A vontade de Neymar prevaleceu. E ele será operado. No Brasil
Médicos da Seleção e do PSG fizeram tudo para evitar a cirurgia. Mas será colocado um parafuso na fissura no jogador. Deverá voltar só em maio
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli
Rodrigo Lasmar, representando a Seleção Brasileira, e Gérard Saillant, o Paris Saint-Germain, fizeram todos os exames, aventaram todas as possibilidades. Mas não houve saída. Os dois médicos tiveram de ceder ao desejo de Neymar. E decidiram que a melhor saída para enfrentar a fissura no quinto metatarso é mesmo a operação. Um pino será implantado no pé direito do jogador fundamental do Brasil e do PSG.
E a esperança é que ele esteja recuperado em maio, a um mês do início da Copa da Rússia. O maior desejo do atacante de 26 anos.
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Lasmar e Saillant tinham a esperança que a fissura não fosse tão grande. Se fosse menor, bastaria a imobilização e a renegenaração natural do jogador. Só que ela é maior que os dois esperavam. Havia o risco de demorar mais do que dois meses, se fosse o método convencional.
Ou, que o calo ósseo que consolidaria a fissura estivesse frágil ainda durante a Copa. E que o pontapé de um adversário ou mesmo uma outra torção que Neymar sofresse sozinho, transformasse a fissura em uma fratura. Fazendo com que a recuperação levasse pelo menos mais seis meses.
A saída será a operação do jogador. No Brasil, como também desejava Neymar. Para ficar, pelo menos no início de sua recuperação, ao lado de toda a família e dos seus amigos, namorada, filho. Foi um pedido do atleta de 26 anos. E será feito assim. Neste final de semana. O local ainda está sendo definido. Possivelmente, em São Paulo.
Rodrigo Lasmar e Gérard Saillant serão os responsáveis pela cirurgia. Estarão a serviço dos dois maiores interessados: a Seleção Brasileira e o PSG.
Tite tinha uma mínima esperança que Lasmar desse boas notícias da França. A medicina esportiva brasileira, principalmente a ortopédica, está à frente da europeia. O treinador não queria correr o risco de ver seu jogador fundamental exposto em uma cirurgia. Não o convence a ideia de que em dois meses tudo estará resolvido.
Ele sabe que não é assim. E tem o exemplo bem próximo. Gabriel Jesus precisou fazer a mesma cirurgia, no mesmo quinto metatarso. A contusão aconteceu no dia 13 de fevereiro de 2017, quando o Manchester City enfrentava o Bournemouth. Ele foi operado em Barcelona, a mando do treinador catalão Pep Guardiola, três dias depois. Retornou aos campos aos poucos, no final de abril. Mas demorou a readquirir o mesmo ritmo anterior. Pelo menos três meses. Alternou bons e péssimas partidas. O que é muito normal para quem volta de uma cirurgia e mais de 60 dias parado.
Neymar tem 26 anos. E nunca teve de operar suas pernas. Sofreu sim, uma cirurgia, por ter fraturado uma vértebra, jogando contra a Colômbia, na Copa do Mundo de 2014. Ficou fora da semifinal. Não estava nas derrotas por 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal, e no 3 a 0 para a Holanda, na disputa do quarto lugar. Seu tratamento, que levaria seis semanas, foi prorrogado por causa das férias. Só depois de dois meses estava treinando como antes.
Agora, tudo deverá ser acelerado. Nada pode dar errado. Neymar é jovem, mas não é nenhum menino. Aos 26 anos, seu organismo está sendo submetido a uma estressante rotina de jogos e treinamentos há pelo menos nove anos.
Médicos ortopedistas consagrados garantem que a recuperação não é automática. Leva um certo tempo para a coordenação perfeita dos movimentos. Ainda mais um jogador tão habilidoso e driblador quanto Neymar. E que precisa correr, brecar, mudar a direção de seu corpo com a bola em velocidade, para enganar os seus marcadores.
Tudo fica mais complicado porque, embora tenha garantido que a Seleção Brasileira se baseie no conjunto, no íntimo, Tite sabe. Neymar é o grande trunfo individual na luta pela conquista do hexacampeonato mundial.
A cirurgia era desejo de Neymar assim que tomou ciência do quadro clínico. Ele não quis em nenhum segundo se arriscar a ficar imobilizado. E depois apenas torcer para que a fissura tivesse sido consolidada. O medo de que a consolidação não fosse perfeita e, que ficasse sujeito a uma fratura, foi decisivo.
Tite sabe que os amistosos que ele tanto desejava, contra a Rússia e, principalmente, diante da Alemanha, perderam grande parte do seu interesse. Ele colocará um time que não quer na Copa do Mundo. Uma equipe sem Neymar. Philippe Coutinho e Willian terão a chance de atuar juntos, como o treinador desejava. Mas sem o seu jogador referência no ataque, os testes perderão grande parte de sua validade.
O técnico do PSG, o espanhol Unai Emery, também geme de tristeza. Neymar era o seu grande trunfo no sonho de reviravolta contra o Real Madrid, pelas quartas de final da Champions. Mesmo sabendo da contusão do brasileiro, Unai sonhou ao menos tentar levar a dúvida para Zidane até o dia 6 de março, dia da revanche. Nem isso conseguiu.
Chocado com o diagnóstico, Neymar resolveu se calar.
Suas redes sociais estão silenciosas.
Uma operação é tudo o que qualquer jogador não deseja.
Ainda mais com a previsão de recuperação a um mês da Copa.
Só que não houve como fugir.
Rodrigo Lasmar e Gérard Saillant pensaram em todas as possibilidades.
Mas a única garantida é a que será feita.
Um parafuso de platina para juntar o osso fissurado.
Para apressar a cicatrização.
De forma anatômica.
E esperar os dois meses de recuperação.
O futuro da Seleção na Copa da Rússia depende dessa cirurgia...
(A operação deverá acontecer em Belo Horizonte...)
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