Após perder Libertadores e F-1, Globo aposta: seleção e mulheres
A emissora carioca busca reaproximação da CBF, de Neymar. Voltará a tratar a seleção como 'sua'. E aposta de vez nas mulheres no futebol
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A ordem era dissecar as imagens das discussões entre Neymar e Álvaro González.
Uma bancada de especialistas em leitura labial e em libras (linguagem de sinais) passou horas e mais horas, na semana passada, até encontrar o momento que o zagueiro do Olympique falasse a palavra macaco ao brasileiro.
Encontraram um instante que Álvaro parece dizer 'mono', macaco em espanhol. O jogador alega que disse 'bobo' e não 'mono'. 'Bobo' é idiota em espanhol.
A Globo não fez questão de usar a mesma metodologia para detalhar se Neymar fez uma ofensa homofóbica a rival. O teria chamado de 'puta maricón', em tradução livre, 'puta via...." Apenas citou, de passagem que o canal esportivo Gol, fez a leitura labial do brasileiro e o acusou de homofobia.
A emissora brasileira se dispôs a entregar a sua apuração ao PSG. O clube francês vai usar a imagem e a leitura labial para tentar punir Álvaro González e diminuir a pena de Neymar, que já cumpriu um jogo de suspensão e ainda foi punido por outro, por ter dado um leve soco no espanhol.
Hoje à noite, o desaparecido Tite voltará a dar entrevistas.
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É o convidado de honra do Sportv.
Ele não dava entrevistas exclusivas desde o ano passado.
Estará no programa Bem Amigos, de Galvão Bueno.
Esses dois agrados da Globo não são por acaso.
A emissora carioca perdeu a Libertadores da América ao SBT.
Não teve dinheiro para seguir transmitindo a Fórmula 1.
Se vê dividindo a transmissão do Brasileiro com a Turner.
Não transmitirá 'nunca mais' o Campeonato Carioca.
A emissora assumirá de vez ser a 'dona' da seleção brasileira.
Ou melhor, das seleções brasileiras.
Investirá como nunca no futebol feminino.
Barato, desprezado.
E com público potencial como nos Estados Unidos e Europa.
A ordem da cúpula da Globo é se reaproximar da Fifa e garantir a transmissão da Copa do Mundo do Qatar, em risco por conta de uma desavença de pagamentos.
A emissora tentou usar a pandemia para diminuir o valor de 600 milhões de dólares, R$ 3,2 bilhões. O parcelamento em nove prestações. Cinco já foram pagas. A dificuldade está em pagar as quatro restantes de 66,6 milhões de dólares, R$ 358 milhoes.
Sem a Libertadores, que a Conmebol exigia, 60 milhões de dólares, R$ 323 milhões, e Estaduas, sim, além do Carioca, a Globo quer se livrar de outros, o foco será mesmo nas seleções brasileiras.
Além de tentar reaproximar Neymar, afastado desde as críticas de Galvão Bueno na Olimpíada do Rio, a Globo quer Tite como convidado constante.
E a porta aberta da seleção, que esteve fechada no Mundial da Rússia, por influência do ex-presidente Marco Polo del Nero, que foi banido do futebol, mas foi quem escolheu Rogério Caboclo para assumir o cargo que era seu.
Na Copa de 2018, a Globo não conseguiu exclusivas e o livre acesso à seleção, que sempre desfrutou. O material 'íntimo' do time na Rússia era distribuído pela CBF TV e pelo site da CBF. De nada adianto a emissora carioca envolver 300 profissionais na cobertura do Mundial e usar vídeos que estavam no site da entidade.
Tem havido conversas com Rogério Caboclo para acabar com o distanciamento. E garantir exclusivas, matérias de bastidores da seleção.
O presidente da CBF se interessou porque a falta de interesse pelo time de Tite é impressionante. A desilusão da Copa da Rússia não se desfez.
Em relação às mulheres.
A Globo vai aproveitar o sucesso da transmissão da Copa do Mundo de Mulheres, no ano passado.
E cultivar o público para a Copa do Mundo da Austrália, em 2023.
Preencherá o vazio esportivo das transmissões de Fórmula 1 nos domingos, com jogos femininos. De clubes e, principalmente, da seleção.
Nada é por acaso.
A comentarista Ana Thais acaba de ganhar um espaço nobre, com seu nome, durante os jogos de futebol masculino.
"A Análise de Ana", com sua visão do jogo, começou na partida entre Coritiba e Vasco.
O 'empoderamento' não é à toa.
A emissora pretende transmitir os jogos de futebol feminino com uma equipe só de mulheres. Ana Thais comentando taticamente as partidas. Nadine Bastos observará a arbitragem. Uma ou duas repórteres estarão nos gramados.
A busca por uma narradora continua.
Camilla Garcia, que ganhou a disputa de um reality show de transmissão do Sportv, chegou a ser este nome. Passou um período em treinamento na Globo. Mas a emissora decidiu procurar outra mulher.
Mas o caminho global está escolhido.
Diante de sua recessão, esquecer os clubes.
E tratar as seleções brasileiras como suas.
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