveitou também do afrouxamento tático da República Tcheca. O time começou a se cansar cedo demais. Havia sentido o ritmo e o peso psicológico da goleada por 5 a 0 nas eliminatórias da Eurocopa.
Além disso, Silhavy começou a fazer trocas por lesões.
A República Tcheca perdeu força nas intermediárias.
O Brasil foi ganhando espaço e confiança.
Tudo ficou melhor de vez logo aos três minutos.
Selassie errou um passe de dois metros, infantil. Roberto Firmino não teve pena. 1 a 1.
Com o empate, veio o alívio.
Com os tchecos traumatizados, temendo nova goleada, se encolheram.
Tite percebeu.
Colocou David Neres para atuar na direita. Junto com Everton na esquerda, o Brasil tinha jogadas agudas, velocidade, ambição pelos lados do campo.
E foi assim que Gabriel Jesus se aproveitou.
Depois de lançamento maravilhoso de Danilo para David Neres, o atacante do Manchester City ficou com o gol aberto para virar o jogo, aos 37 minutos. E aos 44 minutos, ele completa ótima jogada de Everton.
O Brasil venceu por 3 a 1.
Tite e seus atletas comemoraram.
Mas no fundo sabem.
A vitória foi enganosa.
Seguem erros graves, como a insistente aposta em Philippe Coutinho, em péssima fase.
O adversário foi derrotado pela fragilidade técnica.
E pela falta de fôlego no segundo tempo.
A Seleção Brasileira precisa melhorar muito...
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