Andrés e o blefe: Corinthians não jogar mais domingos, nem à noite
Depois de pagar R$ 750 mil a Paulo André por partidas nos finais de semana e noturnas, Andrés usa Globo e CBF para tentar mudar a Lei Pelé
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Capitão Nascimento: "O conceito de estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie... Os senhores estão anotando?"
Turno: "Sim, senhor!"
Capitão Nascimento: "Vou pedir isso na prova. ...em inglês strategy, Em alemão strategie, em italiano strategia, em espanhol estrategia..."
Auxiliar: "Senhor coordenador! O senhor 05 está dormindo."
Nascimento: "Oh, Senhor 05!"
05 (Mathias): "Sim, senhor!"
Nascimento: "Tenha a bondade. [Entrega a 05 uma granada e puxa o pino] Senhor 05, se o senhor deixar essa granada cair, o senhor vai explodir o turno inteiro. O senhor vai explodir os seus colegas, o senhor vai explodir os meus auxiliares, o senhor vai me explodir. O senhor vai dormir, senhor 05?
05: "Não, senhor!"
Nascimento: "Estamos todos confiando no senhor. [Retorna à cadeira e guarda o pino, deixando 05 segurando a granada]
"Eu vou retomar o raciocínio.
O conceito de estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês..."
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Esse é um trecho marcante de um dos filmes prediletos do presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, Tropa de Elite.
Ele decorou o que viu no cinema.
E resolveu aplicar ontem, com a TV Globo, CBF e Federação Paulista de Futebol.
A carta que enviou aos três, e fez questão de que um assessor vazasse o conteúdo para a imprensa, foi pura estratégia.
Andrés sabe que não há o menor respaldo a ameaça de o Corinthians não jogar aos domingos, nos feriados e à noite, como mandou escrever.
"Na hipótese de serem agendadas partidas à noite ou aos domingos, o Sport Club Corinthians Paulista se reserva no direito de eventualmente não participar dos referidos jogos."
Existem contratos assinados com a Globo, há o regulamento do Paulista, do Brasileiro, da Copa do Brasil.
O que Andrés quis foi provocar uma discussão, alertar os clubes da necessidade de alteração na legislação desportiva, que feche uma brecha jurídica importantíssima.
O Corinthians teve de fazer um acordo na justiça com o ex-zagueiro Paulo André, que atuou no clube entre 2009 e 2014. Ele reinvindicou adicional noturno por partidas à noite e adicional por jogar aos domingos e feriados.
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Conseguiu R$ 750 mil.
O volante Maicon também processou o São Paulo pelo mesmo motivo. E conseguiu R$ 200 mil pelos jogos à noite e partidas aos domingos e feriados. Ele atuou entre 2012 e 2015 no Morumbi.
Outros jogadores se preparam para seguir o mesmo caminho.
O precedente foi aberto.
Daí Andres perceber a necessidade de, como ele disse a conselheiros, no Parque São Jorge, 'fazer barulho'.
O recado chegou até a cúpula da CBF.
Ao secretário-geral Walter Feldman.
Ele sabe que será um caos para os clubes se a Justiça Trabalhista seguir considerando os jogadores 'trabalhadores normais'.
Daí a necessidade da adequação da Lei Pelé, a que rege a relação entre os clubes e os jogadores.
A Globo nem se pronunciou à imprensa.
Mas vai seguir colocando seu clube favorito em São Paulo, nos jogos de quarta à noite e domingo à tarde. É a equipe que dá mais audiência na cidade mais rica do país.
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Andrés conseguiu 'fazer o barulho' que queria.
Clubes, Federações e, principalmente, a CBF estão mobilizados para alterar a legislação.
O ídolo de Andres, Capitão Nascimento, ficaria orgulhoso.
Ele aprendeu o que significa estratégia...
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