Amigos pedem. Mas Jô não quer retirar processo contra Renata Fan
Comparação a um ladrão segue imperdoável para o jogador. O processo por dano moral segue contra Fan. Jô não leva em consideração as desculpas
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

"Eu pergunto para você, Denilson: "Você roubou o meu anel?"
"Você vai falar: "Renata, claro que não".
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"Aí uma câmera na minha casa mostra que você roubou.
"Aí eu falo assim: "Não, Denílson, mas a câmera da minha casa mostra você pegando meu anel".
"Aí você fala: "Ah, é mesmo, roubei".
"Então, o que a gente está falando é de ter iniciativa, de falar a verdade sempre, não porque os outros estão pressionando."
Raciocínio de Renata Fan, no programa Jogo Aberto, da TV Bandeirantes, no dia 18 de setembro de 2017.
Suas palavras foram parar na justiça.
Processo:
1017512-43.2018.8.26.0100
Classe:
Procedimento Comum
Área: Cível
Assunto: Indenização por Dano Moral
Outros assuntos: Produto Impróprio
Distribuição: 01/03/2018 às 15:17 - Livre
15ª Vara Cível - Foro Central Cível
Controle: 2018/000356
Juiz: Fernando Antonio Tasso
Valor da ação: R$ 100.000,00
Requerente: João Alves de Assis Silva
Advogada: Gerlice Geane Farias Soares Barroso
Requerida: Renata Bonfíglio Fan

O processo se tornou pública, no começo deste mês, quando jornalistas que cobrem diariamente o Corinthians foram avisados. Havia um interesse especial do clube que ele viesse à tona.
Jô sofreu muito com as críticas pelo gol que marcou contra o Vasco, no Brasileiro, do ano passado. Ele marcou com o braço. E, num primeiro momento, não assumiu que o lance foi ilegal. As críticas foram pesadíssimas porque o mesmo experiente atacante havia sido beneficiado por uma atitude de total fair play de um rival.
Na semifinal do Paulista de 2017, ele e Rodrigo Caio entraram em uma dividida, junto com Renan Ribeiro. A perna do goleiro foi pisada. O árbitro Luis Flávio de Oliveira se enganou. Acreditou que tivesse sido Jô. E deu o cartão amarelo. Seria o terceiro. O corintiano não jogaria a segunda semifinal contra o São Paulo. Foi quando o zagueiro procurou o juiz e se acusou. Revelou que fora ele quem acertou Renan. O cartão amarelo foi anulado.

Jô elogiou publicamente Rodrigo Caio pela honestidade. E cobrou que todos os atletas agissem da mesma maneira. O Corinthians foi campeão e o atacante foi fundamental na segunda semifinal contra o São Paulo.
Daí a cobrança fortíssima em Jô pelo gol não assumido com o braço, no dia 17 de setembro.
"Eu me joguei na bola, não deu para ver. Não sei se a bola ia entrar, eu me joguei, agora não sei onde bateu. Se vocês (jornalistas) pararam, tiveram que analisar, o juiz não tem tempo para isso.
"Se eu tivesse convicção (do toque de braço), eu ia falar. Eu me joguei, tanto que fui parar dentro gol. Então não tinha como falar. Eu me joguei, aí o árbitro vai interpretar se foi mão ou não... Ele deu o gol, então não foi. Eu falei para o Ramon que eu me joguei. Jogo assim que a bola está difícil de entrar, uma oportunidade... Eu me joguei, não sei onde a bola bateu."
"O juiz interpretou que não foi, então foi bom para a gente. O importante é a vitória suada, os três pontos", disse, com coragem de comemorar publicamente o lance.
As imagens claras desmoralizaram as palavras de Jô. As críticas da maioria dos jornalistas não o pouparam. Ele ficou abalado. Mas sabia que estava errado. Até que foi avisado o que Renata Fan havia falado.
Ele não aceitou ser comparado a um ladrão.
Nas redes sociais, seus fãs se mostravam indignados.
E decidiu processá-la.
Os boatos dessa busca à Justiça já cresciam nos bastidores do futebol.

No dia 14 de novembro de 2017, Renata Fan participou do programa Bola da Vez, da ESPN/Brasil. E se desculpou publicamente do jogador.
"O que eu quis dizer é que Jô deveria se retratar, o que ele fez depois, e fico feliz. Usei a palavra roubar e acho que poderia ter usado outra palavra. Hoje, se eu tivesse uma segunda chance, não usaria esse termo (...) Gostaria de me desculpar com o Jô se ficou algum mal-entendido, mas jamais queria ofender uma pessoa que teve um ano excepcional."
Mas as desculpas não convenceram o atleta.
Além de apresentadora, ex-miss Brasi e jornalista, Renata Fan é advogada. Pessoas ligadas ao atleta o convenceram que ela estava apenas se precavendo de uma possível ação na justiça.
E Jô insistiu com sua decisão.
A advogada do atacante, Gerlice Geane Farias Soares Barroso, foi implacável com Renata.
"No programa Jogo Aberto, a 1ª Ré [Renata Fan] injuriou e difamou o Autor [Jô], quando comparou o mesmo a um ladrão . (...) A glosa televisiva da Ré não expressou, apenas, mau gosto da pior espécie, incompatível com o que se possa razoavelmente rotular de verdadeira e saudável matéria jornalística."
E o valor da ação foi estabelecida em R$ 100 mil. Se Renata for condenada pelo dano moral ao atleta.
Jô ganhava R$ 350 mil mensais no Corinthians. Foi para o Nagoya Grampus. Lá, recebe cerca de R$ 700 mil mensais. Dependendo de suas atuações e conquista do time, poderá chegar até a R$ 1 milhão a cada 30 dias.
A indenização pedida de Renata Fan é simbólica para o jogador. Ele quis mostrar sua revolta ao que considerou um profundo desrespeito à sua honra. Tornar pública.
Renata Fan, que fará 41 anos em julho, é considerada por seus colegas uma apresentadora cuidadosa, leve. Sem se aprofundar nas críticas no seu programa. Prefere as brincadeiras com Denilson. Já chorou várias vezes, em fracassos do seu clube de coração, o Internacional. O programa é mais de entretenimento do que jornalístico.
Não tem inimigos declarados, desde que foi ao ar na Bandeirantes, em fevereiro de 2007.
Suas redes sociais foram invadidas por ofensas e ameaças de torcedores, quando fez a infeliz comparação. E quando o processo se tornou público, no começo do mês.
Ela apagou as ameaças e ofensas e, aos poucos, voltou a postar.
Pessoas da área esportiva, amigas de Renata, têm pedido ao jogador reconsiderar.

E tirar o processo contra ela.
Só que Jô segue irredutível.
Sua origem é muito simples.
O pai taxista não pôde nem acompanhar seus primeiros treinos.
A mãe trabalhava como doméstica.
Tinha de ajudar a criar os três filhos.
Moravam na Cohab Teotônio Vilela, em Sapopemba.
Zona muito pobre da violenta periferia paulista.
O talento do filho mudou a vida difícil da família.
Sofreu para se tornar jogador profissional.
Depois de um período de farras, Jô se reencontrou.
Se tornou religioso fervoroso.
Conseguiu reconquistar a harmonia com a família.
Por isso, ser comparado a um ladrão, doeu demais.
A situação não é fácil.
Não é o dinheiro, irrisório para o atacante.
Jô defende sua honra.
E a honra de quem ama.
Esposa, pais, parentes ficaram revoltados com a comparação.
Renata Fan mexeu em um vespeiro...

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