Acabou a farsa. EUA e coronavírus adiam a Olimpíada de Tóquio
O bom senso e a pressão norte-americana venceram o dinheiro. Japão e COI adiam os Jogos para 2021. O coronavírus tornou impossível a disputa
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi a vitória do bom senso.
Apesar dos centenas de bilhões de dólares envolvidos.
Da enorme pressão dos patrocinadores, das redes de TV, das companhias aéreas, das redes hoteleiras, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, capitularam.
E as Olimpíadas de Tóquio estão oficialmente adiadas.
Pela primeira vez na história, sem ser por uma guerra mundial.
As que não aconteceram por conflitos foram Berlim-1916, Tóquio-1940 e Londres-1944.
O motivo desta vez é a pandemia do coronavírus.
O alemão Bach era o mais suscetível à pressão bilionária dos patrocinadores e das redes de TV.
Fez o que pôde para ganhar tempo.
Queria que a Olimpíada de Verão acontecesse, de qualquer maneira, entre julho e agosto.
Para não comprometer também a Olimpíada de Inverno, em 2022, em Pequim.
Shinzo Abe exigia as datas porque o Japão vive uma profunda recessão econômica. Com o PIB negativo, inclusive.
Bach manteve uma postura que beirava a alienação.
Fingia não enteder que os atletas não tinham como se preparar. A pandemia do coronavírus impediu, inclusive, várias disputas classificatórias para a Olimpíada.
O presidente do COI fez seu teatro até ontem, quando o Comitê Olímpíco dos Estados Unidos anunciou que não iria, de jeito algum, para os Jogos, em julho.
Bach e Shinzo Abe viram suas remotas esperanças ruírem de vez.
Os patrocinadores têm como público-alvo os Estados Unidos. Assim como as maiores redes de TV, que mais pagaram pela transmissão da competição, são norte-americanas.
Fora que a maioria dos 400 mil turistas que iriam aos jogos era formada por cidadãos norte-americanos.
Além disso, os Estados Unidos formam a maior potência olímpica do planeta.
Ninguém se esquece do fiasco esportivo que foi a Olimpíada da Rússia, em 1980, sem eles.
A Olimpíada ficou absolutamente inviável.
Oficialmente, o Japão 'pediu' para o verão de 2021.
Entre julho e agosto, como estava marcada em 2020.
Um ano de prazo.
O COI também sabia que é a melhor opção.
O bom senso venceu.
Com o empurrão dos Estados Unidos...
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