Marta não merecia esse adeus. Vexame histórico. Com toda estrutura, Brasil eliminado pela Jamaica. 0 a 0 deprimente. Culpa de Pia
O Brasil foi burocrático, tenso, sem atitude. Acabou eliminado de forma justa para a Jamaica, depois de frustrante 0 a 0. A treinadora Pia não teve coragem de montar um time aberto, envolvente. Foi a última Copa de Marta
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Vexame histórico.
A última partida de Marta, a melhor do planeta por seis vezes, em Copa do Mundo foi frustrante.
Eliminação na fase de grupos. Com campanha constrangedora. Vitória contra o Panamá por 1 a 0. Derrota para a França por 2 a 1. E empate em 0 a 0 com a Jamaica, hoje.
Foi a terceira vez na história que o Brasil cai logo na primeira fase do Mundial.
Jamais a seleção feminina teve tanto apoio logístico, estrutural, transmissão pela tevê aberta, fechada, internet.
A expectativa enorme se transformou em triste desilusão.
O Brasil foi eliminado de forma deprimente pela Jamaica, equipe que teve de fazer "vaquinha" para chegar até a Copa do Mundo da Austrália. A equipe é apenas a 63ª no ranking do planeta.
0 a 0 absolutamente justo.
Mostrando nervosismo, tensão, afobação, falta de imaginação, de coordenação ofensiva.
Pia Sundhage é a responsável pelo fracasso.
"Nem nos meus piores pesadelos a Copa que eu sonhava. Eu termino, mas elas continuam. Quero que o Brasil siga com o mesmo entusiasmo, apoiando.
"A Marta acaba por aqui, muito grata.
"Não tem mais Copa para a Marta", desabafou a melhor jogadora da história do Brasil, que jogou seu último Mundial.
Vai embora triste, já que ela é artilheira de todas as Copas do Mundo, feminina e masculina. Teve a ousadia e o talento de marcar 17 gols.
O time se desmanchou não só psicologicamente. O fracasso está completamente amarrado à estratégia, à tática.
A humilde Jamaica entrou em campo como se esperava. Com uma linha de cinco na defesa, com quatro jogadoras fechando a intermediária. E apenas uma jogadora à frente.
Para romper essa previsível retranca, a saída seria triangulação pelas laterais, infiltrações, jogadoras mais ofensivas no meio-campo.
Muita concentração, personalidade, atitude.
Mas o que se viu foi um desespero, excesso de cruzamentos, ansiedade.
Pia desperdiçou Marta parada na frente encaixotada entre as zagueiras e volantes.
De costas para o gol.
Foi assustadora a partida da seleção. A treinadora sueca entrou de maneira ortodoxa, com o time montado no 4-4-2. Com volantes defensivas, medo dos contragolpes jamaicanos.
O Brasil facilitou a situação. Não teve penetração, não obrigou a goleira Spencer a nenhuma defesa difícil. Nenhuma. Os 14 chutes foram apressados, dados de qualquer maneira.
Inacreditável.
Mas absolutamente justa a eliminação.
Agora o time sofrerá uma nova e obrigatória reformulação.
E não será apenas Marta que não atuará pela seleção.
O primeiro passo será a dispensa de Pia Sundhage.
A contratação da sueca foi enorme desilusão.
Ela teve tudo que queria.
Concentração na Granja Comary, onde só a seleção masculina ficava, estrutura para treinos, amistosos contra equipes poderosas, viagens, hotéis e concentrações luxuosas.
Ela prometia um futebol alegre, ofensivo.
Mas mesmo com tudo isso o Brasil fez uma péssima Copa do Mundo. Jogou mal contra o Panamá, pior diante da França e travado tática e psicologicamente, sobretudo, diante da fraquíssima Jamaica.
Pia virou as costas para a mais efetiva atacante, Cristiane. Por conta de sua personalidade contestadora.
Não é apenas ser estrangeiro que garante a qualidade do trabalho na seleção.
Tudo o que as meninas lutaram ao longo de décadas contra o machismo brasileiro, elas conseguiram para esta Copa do Mundo de 2023.
E o que entregaram foi um péssimo futebol.
Agora é apostar em uma reformulação profunda.
Sabendo que estrutura existe.
Mas não garante títulos.
Como acontece com a seleção brasileira masculina...
Veja as fotos da eliminação do Brasil da Copa do Mundo
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.