Alarme falso. Palmeiras segue sem Mundial. Para tormento dos seus torcedores. Ata de reunião de 2014 não tem valor para a Fifa
O 'barulho' na Internet não tem razão de ser. A tradução juramentada de uma reunião entre os banidos por corrupção, Blatter e Valcke, não tem valor para fazer o Palmeiras campeão do mundo. Quem garante é a Fifa
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
'Palmeiras não tem Mundial.'
Essa é uma frase que atormenta a maioria dos 15,3 milhões de palmeirenses, no Brasil. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, depois de pesquisa no país.
Tudo ficou pesado depois que a Libertadores ficou valorizada, a partir da década de 90. O bicampeonato mundial do Santos, de Pelé, não incomodava
Mas depois que os rivais São Paulo venceu três vezes e o Corinthians, duas, virou questão de honra insistir que a Copa Rio, de 1951, fosse aceita como Mundial.
Que não foi e não será.
Porque o torneio foi apenas um torneio de clubes convidados.
Importantes, mas que não disputaram um Mundial.
A discussão voltou à tona neste sábado, de maneira forçada.
Outra vez.
O que aconteceu foi a tradução de uma ata de reunião que aconteceu no dia 7 de junho de 2014.
Naquela ocasião, a Copa estava para começar a ser disputada no país.
O ministro de Esportes, Aldo Rebelo, palmeirense apaixonado, pressionou o então secretário-geral da Fifa, Jêrome Valcke, e o presidente, Joseph Blatter, para que transformasse o seu clube no primeiro campeão do mundo.
Lembrando que Valcker como Blatter foram banidos por corrupção.
O ato, na 31ª reunião do Comitê da Fifa, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, apesar das assinaturas dos dirigentes da época jamais deixou de ser simbólico.
Ação para agradar o governo brasileiro.
Principalmente Aldo Rebelo, que tanto lutou pela Copa que rendeu 4 bilhões de euros, cerca R$ 21,4 bilhões, livres de impostos, para a Fifa.
Apesar de constar ata da reunião o pedido dos dirigentes banidos por corrupção de 'atender a requisição da CBF para reconhecer o torneio de 1951 entre clubes da Europa e América do Sul vencido pelo Palmeiras como a primeira competição mundial de clubes', a Fifa jamais levou a sério tal reunião.
Tanto que no seu site oficial, não cita o Palmeiras como campeão mundial.
Só leva em consideração os Mundiais que organizou a partir de 2000.
Antes, a partir de 1960, chama de torneio Intercontinental, os disputados entre o campeão da Libertadores e o da Champions League.
Mas a entidade até aceita que os clubes que venceram entre 1960 e 2000 se intitulem campeões do mundo.
Com a palavra, o próprio presidente da Fifa, Gianni Infantino.
"Já decidimos dar o título de campeão mundial a todos que ganharam a Copa entre Europa e América do Sul desde 1960. Já 1951 é um pouquinho mais para trás", ironizou o dirigente, no dia 9 de abril de 2019, em uma visita ao Rio de Janeiro.
O que houve na sexta-feira foi apenas a tradução juramentada da ata da reunião, de dez anos atrás.
Foi entregue com toda reverência ao Palmeiras.
Mas a situação está mais do que resolvida.
Infelizmente, para 17,5 milhões de brasileiros, o Palmeiras segue sem Mundial.
A Copa Rio foi um torneio importantíssimo.
Amenizou o sofrimento com a perda da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã.
Mas não fez o clube paulista campeão do mundo.
Essa discussão é inócua.
Não leva a nada.
A Fifa deixou bem claro que só considera os clubes que conquistaram os torneios a partir de 1960.
Até porque o Fluminense, que venceu a Copa Rio de 1952, não insiste ser campeão do mundo. Porque os dirigentes sabem que o clube não é.
O que houve em 2014 foi um gesto de pura adulação de dirigentes que seriam banidos, por corrupção.
A festa nas redes sociais não se justifica.
Só expõe o clube mais uma vez ao vexame dos rivais.
Se o Palmeiras quer ser campeão do planeta, que vença a Libertadores e conquiste o torneio.
Este ou em qualquer próxima temporada.
Por enquanto, está mantida a frase, que incomoda muito os palmeirenses.
"O Palmeiras não tem Mundial..."
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