Abel mostra taticamente, contra o São Paulo, razões para assumir a Seleção. Porém, a 11ª expulsão dá razão aos que dizem ‘não’
Palmeiras encurralou o São Paulo, venceu por 1 a 0 e segue líder do Brasileiro. Deu 15 chutes a gol contra apenas seis do rival. E ainda poupou cinco jogadores. Planejamento de Abel. Mas o português, de novo, não se controlou e tomou vermelho. Abandonando o time
Cosme Rímoli|Do R7

Aos 49 minutos do segundo tempo foi feita a justiça.
Vitor Roque marcou o gol do dominante Palmeiras contra o encurralado São Paulo.
1 a 0, liderança isolada do Brasileiro.
O primeiro entre 20 clubes.
Oito jogos, seis vitórias, um empate e uma derrota.
Assim como também o time está em primeiro na classificação geral, entre 32 equipes da Libertadores.
Quatro partidas e quatro vitórias.
No clássico de hoje, contra o até então único invicto do Brasileiro, Abel Ferreira foi perfeito taticamente.
Travou a válvula de escape de Luis Zubeldía, o lado esquerdo do ataque do São Paulo.
Foi a vitalidade de Giay e Aníbal Moreno contra o pequenino Ferrerinha.
E ganhou a intermediária com Richard Ríos, Allan, Piquerez e o auxílio de Paulinho.
Enquanto Estêvão demonstrava seu talento, não só pela direita, mas revezando pelo meio.
E Flaco López, depois Vitor Roque, abriam espaço na zaga com cinco marcadores de Zubeldía.
O São Paulo não é o time com mais empates no Brasileiro à toa.
Entrou para não perder na arena Barueri, missão tática pequena demais para um gigante.
Abel soube como não dar respiro ao rival.
Mesmo com cinco trocas em relação ao time que venceu o Cerro no Paraguai.
Os 15 arremates a gol contra só seis demonstra o domínio verde.
O versátil, corajoso, lutador Palmeiras se impôs diante do defensivista São Paulo.
Abel não tem dez títulos e 13 finais, desde que chegou ao Brasil, em outubro de 2020, à toa.
Ninguém fez nada parecido.
Por isso, quando é citado como candidato à Seleção, é mais do que justo.
Só que ele não pôde ver no banco de reservas o gol de Vitor Roque, que decidiu o clássico.
Por quê?
Porque aos 16 minutos do segundo tempo, ele xingou o árbitro Rafael Rodrigo Klein.
Por não ter dado cartão amarelo a Alan Franco, que segurou Estêvão.
O palmeirense levou vantagem na jogada.
O cartão amarelo pedido era justo.
Mas a forma revoltada e ofensiva que o treinador se comportou diante do erro do árbitro é inaceitável.
Palavrões são punidos com cartão vermelho em todo o mundo e em todas as competições.
Na cúpula da CBF, o treinador português é visto como vitorioso, moderno, mas imaturo emocionalmente.

O medo é entregar a Seleção Brasileira nas suas mãos e ele for expulso em jogo decisivo de uma Copa do Mundo.
Por exemplo, uma semifinal.
Além de deixar o time sem seu comandante, a pessoa que transmitiria confiança, vibração, administraria taticamente os jogadores, ainda ficaria suspenso em uma final, caso o Brasil passasse por essa suposta semifinal.
11 expulsões e mais de 50 cartões amarelos desde outubro de 2020 é um triste recorde.
E que dá razão aos que não o querem no comando da Seleção.
Abel Ferreira segue respaldado por Leila Pereira, que o considera o treinador ideal para seguir até seu último dia de mandato, em dezembro de 2027.
Em todos os cartões e suspensões que tomou, o português teve o apoio total e irrestrito da presidente.
Como hoje.
Ele não quis dar entrevista coletiva, não queria falar sobre mais uma expulsão.
O executivo Anderson Barros mandou a assessoria de imprensa avisar aos jornalistas.
O departamento de futebol do Palmeiras o liberou da coletiva.
Para poupar o treinador, que ‘estava certo’ na reclamação.
O auxiliar João Martins foi quem falou.

O comportamento de Abel Ferreira serve para o Palmeiras.
As vitórias e conquistas compensam as suas explosões, os cartões vermelhos, os amarelos.
As suspensões.
Mas para a Seleção Brasileira é arriscado demais.
E também conveniente para os que não aceitam sua rebeldia.
O treinador português não comandará o Palmeiras em Bragança, contra o Red Bull Bragantino, no domingo.
Mais uma vez suspenso.
Virou rotina.
Assim como suas conquistas e vitórias.
Mas seguirá longe da Seleção Brasileira...
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O auxiliar técnico do Palmeiras falou sobre o autor do gol da vitória contra o São Paulo.