Brasil ganha com corte de Neymar. Terá paz para virar um time
O atual Neymar só trazia problemas para a Seleção. Intimidava companheiros. Egocêntrico, exigia privilégios. Todo seu talento era desperdiçado pelo ego
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Após sofrer uma entorse no tornozelo direito durante o jogo da última quarta-feira (05), contra o Catar, Neymar foi avaliado e submetido a exames complementares de imagem que confirmaram a ruptura ligamentar no tornozelo.
"Devido a gravidade da lesão, Neymar não terá condições físicas e tempo de recuperação suficiente para participar da Copa América Brasil 2019.
A partir desta quinta-feira (06), a comissão técnica da Seleção Brasileira iniciará a definição de um substituto."
As 2h01 da madrugada de hoje, a CBF confirmou, de maneira seca, o corte de Neymar.
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Mas o texto frio, que evitou a palavra cortado, não retrata de maneira alguma a angústia bipolar que Tite e a cúpula da CBF vivem com o choque de realidade de não ter o jogador mais talentoso e mais problemático desta geração mediana que veste a camisa da Seleção.
Não ter Neymar na Copa América exige duas visões completamente distintas.
O rompimento dos seus ligamentos do tornozelo direito, que ligam ao pé com duas fraturas no quinto metarso foi terrível e libertador para o time que disputará o torneio sul-americano, dentro do país, com toda a obrigação de vencer.
Perder Neymar é a certeza de não ter o grande talento, o improviso capaz de romper as duas linhas de marcação importadas dos melhores times europeus.
O dom raro para jogar futebol permite átimos de genialidade. Embora deteste tática, o instinto percebe a movimentação dos defensores e também dos companheiros de time.
Tivesse comando firme nas categorias de base, no Santos, no PSG e na Seleção, seria muito mais importante como jogador do que é. Já que nestes três locais se deixou levar pelo egoísmo que facilitam os defensores a darem pontapés ou roubarem a bola.
No Barcelona, Neymar se submetia. E tinha a obrigação de pensar nos companheiros também. Quando um zagueiro sedente o enfrentava, não sabia se ele tentaria o drible ou serviria a bola a outro jogador do clube catalão. Esse décimo de segundo de dúvida no marcador deixava Neymar muito mais letal.
Só que onde foi o protagonista, no Santos, PSG e Seleção, se viciou em dribles inúteis, usava seu talento para humilhar o adversário, não para o bem das equipes.
O Brasil perde também a referência, o jogador diferenciado, que leva respeito aos adversários, aos árbitros.
Ainda mais sendo personalista como é.
A atual geração que Tite tem nas mãos não tem personalidade forte e nem talento excepcional. Daí a necessidade de ter veteranos que não deverão chegar à Copa do Catar, como Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda, Fernandinho.
Neymar assumiu o cargo de 'presidente' da Seleção. Cargo que foi usado com sabedoria por Romário e Ronaldo Fenômeno.
O jogador do PSG não entendeu sua responsabilidade.
Quis apenas os privilégios.
Fugia das entrevistas nas derrotas, exigia os passes quando o companheiro poderia chutar ao gol, não permitia reclamações ao forçar inúmeros dribles desnecessários, sabotando contragolpes.
Ninguém tinha o direito de abrir a boca para cobrá-lo nas ridículas simulações durante a Copa da Rússia.
Ninguém se mima sozinho.
Virou o dono de todos pênaltis, todas as faltas, a camisa 10 tomou de Oscar. Teve sempre o apoio dependente dos treinadores da Seleção. A começar por Mano Menezes, depois Felipão, Dunga e agora Tite.
Neymar se tornou mal necessário para a Seleção.
Dominar um clube novo rico como o PSG só o deixou ainda mais egocêntrico, sem freios.
Se transformar em melhor do mundo foi obsessão que o consumiu. A ponto de se transformar em frustração.
Porque, ao contrário do que pensava, e a vida ensinou da pior maneira possível, tudo que faz também fora do gramado pesa e muito.
Farrear, virar noites, beber, levar mulheres estranhas do Brasil para Paris para manter relações sexuais, teve seu custo.
Físico, psicológico.
Neymar está com 27 anos e começa, como jogador de futebol, a perder explosão muscular, reflexos,
Ele descobriu ser humano.
Com a desculpa na ponta da língua do decepcionante Tite e os demais jogadores da Seleção, todos vão declarar que dedicarão a Copa América a Neymar.
Na prática o que acontecerá?
O time terá mais liberdade para atuar de maneira conjunta, moderna, objetiva. Com movimentação coordenada, a equipe ganhará objetividade, intensidade. Marcará mais forte e terá mais velocidade, objetividade para buscar o gol.
Philippe Coutinho e Gabriel Jesus que são os mais submissos, se prejudicam para que Neymar possa brilhar, vão poder jogar muito mais à vontade. Poderão tentar as investidas ofensivas sem a obrigação de procurar o egoísta camisa 10 que grita exigindo o passe assim que a dupla pega na bola, mesmo marcado.
É um choque perder Neymar para a Copa América.
Mas também, no atual momento, é um grande alívio.
Ele trazia todos os vícios do egocentrismo para o campo.
E fora dele, a cobrança dos abusos.
A proteção de Tite, de Bolsonaro não era suficiente.
E o grupo pagava pelo que não fez.
Até polícia invadia a concentração da Seleção.
Para buscar um acusado de estupro, agressão e crime digital.
O destino soube escolher o momento.
O corte de Neymar foi melhor para a Seleção Brasileira.
E, principalmente, para ele.
Enquanto se recupera longe dos gramados, poderá decidir o que deseja da vida.
Continuar fazendo farra com os parças.
Ou respeitar a carreira, o clube e os patrocinadores que o pagam R$ 40 milhões por mês.
E entender o que significa a Seleção pentacampeã do mundo.
Ele que cuide de seus problemas legais bem distante da Seleção.
A concentração de Tite e dos convocados para a Copa América não pode ser estupro, agressão, crime virtual.
A encruzilhada chegou.
O Brasil hoje está melhor.
Sem o atual problemático Neymar...
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