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Cosme Rímoli - Blogs

As lágrimas de Hugo. Ele se tornou o ídolo que o Corinthians precisava. E o Flamengo se arrependeu de vendê-lo ‘só' por R$ 4,6 milhões

Aos 25 anos, ele já viveu experiências pesadas. Perdeu a chance no clube mais popular no Brasil, por arrogância, o Flamengo. Pagou pelo erro, passando de grande revelação para enorme decepção. Foi para o pequeno Chaves, rebaixado em Portugal. Corinthians o resgatou

Cosme Rímoli|Do R7

Hugo chorou aliviado ao saber que o Corinthians o havia comprado. E quer a Seleção Brasileira Divulgação/Conmebol

Hugo estava aflito.

A direção do Corinthians tentou até o último instante parcelar sua compra.

Acreditou na boa relação com o Flamengo.

Mas não houve acordo.


E muito menos o clube carioca aceitou dois bancos fiadores apresentados pelo time paulista.

Ou o pagamento seria feito à vista, ou o goleiro voltaria para a Gávea, em 2025.


Simples e direto assim.

Houve o arrependimento da diretoria carioca por ter colocado um preço tão baixo no jogador.


R$ 4,9 milhões por 50% dos direitos do jogador de 25 anos foi classificado por um empresário ouvido pelo blog, como uma ‘pechincha’.

De acordo com esse agente, ele valeria, pelo que mostrou em Itaquera, pelo menos ‘cinco vezes mais’.

Não há ingênuos no alto comando flamenguista.

O problema foi que Hugo, quando esteve no Rio de Janeiro, foi uma enorme decepção.

Se deslumbrou.

Era visto na base como um ‘fenômeno’.

Mas logo se perdeu e diante das redes sociais.

Comprando, logo no primeiro contrato como profissional, um carro de R$ 400 mil.

Era outubro de 2020 e ele posava com o Jaguar, modelo F-Pace Prestige.

Anunciou seu casamento.

Depois de três meses, a separação.

Hugo e o seu Jaguar, de R$ 400 mil. E a ex-esposa Reprodução/Instagram

Colunistas sociais insistiam que ele era presença constante em baladas.

Assumiu o posto de titular, mas teve falhas irresponsáveis, ao tentar driblar adversários.

A torcida do Flamengo e a imprensa carioca viraram um tormento para o jogador.

A direção, que havia assinado contrato com ele até o final de 2025, resolveu apostar em outros goleiros.

Por isso contratou Santos e seduziu Rossi, que não quis renovar com o Boca Juniors.

Hugo ‘Neneca’, como era chamado no Rio, ficou sem mercado.

Clubes grandes brasileiros não acreditavam no seu futebol.

Acabou emprestado para o minúsculo Chaves, de Portugal.

Foi rebaixado na temporada 2023/2024.

O time sofreu nada menos do que 72 gols!

Foi o último colocado, tomando inúmeras goleadas.

O clube português não quis comprá-lo ‘só' por R$ 6 milhões, sua direção acreditou que não valia o investimento.

Hugo estava tenso em relação ao seu futuro.

O Flamengo não o queria de volta.

Estava disposto a emprestá-lo a equipes da Série B, do Brasileiro.

Mas, com a saída repentina de Carlos Miguel para a Inglaterra, o executivo do Corinthians, o ex-jogador Fábio Soldado, o indicou para o presidente Augusto Melo.

Hugo, no Chaves. Foi rebaixado. Clube minúsculo de Portugal. Time tomou 72 gols no Campeonato Português. E não quis comprá-lo Reprodução/Instagram

Soldado havia trabalhado no Flamengo e sempre acreditou no potencial de Hugo.

Até mesmo maior que Cássio.

E avisou à direção que, se voltasse a se focar no futebol, seria não só o goleiro que o clube precisava.

Mas ídolo.

Ele conversou com Hugo e percebeu a vontade de salvar sua carreira.

Não esperava ter a chance em um clube tão grande como Corinthians.

Sabia que havia sabotado seu início de carreira e estava desacreditado nos bastidores do futebol.

Augusto Melo só deu chance porque o preço de Hugo era muito baixo.

E o empréstimo foi de apenas seis meses.

Melo sabia que havia Matheus Donelli, que tem ótimo potencial.

Mas só 22 anos.

Não havia a mínima convicção que Hugo ‘daria certo’.

Soldado foi direto com o jogador.

Falou que o Corinthians seria a ‘segunda chance de sua vida’.

E lembrou que inúmeros jogadores não tiveram ‘nenhuma, quanto mais duas.’

O goleiro prometeu que não iria desperdiçá-la.

Foi o que fez, se transformando em um dos grandes responsáveis pela recuperação do Corinthians, no segundo semestre.

Se tornou um ídolo para a torcida, tamanha a dedicação.

O técnico Ramón Díaz tem se mostrado impressionado pela seriedade e disposição nos treinamentos.

Misturando talento e coragem nas partidas.

Pediu, lógico, a Melo, que o contratasse ‘rápido’.

A direção do Flamengo acompanhou a recuperação de Hugo.

E sabia que poderia ter um goleiro em altíssimo nível.

Ou para disputar a posição com Rossi.

Ou para vender por um preço muito mais alto do que impôs ao Corinthians.

Nos bastidores há a certeza de arrependimento rubro-negro.

Daí a dificuldade no fechamento da venda do atleta.

Só que o Corinthians apelou para o patrocinador Esporte da Sorte.

Pediu adiantamento.

E um empréstimo ao banco Daycoval.

A compra foi fechada.

Hugo acompanhou de perto as negociações.

Sabia que ontem marcou a reviravolta na sua carreira.

Nasce um ídolo. Hugo teve enorme identificação com a torcida do Corinthians Rodrigo Coca/Corinthians

A tal ‘segunda chance’ é definitiva.

“Falei isso quando cheguei aqui e eu vi isso aqui como oportunidade da minha vida, na qual eu precisava provar pra mim mesmo que eu era capaz de vestir a camisa de um clube grande. Muitas vezes eu mesmo duvidei do meu potencial, eu mesmo duvidei daquilo que poderia fazer.

“Mas minha mãe não soltou minha mão, minha irmã não soltou minha mão, os meus amigos não soltaram minha mão. Os meus empresários, que são caras que eu tenho uma relação além do futebol, não soltaram minha mão. E eu fiz do Corinthians a oportunidade da minha vida”, disse em lágrimas.

Hugo sonha a sério com Seleção Brasileira.

Acredita que o Corinthians tenha potencial para levá-lo a disputar a Copa de 2026.

Mas, se as convocações não vierem, não fará tanto mal.

Ele sabe.

O Parque São Jorge o resgatou.

E fará tudo para ser o ídolo que a diretoria, principalmente, Fabinho Soldado, espera...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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