Andrés perde a esperança de segurar Romero. "Despacito"
O presidente não esperava tanta força psicológica do paraguaio. Ele segue treinando firme. Esperando 14 de julho para ir embora 'de graça'
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Despacito, despacito, despacito.
"Esta é a situação do Romero."
Já virou padrão de comportamento.
Leia também
Sempre que Andrés Sanchez está encurralado, em situação adversa, ele decide ironizar.
E o presidente do Corinthians tomou uma invertida que não esperava em relação a Romero. Ele não acreditava que o atacante de 26 anos tivesse tanta força psicológica para suportar a guerra silenciosa que o dirigente trava com ele, desde dezembro.
O jogador foi claro com o dirigente.
Ou teria um aumento substancial nos seus R$ 250 mil mensais ou esperaria 14 de julho, final do seu contrato, e iria embora sem render um centavo ao Corinthians.
Com muita personalidade, o jogador não precisou de empresário, de intermediário. Ele já estava desligado do agente paraguaio Daniel Campo. E ainda não havia fechado com a OTB Sports, de Bruno Paiva.
Romero mesmo conversou com Andrés. Se sentia muito desvalorizado. Ganhava um dos piores salários entre os titulares. Mesmo sendo artilheiro do Itaquerão, conseguindo lugar fixo na Seleção Paraguaia. E mais do que isso, destaque importantíssimo no clube nos últimos três anos.
Andrés não quis nem pensar em dobrar os salários e pagar R$ 500 mil a Romero. Se ele quisesse R$ 350 mil mensais por um contrato de três anos, tudo certo.
Sem discussão, brigas, xingamentos, Romero falou que não aceitava. Andrés avisou que não tinha problema. Só que ele não jogaria mais pelo Corinthians.
E desde janeiro tem sido assim.
Fábio Carille ficou muito chateado com a situação. Tentou interceder. Mas Andrés avisou que o problema era financeiro. E não pagaria tão alto pelo paraguaio. Mais: o treinador não deveria escalá-lo. Ele seguiria treinando, mas não entraria em campo. O Corinthians não serviria de vitrine a um jogador que vai sair.
André, o restante da diretoria, Carille e os companheiros de time acreditavam que Romero cederia. Treinar e não jogar seria uma 'tortura psicológica' enorme ao atacante.
Só que ele realmente se mostra preparado.
Tem cumprido religiosamente seus horários.
COSME RÍMOLI: Clubes rebeldes fraquejam. Querem perdão da Globo. Menos o Palmeiras
E não tem criado qualquer problema.
Ele sabe.
Faltam três meses e 14 dias para ficar livre, ir para onde quiser.
Já poderia ter assinado pré-contrato desde janeiro.
A pedido de Levir Culpi, o Atlético Mineiro tentou uma troca por Luan. Só que houve dificuldade no acerto salarial entre o jogador de Belo Horizonte e o Corinthians. Essa foi a versão oficial.
Mas parcial.
Romero não queria ir.
Ele sabe que em julho poderá fechar com um grande clube brasileiro ou equipe do Exterior. Recebendo como luvas perto do que o Corinthians pediria por seus direitos.
O jogador foi comprado junto ao Cerro, na verdade, pelo empresário Beto Rappa, por US$ 3 milhões, cerca de R$ 11 milhões. Ele cedeu o atleta ao Corinthians, pensando em valorização. Como o clube não vai vendê-lo, apenas receberá o que investiu.
Veja mais: Resumo da rodada: Corinthians, Cruzeiro e Inter saem na frente
Há grande desconfiança no Parque São Jorge que Romero já tem pré-contrato assinado com algum clube importante para estar tão tranquilo. O nome mais citado é o Internacional, apesar do interesse do Atlético Mineiro.
Felipão e Cuca gostam muito da dedicação tática de Romero. Mas tantos dirigentes do Palmeiras quanto do São Paulo não acreditam que ele aceitaria atuar em um rival. Ficaria menos problemático ir jogar em Porto Alegre ou Minas Gerais.
Um fator que poderia ajudar a pressionar ainda mais Romero é a Copa América. Mas uma conversa com o novo treinador da Seleção Paraguaia, o argentino Eduardo Berizzo, trouxa entusiasmo ao atleta.
Veja mais: Manoel detalha dor terrível no ombro e cita tratamento em dois períodos
Ele ouviu que mesmo se não estiver jogando, mas apenas treinando, tem todas as chances de ser convocado para a Seleção Paraguaia.
Carille chegou até a inscrever Romero na Copa do Brasil, esperando uma reviravolta. Mas ela está dificílima.
O jogador segue firme.
Quer ter a valorização que acredita nunca ter tido.
Andrés não quer pagar o que ele e OTB pedem.
Sem saída, diante da inquisição sobre Romero, o dirigente corintiano cantarola, irônico, a música do porta-riquenho Luis Fonzi, que tanto gosta de ouvir nas baladas.
"Despacito, despacito, despacito..."
Mas com quase uma certeza absoluta.
A que perderá o jogador de 26 anos...
Curta a página R7 Esportes no Facebook
Negócio fechado! Veja as contratações do mercado da bola
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.