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Atuação guerreira do Corinthians salva destino de Dorival. Diretoria estava cansada da apatia do time no Brasileiro. A vitória contra o Cruzeiro surpreendeu a alta direção. Afasta o fantasma de Tite

A ‘batalha campal’ que o Corinthians transformou a semifinal da Copa do Brasil entusiasmou a diretoria. A luta de Memphis e todos os jogadores foi algo que mereceu elogios até de quem acreditava que seria melhor contratar um novo técnico em 2026

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Dorival Júnior sabe: é especialista em Copa do Brasil. Sabe transformar os jogos em 'guerra'. Foi Rodrigo Coca/Corinthians

Ninguém ganha três Copa do Brasil à toa.

E não consegue vencer um Brasileiro, em 23 anos de carreira.


Dorival Júnior se especializou em batalhas curtas.

O clima de mata-mata é com ele.


Sabe como extrair o máximo dos jogadores.

O que aconteceu ontem, no Mineirão, surpreendeu Leonardo Jardim e que não acompanha de perto os passos de Dorival nos clubes por onde passou.


Não na Seleção, onde se perdeu, esperando Neymar e se esquecendo de montar uma equipe que o obedecesse cegamente.

Nos clubes ele consegue motivar, provocar, convencer psicologicamente os atletas que é preciso deixar a alma nos mata-matas. E isso é mais fácil, para Dorival, do que manter a regularidade em 38 partidas do Brasileiro.


Santos, Flamengo e São Paulo são eternos devedores ao técnico, que possibilitou que os troféus da Copa do Brasil estivessem nas suas salas de exibição.

Mas ele precisa de tempo. Seu trabalho é como de um artesão, meticuloso. Precisa criar laços de lealdade com seus atletas, isso demora.

Na Pré-Libertadores e na Copa Sul-Americana ainda não havia o grau de intimidade que Dorival alcançou agora, em dezembro. Por isso os jogadores se entregaram tanto no jogo de ontem, com uma dedicação incrível, inesperada.

Memphis marcou o gol único do jogo. "Jogamos pelos torcedores" Rodrigo Coca/Corinthians

Foi a partida mais vibrante que o Corinthians fez em 2025.

A superfavorita equipe cruzeirense não esperava tamanha intensidade, luta, preenchimento de espaço.

Dorival abriu mão até de Garro para montar essa legião de guerreiros, que deixou o Brasil de queixo caído, com a vitória por 1 a 0, gol de Memphis.

“Poucos acreditam que nós chegaríamos aqui hoje e alcançaríamos o resultado que tivemos. Por isso que você tem que acreditar em você sempre. Você e o seu grupo.

“Não podemos dispersar esse ambiente, não podemos saltar fora desse contexto. Foi essa força demonstrada e encontrada por todos nós um caminho em que tivemos uma atuação muito diferente daquilo que foi a partida anterior, aqui mesmo jogada.”

Dorival se referia à derrota acachapante do Corinthians para o Cruzeiro, por 3 a 0, no dia 23 de novembro, pelo Brasileiro. 17 dias antes do jogo de ontem.

Naquela goleada, o Corinthians fez oito faltas e tomou dois amarelos.

Ontem foram 17 faltas e seis amarelos.

A equipe foi surpreendente até para a direção. Conselheiros ficaram trocando mensagens, surpresos, com a atuação da equipe. Elogiaram Dorival para o presidente Osmar Stabile, até muitos que insistiram nos últimos meses para trocá-lo por não ter o ‘espírito do Corinthians’ e desejavam o retorno de Tite.

Stabile e seus parceiros de diretoria ficaram muito impressionados com o desempenho do Corinthians. Tanto que a trajetória de Dorival pode ser revista. A pressão para demiti-lo estava enorme. O medor era de duas derrotas marcantes contra o Cruzeiro.

O item crítica esteve muito presente na coletiva de Dorival, após o jogo. Entrevista que o treinador demonstrou estar saboreando cada pergunta, cada olhar surpreso dos repórteres, com a vitória sobre o Cruzeiro.

Ele foi perguntado diretamente sobre as muitas críticas que recebe por seu trabalho.

Sim, ele até riu (ironicamente) quando ouviu a palavra críticas.

“(Risos) Críticas... O importante é você confiar em você. Crítica é o que o ser humano sabe fazer. Me desculpe, mas critica quem não tem capacidade de criar. Nós estamos aqui para trabalhar. Se as pessoas não entendem processos, não sou eu que eu vou tentar explicar.

“Já coloquei algumas vezes tudo o que nós passamos aqui dentro. Todos os problemas que nós tivemos. Eu queria entregar o Corinthians na 13ª colocação do Brasileiro? Não!

“Nós tivemos merecimento em muitos resultados para estarmos um pouco melhores. Continuem criticando, a gente vai continuando fazendo, da maneira como a gente sabe, com simplicidade e tranquilidade, tentando chegar.

“É a sexta semifinal que eu estou participando...

“As críticas, cada um continue fazendo do jeito que quiserem. Para mim, pouco importa. Me desculpem.”

A resposta não foi só para a imprensa, mas para os muitos que o criticam no próprio Corinthians.

O time de Dorival só precisa de um empate, domingo, em Itaquera, para chegar à final da Copa do Brasil.

O treinador não quis mostrar entusiasmo pela vantagem de poder empatar a partida para decidir o torneio.

“Nós temos que ter consciência de que o jogo do final de semana será ainda mais pesado, muito mais forte, com as equipes ainda mais concentradas, e o resultado está todo ele em aberto.

“Temos uma pequena vantagem muito importante, construída dentro da casa do Cruzeiro. Uma equipe excelente, muito bem treinada. Assim foi o Corinthians.”

Memphis estava muito feliz pelo desempenho do time.

Pelo seu gol.

E fez questão de destacar a torcida.

“O Corinthians é muito grande. A torcida, eles sabem o quão importante eles são. Eles nos carregam nos jogos em casa, são importantes para a gente, nós estamos jogando por eles, eles nos dão tudo. Queremos ganhar esse título por eles”, avisou o holandês.

Dorival ganhou mais moral com a partida de ontem do que toda sua trajetória, desde que chegou ao Parque São Jorge.

Foi o jogo que deve salvar seu destino.

Ver o Corinthians jogando como Corinthians teve efeito impressionante nos detratores de Dorival.

Nem o treinador sabe quanta força ganhou.

Se o clube confirmar a vaga para a final, ele já sabe que terá emprego em 2026...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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