30% dos salários. Um e-mail. E muita revolta. O Santos, de Peres
O presidente Peres abalou os jogadores. Eles não esperavam a redução de 70% nos salários. Foram avisados por e-mail. A revolta domina o clube
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi a pior negociação, a mais autoritária.
A que mais provocou revolta entre os jogadores.
Atletas importantes estão repensando suas carreiras.
Estão desgostosos, irritados na Vila Belmiro.
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O presidente José Carlos Peres mostrou outra vez o quanto é autoritário e não sabe conduzir o elenco, em um momento tenso, delicado, importante quanto essa pandemia.
E no auge dos infectados e mortos no Brasil.
Sim, o Santos já deve mais de R$ 400 milhões. Está sem jogar, sem receber as parcelas do Paulista e do Brasileiro da Globo. Assim como não arrecada. Patrocinadores pedem para rever contratos. E os sócios-torcedores estão deixando de pagar suas mensalidades.
Tudo isso está acontecendo.
Mas a postura de Peres em relação à redução dos salários foi absurda.
Ele procurou o elenco em março e foi claro. Queria reduzir os salários em 50%. Os atletas não concordaram, alegaram que a quantia era alta demais. E sugeriram 30%.
Os atletas entenderam que estava tudo certo, com a redução menor.
Fevereiro e março os salários foram pagos integralmente.
Até que no dia 1º de abril, o governo federal publicou uma Medida Provisória autorizando as empresas a reduzirem 70% dos salários.
Logo em seguida, Peres voltou a conversar com os jogadores e disse que o clube estava disposto a acatar a decisão.
Os jogadores não concordaram e acreditaram que o assunto seria esquecido e prevaleceria os 30% de desconto.
Mas ontem chegou o pagamento dos atletas de abril. Junto com ele, um singelo e-mail para cada um da diretoria.
O presidente Peres avisava que aqueles que recebessem mais de R$ 6 mil teriam 70% de desconto em seus salários.
Como permite a legislação.
E pela mensagem há a interpretação que a redução de 70% pode seguir nos salários de maio e junho.
A compensação dessa enorme redução poderá ser resolvida no futuro, foi escrito, sem a diretoria se comprometer.
Revoltados, jogadores mostraram sua insatisfação, em off, sem querer se identificar, com os jornalistas.
Peres conseguiu incendiar a Vila Belmiro.
Se os atletas mantiverem o que estão falando com repórteres, principalmente que moram em Santos, muitos vão deixar o clube quando a pandemia passar.
Vários prometeram já acionar seus advogados e buscarem uma solução para que os contratos assinados sejam cumpridos, com pagamentos integrais.
O presidente do Sindicato dos Atletas de São Paulo, Rinaldo Martorelli, se posicionou.
"Eu lamento e me assusta a forma com que o Santos está tratando o tema. A gente tem conversado bastante com os dirigentes e com atletas estimulando uma negociação. O que é uma negociação? É uma troca. Eu ganho de um lado e cedo do outro. Me assusta ainda mais essa notícia de que o Santos está usando um acordo coletivo que não é da categoria.
"Além do desrespeito, o Santos vai ter problema daqui a pouco. Está abrindo uma grande brecha, ou para o atleta requerer imediatamente o rompimento do contrato, ou para que mais tarde ele venha também judicialmente buscar o ressarcimento daquilo que lhe foi tirado."
A atitude de Peres está dentro da lei.
Mas inaceitável como presidente de um clube tão importante.
Os jogadores foram desprezados.
O trabalho não é conduzido dessa maneira no futebol.
O futuro dirá...
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