Acabou a paz de Neymar. Messi revela o quanto ele quer sair do PSG
Em rara entrevista, o argentino escancara o quanto Neymar se arrependeu de ter ido para a França. E que é obcecado por voltar ao Barcelona
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Parece uma maldição.
Tudo acontece para tirar o foco de Neymar.
Ele parece não poder se concentrar, na busca insana do PSG pela Champions.
Sempre um fator externo o trava.
Já foi contusão, suspensão.
Agora, quando o time acaba de perder para o Borussia Dortmund, no primeiro confronto eliminatório das oitavas-de-final, surge ninguém menos do que Messi.
O melhor jogador do mundo escancara o que todos desconfiam, mas que o brasileiro não assume publicamente.
Neymar está arrependido por ter ido para o PSG.
Mais do que isso, por virar as costas ao Barcelona.
E só pensa em voltar à Catalunha.
Se comporta como um prisioneiro no clube francês.
Mas ele e seu pai sabem bem a compensação que recebem.
Afinal, a 'gaiola dourada' custou 222 milhões de euros, que corresponde a atuais R$ 1,1 bilhão.
E garantiu salário de 36,5 milhões de euros por ano, R$ 169 milhões.
Ele abandonou o Barcelona para sair da sombra de Messi.
Egocêntrico, queria o protagonismo.
Ser o melhor do mundo.
Havia cansado de ser coadjuvante de luxo.
Só que não conseguiu.
Não tem o perfil, a determinação.
A personalidade para liderar.
Força psicológica suficiente para suportar a pressão.
Neymar nunca teve.
Foi, é, e faz questão de continuar sendo mimado.
Não abriu mão das farras, noitadas, incompatíveis para quem deseja chegar a número um.
Ronaldo e Ronaldinho, por exemplo, descambaram quando estavam no auge. Não antes de serem os melhores.

Neymar percebeu que errou e quer voltar para o aconchego de jogar ao lado de Messi. Desfrutar muito menos responsabilidade e cobrança destinadas aos coadjuvantes.
"Ele está com muita vontade de voltar.
"Sempre se mostrou arrependido."
Revelou a fonte menos suspeita, Lionel Messi.
São raríssimas as entrevistas do argentino. Mas ele falou ao jornal que mais defende o Barcelona, o catalão Mundo Deportivo.
Agora, no terceiro ano de PSG, quando a torcida começava a aceitar o polêmico brasileiro, Messi lembra os franceses, Neymar segue querendo, desesperadamente, ir embora da França.
O atacante sempre troca mensagens, fala ao telefone com Messi. Sempre que pode, o visita. Os dois se tornaram realmente grandes amigos. Por conta da acolhida que o argentino deu quando Neymar chegou à Catalunha, com 21 anos.
Neymar deixou o clube por protagonismo e pela firme postura do seu pai e empresário. Neymar 'pai' não se conformou com o Barcelona não o apoiar na briga contra a fisco espanhol, que acusava o filho de sonegação de impostos.
E resolveu, não só ceder ao dinheiro da família real qatariana. Ainda processou o Barcelona por não querer pagar o bônus pela renovação contratual assinada em 2016, que fixou seus direitos em 222 milhões de euros.
Não foi tanto pelo valor do bônus, 26 milhões de euros cerca de R$ 122,5 milhões, mas pela falta de atenção dos dirigentes catalães com "Juninho", como chama o atacante.

O arrependimento de Neymar se concretizou quando viu o potencial do PSG. Por mais dinheiro que o clube tenha, os dirigentes não conseguiram montar uma equipe imbatível. Apostando em treinadores médios, que precisam se submeter aos caprichos de Neymar e Mbappé.
Na França, o clube não precisa fixar o passe do atleta que contrata. Neymar assinou contrato de cinco anos. E o PSG pode pedir quanto quiser por ele. Se decidir exigir R$ 10 bilhões de reais, será este o preço.
Em dezembro de 2019, o Barcelona ofereceu 140 milhões de euros, atuais R$ 659 milhões. Mais o empréstimo do atacante francês Ousmane Dembelé e a ida em definitivo do meia croata Ivan Rakitic e do zagueiro francês Jean-Clair Todibo.
O PSG exigiu os mesmos 222 milhões que pagou. Neymar, desesperado para sair, ofereceu, do próprio bolso, 20 milhões de euros, cerca de R$ 94 milhões.
Fora implorar para que a negociação fosse fechada.
Ele queria ir embora de Paris.
Sua postura só despertou a ira da família real qatariana, dona do clube.
E aí que a negociação travou de vez.
Para Messi, há um caminho para o retorno de Neymar, no meio do ano. Ele pedir perdão para a diretoria e aos torcedores do Barcelona.
"Ele fez muito para voltar (ofereceu os tais 20 milhões de euros), e isso (pedir perdão) seria o primeiro passo", diz, de maneira aberta, o argentino.
O rancor pela saída de Neymar, abrupta e ainda cobrando na justiça o Barcelona, ainda pesa na Espanha, Messi admite.
"É normal que as pessoas vejam assim, pela maneira que ele se foi. A mim também incomodou em um momento, tentamos convencê-lo de que não fizesse isso.
"Mas no fim, todos queremos ganhar e ter os melhores ao lado.
Nós e a torcida.
Como disse antes, é um dos melhores e nos trazia muito no campo."
Messi tem interesse não só do amigo.
Desde que Neymar foi embora, o Real Madrid e o Liverpool venceram a Champions, em 2017/2018 e 2018/2019.
O clube catalão foi eliminado nas quartas, pela Roma, há dois anos. E no ano passado, na semifinal, pelo Liverpool.
O último título do Barcelona na Champions foi na temporada 2014/2015, com Neymar, Messi e Suárez desequilibrando o torneio.
O brasileiro faz muita falta dentro do campo.
Não há dúvida que os dois seguem conversando sobre o retorno.
Isso, em plena disputa da Champions League.
O que volta a incomodar a cúpula do PSG.
À torcida do clube francês.
A exatos 20 dias do confronto decisivo com o Borussia.
Messi sabota o ambiente do amigo em Paris.
L'Equie, Le Parisien e os jornais mais influentes franceses já destacam a entrevista de Messi. E voltam a lembrar o arrependimento de Neymar, a vontade que ele tem de ir embora de Paris.
A França vive uma onda nacionalista, comandada pelo presidente Emmanuel Macron.
Neymar é um estrangeiro, milionário, que é tratado como um príncipe. Mas se recusa a aprender a falar francês, apesar de estar há três anos jogando no PSG.
E não cansa de deixar claro que quer voltar ao Barcelona.
Aos braços de Messi.

Seu arrependimento é escancarado na pior hora.
Pela fonte mais confiável.
Outra vez Neymar perde o foco da Champions.
As questões são outras.
Será que a diretoria do PSG aceitará vendê-lo no meio do ano?
Há cabimento Neymar pedir perdão aos torcedores do Barcelona agora, com contrato até 2022 com o clube francês?
E se não pedir, os catalães o aceitam de volta?
As palavras de Messi têm poder...