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A cena mais vergonhosa do jornalismo esportivo na tevê. Comentarista imita goleiro negro. E emite som de macaco. É demitido

Farid Germano, comentarista, quis ironizar os 13 anos que o Inter perdeu no Mundial do Mazembe. Se sentou no chão do programa Donos da Bola, da Band RS, e imitou o goleiro negro Kidiaba. E guinchou imitando um macaco

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


A Band agiu rápido e demitiu Farid. Imitou o goleiro Kidiaba. Mas guinchando como um macaco. Inaceitável
A Band agiu rápido e demitiu Farid. Imitou o goleiro Kidiaba. Mas guinchando como um macaco. Inaceitável

São Paulo, Brasil

Foi a cena mais deprimente do jornalismo esportivo.

Neste 2023 não se viu nada parecido neste país.

Nem em tempos passados da tevê brasileira.

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Na quinta-feira, com a desculpa de comemorar os 13 anos da eliminação do Internacional para o Mazembe, na semifinal do Mundial de Clubes, o jornalista Farid Germano Filho, que estava no programa Donos da Bola, na TV Bandeirantes, do Rio Grande do Sul, decidiu agir.

Gremista assumido, quis ironizar o rival colorado.

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Este senhor de 57 anos se sentou no chão e, em frente às câmeras, imitou o goleiro Kidiaba, do Mazembe, clube do Congo, celebrando a eliminação do clube brasileiro.

Sentado, usou as pernas e o tronco para se movimentar, para a frente.

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Sorrindo para as câmeras.

Não se intimidou diante do constrangimento dos colegas.

E foi além.

Começou a emitir sons, guinchar, como macaco.

Kidiaba é negro.

Ato racista inacreditável, inaceitável, deprimente.

Justo um jornalista, que deveria denunciar uma das atitudes mais repugnantes do ser humano, se prestou a comparar um atleta africano a um símio, um macaco.

A cena repercutiu no Brasil todo.

A pressão, nas redes sociais, sobre o grupo Bandeirantes, não só do Rio Grande do Sul, foi enorme.

E a emissora, cujo poder é centralizado em São Paulo, agiu imediatamente.

Demitiu Farid.

O apresentador Filipe Gamba, no programa de ontem, já sem Farid, fez um editorial pedindo desculpas para os telespectadores em nome da Band.

"No momento dessa imitação, Farid, aqui nesse chão, sentou-se e emitiu sons de macaco. A mensagem transmitida foi uma mensagem racista. Essa mensagem atinge uma causa. Não colabora em absolutamente nada no combate ao racismo.

"É um pedido de desculpas porque a mensagem ofendeu, e ofendeu muito", assumiu Gamba.

Farid, sentado no chão, encarando as câmeras. Imita Kidiaba e emite som de macaco
Farid, sentado no chão, encarando as câmeras. Imita Kidiaba e emite som de macaco

O Atlético Ribeirense, clube gaúcho de futebol de sete, que tinha com Farid um contrato para divulgar o município de Barra do Ribeiro, acabou com o vínculo.

Nas redes sociais, o jornalista e influenciador digital foi repudiado.

Milhares de mensagens atacaram seu ato racista.

Gamba estava envergonhado.

"É um pedido de desculpas porque a mensagem ofendeu, e ofendeu muito.

"Um episódio assim fortalece o seguinte. Não basta a gente não ser racista. É preciso, além de ser antirracista, mostrar que somos contra o preconceito."

Diante da grave situação, Farid não teve saída.

E resumiu sua atitude como 'um erro'.

"Faço esta manifestação de muito pesar, com o coração aberto.

"Cometi um erro grave no 'Donos da Bola' de ontem, na nossa TV Bandeirantes. Errei, fiz a imitação do jogador Kidiaba e alguns sons que caracterizam racismo".

"Como ser humano tenho o direito de errar, mas não posso repetir os meus erros e estou aqui para pedir desculpas para todos que me acompanham, que me seguem e me conhecem. Meu coração sangra, com a máxima verdade", disse o jornalista nas redes sociais.

Kidiaba, goleiro do Mazembe, em 2010. Farid imitou o goleiro. Guinchou como um macaco. Vergonhoso
Kidiaba, goleiro do Mazembe, em 2010. Farid imitou o goleiro. Guinchou como um macaco. Vergonhoso

Além da demissão de Farid, a Band resolveu tirar o programa de quinta-feira de suas redes sociais.

Mas a atitude repugnante já está espalhada na Internet.

O canal do jornalista no youtube tem 214 mil inscritos.

Na madrugada deste sábado eram mais de 1.300 comentários.

A esmagadora maioria criticando o jornalista pelo ato racista.

A Band agiu rápido.

Farid começou sua carreira há 32 anos, na rádio Gaúcha. 

Tem como lema 'não se briga com a notícia'.

E a notícia que protagonizou é vexatória.

Comparar um atleta negro a um macaco é inaceitável.

O jornalismo brasileiro tem de se envergonhar pela cena.

E as autoridades analisarem se não foi cometido um crime.

Ou o que é injúria racial?

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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