João Fonseca sobe 31 posições e já é top 70
Temos motivos para comemorar ou ainda é cedo?

A conquista do ATP 250 de Buenos Aires, neste domingo (16), fez o brasileiro João Fonseca dar um salto considerável no ranking. Ao desembarcar na capital portenha, ele era o número 99 do mundo. Nesta segunda-feira, no site da ATP, o brasileiro ocupa o posto 68. E é o número 1 do Brasil!
Mas, o troféu que ergueu depois de derrotar o melhor tenista da Argentina, Francisco Cerúndolo, já faz parte do passado. Porque, esta semana, Fonseca já tem um novo desafio pela frente.
No Rio Open, ele defende 100 pontos por ter chegado às quartas de final no ano passado, eliminado justamente por um argentino, Mariano Navone. Os dois se reencontraram em Buenos Aires, também nas quartas, e Fonseca deu o troco.
Dependendo de uma combinação de resultados, e, quem sabe, um eventual título, João Fonseca poderia chegar ao top 50.
Mas aí, bem, aí, cabe uma reflexão. Será que estamos indo depressa demais? Nasceu mesmo uma estrela? Será que a carência de um jogador na elite do tênis mundial, desde a aposentadoria de Guga Kuerten, está pressionando comentaristas, jogadores e público a aceitarem João Fonseca como novo fenômeno? Estamos todos “fonsequizados”?
Não há resposta fácil. Todas podem ter sim e não como resposta.
Na opinião do blog, sim, estamos carentes de um tenista de ponta. Sim, estamos indo depressa demais, mas que culpa temos se o menino já se comporta como gente grande com a raquete na mão? O que Fonseca diz sobre Fonseca: “Penso que a minha melhor qualidade é não ter medo de atacar a bola e bater com toda a força nos momentos de aperto dos jogos. Gosto muito da coragem que demonstro nos momentos apertados. Gosto da maturidade que demonstro nesses momentos e espero poder continuar desfrutando destas situações e destes jogos”.
De outro lado, é preciso cautela, não é preciso ir tão rapidamente, como bem disse o número 2 do mundo, Alexander Zverev, em entrevista antes do Rio Open.
“Eu tive um caminho parecido com o dele. Idades semelhantes. Ele tem talento, caso contrário, não teria os resultados que está tendo”. O alemão disse que conversou com Fonseca e o achou muito pé no chão. “O mais importante é perceber: essas são apenas as primeiras etapas, e todos nós precisamos nos acalmar. Não significa que depois de amanhã, eu vou ser o número um do mundo, vou ganhar 25 Grand Slams e ser o melhor jogador de todos os tempos”. E finalizou com uma frase que, para nós, pode não ser muito agradável, mas que resume o que o brasileiro tem pela frente. “Ainda tem um longo processo para se tornar top 20, top 10, para competir por títulos de Masters, por Grand Slams. É tudo um processo, e ele está fazendo tudo certo”.
Mais uma vez, sim, João Fonseca é um fenômeno. Mas, fenômenos chegam e passam, como cometas. Por isso, é preciso que o grande, o imenso, o enorme potencial que a gente enxerga no carioca de 18 anos seja aproveitado e explorado para que ele mantenha o foco naquilo que ele mesmo declarou que é seu sonho desde criança, jogar tênis.
É preciso pensar que não é porque venceu o ATP 250 de Buenos Aires, e se tornou o mais jovem campeão do torneio, que João Fonseca é o melhor tenista da atualidade. Ou que, se ele for eliminado no Rio Open, é um blefe. Nada disso.
João Fonseca é um baita jogador de tênis, e o tempo e sua aplicação, humildade e técnica vão mostrar se o caminho que ele começa a percorrer é o mais certo. Vitórias e derrotas virão, com certeza, porque é da natureza do esporte.
Mas, para este blog, a sensação de assistir João Fonseca na quadra anda muito parecida com a que eu tinha quando o Guga jogava. A gente sabia que ele ia protagonizar jogadas incríveis e cometer erros, alguns até bobos. Mas era só uma questão de tempo. No fim, o árbitro de cadeira diria “game, set, match Gustavo Kuerten…”
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