A maior virada da história da Champions. Liverpool 4 a 0
Estratégia, vibração, força física, técnica. O Liverpool de Klopp foi avassalador diante do Barcelona de Messi. Está na final da Champions com justiça
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi espetacular.
O Liverpool começou uma das maiores vitórias de sua história antes de a bola rolar.
Sua torcida, ensandecida, parecia prever o que aconteceria no estádio Anfield.
O time de Jürgen Klopp havia perdido por 3 a 0 na primeira partida semifinal da Champions League.
E diante do Barcelona do melhor jogador do mundo, Messi.
Melhor defesa e melhor ataque da Champions.
Isso sem o time inglês poder escalar dois atacantes fundamentais no seu elenco: Salah e Roberto Firmino.
Missão impossível?
Não para o Liverpool.
Em uma jornada memorável, inesquecível, o time venceu por 4 a 0.
E chegou outra vez à final da competição mais importante de clubes do planeta.
Dia primeiro de junho, o Liverpool estará lá.
"Os garotos são fod...", dizia, sem meias palavras, o entusiasmado Klopp.
O ápice veio após o confronto.
Com jogadores, torcida e Klopp cantando juntos a música que eterniza o Liverpool, You Never Walk Alone (Você nunca estará sozinho.)
Vale a letra, traduzida.
Quando você caminhar por uma tempestade
Mantenha sua cabeça erguida
E não tenha medo da escuridão
No fim da tempestade
Há um céu dourado
E a doce canção prateada de uma cotovia
Caminhe
Pelo vento
Caminhe
Pela chuva
Apesar de seus sonhos serem lançados e soprados
Caminhe
Caminhe
Com esperança
No seu coração
E você nunca caminhará sozinho
Você nunca caminhará sozinho
Caminhe
Caminhe
Com esperança
No seu coração
E você nunca caminhará sozinho
Você nunca caminhará sozinho...
E o Liverpool nunca esteve sozinho nesse jogo fundamental de sua história.
Para suportar o pressing, a marcação sob pressão desde os primeiros minutos até conseguir pelo menos seus três primeiros gols, a atmosfera proporcionada pelos torcedores acabou sendo primordial.
De nada adiantou o técnico Ernesto Valverde haver avisado que se seu time mantivesse o foco sairia vivo de Anfield.
A equipe toda foi superada psicologicamente, engolida pela força física, estratégica, e pelo princípio básico do futebol, a vontade desenfreada de vencer.
Klopp encurralou os espanhóis no seu campo. Não os deixou ter oxigênio. Seu time não atacava. Se encarregava de dominar a intermediária do Barcelona. Forçava seus adversários a entregarem a bola de volta, a cada ataque desperdiçado.
E o time catalão tinha um calcanhar de Aquiles. Jordi Alba estava especialmente mal. Inseguro, tenso, lento, previsível.
Foi pelo lado esquerdo que os ingleses começaram uma das maiores viradas da história da Champions League.
Logo aos sete minutos, Alba começou a desabar. Errou recuo infantil, Mané conseguiu levar vantagem, a bola sobrou para Henderson, que chutou forte, rasteiro, Ter Stegen fez excelente defesa, mas no rebote Origi empurrou para as redes 1 a 0.
Parecia a senha para os torcedores ingleses ficarem extasiados de uma vez. A troca de vibração entre time e arquibancada era fantástica. O time catalão não conseguia ser mais do que um figurante neste enredo.
O plano de Valverde de tocar a bola, diminuir o ritmo de jogo foi de uma inutilidade exemplar.
Busquets, Rakitic, Vidal foram engolidos pela volúpia do meio campo inglês, com troca de passes e de posição. Philippe Coutinho foi figura decorativa. Suarez e Messi ficaram isolados, desconectados do restante do time.
1 a 0 foi pouco, injusto.
Porém promissor.
No intervalo, Klopp tinha de ser ainda mais ousado. E trocou o lateral esquerdo Robertson pelo meia-atacante Wijnaldum. Mais força e jogo aéreo no ataque.
O treinador alemão estava iluminado.
Logo aos nove minutos, Rakitic, nervoso, errou um passe, Alba, para variar, perdeu a dividida para Arnold. O cruzamento ainda desviou na zaga e sobrou de forma incrível para Wijnaldum chutar no contrapé de Ter Stegen. 2 a 0.
A loucura se instalou de vez.
O terceiro gol veio dois minutos depois.
O versátil Shaqiri descobriu Wijnaldum livre para estufar as redes espanholas com uma cabeçada violentíssima. 3 a 0, Liverpool.
Messi e Suárez estavam desconsolados.
Viam que seus companheiros iriam tirar o time da final da Champions.
E o gol da virada, da consagração, dos 4 a 0 veio de maneira incrível.
Que retrata como o Liverpool destruiu psicologicamente o time catalão.
Alexander-Arnold, de apenas 20 anos, agiu como um veterano.
Ao notar a defesa do Barcelona desmontada, cobrou o escanteio de forma mais rápida possível, se aproveitou da inacreditável desatenção.
Origi se aproveitou com prazer.
Marcou aos 34 minutos o gol que sacramentou a passagem do Liverpool à final da Champions, para desespero dos jogadores do Barcelona.
A vitória foi fabulosa.
E mais do que do Liverpool.
Foi do futebol.
Uma aula estratégica, de superação, de amor pela vitória.
O Liverpool de Klopp nunca andará sozinho...
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