Ameaças, humilhação pública, palavrões, vaias. Massacre, que Carille sofreu, assusta Luís Castro e Cuca, técnicos sondados pelo Santos
Luís Castro e Cuca são os treinadores que mais interessam a Marcelo Teixeira, que examina uma lista de nomes. Ele tem certeza que, após o final do Brasileiro, outros profissionais estarão à disposição. Rogério Ceni corre por fora. Sofrimento que Carille passou foi assustador
Há pelo menos três meses, Fábio Carille evitava sair em Santos.
Bastava ser reconhecido em restaurantes, padarias, farmácias.
A rotina era a mesma.
Questionamentos, cobranças duras e palavrões.
Grande parte dos torcedores comuns o queriam longe da Vila Belmiro.
Vândalos chegaram a ameaçar sua integridade física se continuasse em 2025.
O ponto mais baixo desse cenário foi o que aconteceu no domingo.
Quando foi receber a medalha de campeão brasileiro da Série B.
Jamais na história aconteceu algo parecido.
A torcida santista o vaiou, xingou em coro.
Constrangidos, os jogadores o aplaudiram, em vão.
Carille foi demitido 24 horas depois.
Pressionado pela própria família, que estava amedrontada com a situação, o técnico aceitou o acordo financeiro.
Ele tinha contrato, renovado automaticamente, até dezembro de 2025.
Em uma análise fria, cumpriu sua missão.
Com mérito.
Foi finalista do Campeonato Paulista.
E campeão da Série B, tirando o clube da situação mais vergonhosa que passou: a Segunda Divisão.
Mas a maneira defensiva, reativa, especialista em contragolpes, se chocou com a expectativa dos torcedores santistas, que se acostumaram, por décadas, com a equipe no ataque buscando o gol.
Marcelo Teixeira, que insistiu para tirá-lo do japonês V-Varen Nagasaki, e que não permitiu a rescisão para que o técnico aceitasse convite do Corinthians, sabia que o estilo do treinador era assim mesmo.
Era o mais seguro para o Santos, com um elenco fraco, subir.
Mas correu o risco da rejeição da torcida, da rígida imprensa santista.
E foi o que aconteceu.
Agora, Teixeira sonha com o renascimento do Santos.
Tem falado diariamente com o pai de Neymar para fazer do clube a prioridade, caso ele rescinda com o Al-Hilal.
A formação do elenco para a próxima temporada passa por esse ‘sim’ ou ‘não’.
Tudo ficou ainda mais urgente com o clube acertando seu início do ano nos Estados Unidos.
Vai disputar a Orlando Cup, entre 11 e 19 de janeiro.
Jogará contra o Atlético Nacional e o Fortaleza.
Por isso, a contratação do treinador é mais do que prioritária.
Só que há dificuldades sérias.
Os estafes dos técnicos mais desejados, Luís Castro e Cuca, ficaram impressionados pelo massacre que Carille sofreu.
Até mesmo pessoas ligadas a Rogério Ceni, que corre por fora.
Aliás, vários treinadores que saíram do clube reclamaram da mesma coisa.
Como o argentino Fábian Bustos e o português Jesualdo Ferreira também foram pressionados pelas torcidas organizadas para irem embora.
Além disso, há a indefinição sobre a situação financeira do futebol.
Se Neymar vier, tudo será muito mais fácil.
Se não acertar seu retorno, o trabalho será redobrado para montar um time forte.
Marcelo Teixeira não abre mão que o novo técnico lance garotos, ao contrário de Carille.
Mas, na verdade, ele não podia.
Por conta da fraca geração de meninos e pela responsabilidade de subir o time à Série A.
Jorge Sampaoli tinha a chance de ser o treinador, foi sondado há um mês, mas preferiu ir para a França.
Assumiu o Rennes.
Contatos iniciais buscavam Tite, mas ele cortou.
Alegou querer descansar um pouco mais, depois da fracassada passagem pelo Flamengo.
Teixeira quer anunciar o novo treinador o mais rápido possível.
O planejamento para 2025 está mais do que atrasado.
O massacre que Carille sofreu serve para travar o entusiasmo de muitos treinadores...
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