Abel Ferreira, humilde, celebra primeira final no Brasil. "O trabalho foi coletivo"
PalmeirasSão Paulo, Brasil
Nem o badalado Jorge Jesus conseguiu.
Se o Flamengo de Jesus, em 2019, parou nas quartas-de-final, eliminado pelo Athletico Paranaense, o também português Abel Ferreira levou o Palmeiras à final da Copa do Brasil, no seu primeiro ano de Brasil.
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E vibrou muito, com a vitória, em Belo Horizonte, por 2 a 0, diante do América Mineiro, de Lisca Doido, a surpresa da competição.
Destacou o quanto foi difícil para o Palmeiras ser o favorito, nesta semifinal.
"Nessa eliminatória, só nós tínhamos a perder. Jogamos contra uma equipe que não tinha responsabilidade nenhuma e fazia o jogo da vida, com uma campanha fantástica.]
"Nós, Palmeiras, tínhamos toda a responsabilidade em cima de nós.
"Há que valorizar essa pressão extra
"Só o Palmeiras tinha a responsabilidade nas costas", destacava, emocionado.
Realmente, Abel sabia que a responsabilidade maior era sua, já que entre os quatro semifinalistas, o América tinha o elenco mais fraco. E está disputando a Segunda Divisão, a Série B.
O treinador, com conceitos táticos modernos, deu outra relevância ao time que capengava nas mãos ultrapassadas de Vanderlei Luxemburgo, que ironizou o mesmo elenco.
"Tem que ver se tenho time para jogar bonito", disse, no dia 10 de outubro. Cinco dias depois, foi sumariamente demitido.
Depois das negativas do espanhol Miguel Angel Ramírez e do argentino Sebastián Beccacece, Ferreira aceitou a proposta do Palmeiras, já que estava para ser demitido do PAOK, na Grécia, por uma campanha instável e ter problemas de relacionamento com o elenco.
Mas, por enquanto, tem o controle absoluto do futebol no Palmeiras.
Impôs intensidade, velocidade e objetividade.
Daí a chegada à final da Copa do Brasil.
Em Belo Horizonte, depois do primeiro tempo equilibrado, Abel Ferreira mudou o panorama do jogo.
Adiantou as linhas, compactou os jogadores.
Luiz Adriano dá o mérito da vitória ao técnico português.
"O momento de virada foi no intervalo. O treinador ajeitou o time. Foi fundamental, mandou ter tranquilidade porque no segundo tempo teria espaço. A gente conseguiu o espaço e marcamos antes que eles", dizia o autor do primeiro gol. O segundo foi de Rony.
Estar na primeira final no futebol brasileiro, em dois meses de trabalho foi encarado com humildade por Abel Ferreira.
"Isso é fruto do trabalho de muita gente. É fruto do trabalho dos jogadores. É fruto dos diretores que nos proporcionaram uma logística fantástica, Nada nos falta. Eu já disse isso, não é a primeira vez.
"O mais importante é valorizar o trabalho coletivo."
Postura nada comum nos treinadores deste país.
Abel Ferreira optou por três atacantes no início do jogo, sem ter outro no banco: Willian, Luiz Adriano e Rony.
Luiz Adriano celebra. Os jogadores sabiam da obrigação de eliminar o América
Cesar Greco/Palmeiras"Não poderia falar aos jogadores que precisávamos ganhar e estar na final, mas colocar uma equipe com jogadores de contensão. As vezes é preciso, mas quis passar que queríamos resolver nos 90 minutos e evitar os pênaltis."
Os dois jogos finais da Copa do Brasil, contra o Grêmio serão em fevereiro.
Antes, Abel tem outra grave preocupação.
"Quando cheguei, o Palmeiras teve oito partidas em um mês. Em dezembro foram nove jogos. Em janeiro, serão nove. Nunca na minha carreira tive um calendário destes", dizia, irritado.
Mas a irritação logo passou.
Ele sabia que tinha o que comemorar.
Levou o Palmeiras à final da Copa do Brasil.
Assumiu, cumpriu sua responsabilidade, diante do América Mineiro.
Foi além de Jorge Jesus...
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