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Portuguesa se segura para não demitir nem atrasar salários no ano do centenário

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Assumir a presidência da Portuguesa no ano de seu centenário já não seria uma tarefa das mais tranquilas. Agora, assumir durante a pandemia de um vírus desconhecido, que paralisou o futebol mundial e afetou os clubes financeiramente, torna essa tarefa ainda mais complicada. Contudo, por mais adversa que seja a situação, Antônio Carlos Castanheira, de 55 anos, tem colhido bons resultados no início de sua gestão. O clube não demitiu funcionários, não atrasou salários, está reformando o gramado de seu estádio e permanece ativo no mercado da bola.

"Estamos fazendo ações de marketing, principalmente virtuais, que estão gerando receitas. Alinhamos financeiramente o pagamento dos funcionários e jogadores. Encontramos uma equação, para não deixar faltar o pão de cada dia na mesa ninguém", revelou o presidente, em entrevista exclusiva ao Estadão.

A eleição de Castanheira foi marcada por uma síntese do que a Portuguesa vive desde o seu rebaixamento para Série B do Campeonato Brasileiro em 2013: confusão. Durante a votação, socos foram trocados entre ele e seu adversário político. No final da apuração, seus apoiadores puderam brincar que ele ganhou tanto no voto quanto na briga.

E haja briga pela frente. A Portuguesa não tem o que comemorar há sete anos. Foram rebaixamentos consecutivos, que culminaram na saída do cenário nacional do futebol brasileiro em 2017. Ou seja, aquela Portuguesa, protagonista nas décadas de 1970 e 1990, que chegou a ter mais 90 mil sócios no quadro associativo, não possui mais divisão no âmbito nacional. Castanheira sabe que o caminho será difícil e projeta um passo de cada vez.

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"Nossa meta é subir de divisão no Campeonato Paulista. Se houver a Copa Paulista, também pretendemos conquistar a vaga nas divisões do futebol brasileiro. Portanto, queremos iniciar 2021 com um calendário nacional e na primeira divisão estadual", disse.

A chegada do novo coronavírus, no Brasil, paralisou todas as competições sob a tutela da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As federações estaduais seguiram a mesma linha e suspenderam seus torneios. Há três rodadas do término da primeira fase da Série A2 do Campeonato Paulista, a Portuguesa se encontra na oitava colocação com 18 pontos, três atrás do segundo colocado Taubaté. Castanheira cravou que o torneio voltará a ser disputado e a principal meta de sua equipe continuará viva.

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"Estamos conversando com o Reinaldo (Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol) e a Série A2 com certeza irá voltar e ser encerrada. Resta definir os devidos protocolos e os locais em que ocorrerão as partidas. Tudo isso está em fase de finalização. Espero que em isso seja definido agora em junho. A meu ver, a A2 será retomada no final de julho, começo de agosto, enquanto a Série A deve ser reiniciada no começo de julho", afirmou o presidente.

Além disso, Castanheira pretende mudar a gestão de futebol da Portuguesa para um modelo empresarial. O presidente entende que o departamento de futebol deve se isolar do departamento social.

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"Estamos transformando a gestão da Portuguesa virtualmente. Mesmo que ainda não haja um CNPJ de empresa, teremos um modelo de gestão empresarial. Estou montando todos os departamentos no CT, o jurídico, de marketing e de comunicação. Todos separados do clube. Estamos também implementando um departamento administrativo e financeiro isolados. Ou seja, as despesas do futebol são do futebol e o que é despesa do clube é do clube. Tudo separado", explicou.

Também está na meta do presidente transformar o Canindé em uma arena multiuso, no estilo do Allianz Parque, do Palmeiras. Castanheira afirmou que somente com investimentos de grande porte será possível reduzir os passivos do clube.

"A arena permanecerá no local em que ela está. Vamos repaginar o projeto. Alguns investidores estavam trabalhando comigo anteriormente, mas, infelizmente, com a pandemia, tudo parou. Acredito que poderemos retomar o projeto o mais rápido possível. A arena é a solução do passivo grande da Portuguesa. Queremos elaborar um local multiuso, com um centro de convenções e serviço de hotelaria anexados. O plano é angariar receitas grandes, para pagar nosso passivo. Um passivo como o que acumulamos não será pago com aluguel de churrascaria", disse.

MERCADO - Em meio ao cenário adverso, a Portuguesa tem conseguido realizar a contratação de novos reforços, como o zagueiro Ícaro, anunciado na primeira semana de junho. Castanheira afirma que isso é reflexo da retomada de credibilidade do clube.

"Com o resgate da credibilidade e do trabalho sério, conseguimos trazer reforços. Os jogadores estão entendendo que o momento da Portuguesa mudou e que é propício, ainda mais agora no centenário do clube. Vamos resgatar sua tradição no futebol paulista. Uma equipe como a Portuguesa não pode ficar tanto tempo na segunda divisão", afirmou.

Nessa nova fase, a Portuguesa tem como aliada as redes sociais. Castanheira disse que ações de marketing virtuais têm gerado boas receitas ao clube. Ao todo, desde o início de sua gestão, foram angariados mais de 36,5 mil seguidores. As ações solidárias realizadas pelo clube também são peças fundamentais e o presidente afirma que esse sentimento deve permanecer no mundo pós-pandemia.

"Nossas mídias já alcançaram um número considerável de seguidores. Alcançamos um público bom com as ações solidárias da Portuguesa. Aliás, toda a nossa diretoria está tendo um pensamento solidário. Estipulamos uma meta no início de nossa gestão, realizamos ações solidárias e obras assistenciais. O mundo pós-pandemia devia pensar nisso. Pensar no próximo. Não olhar só para o lado do esporte, mas para o lado humano também", explicou.

Questionado sobre um elenco da Portuguesa que o inspira, Castanheira não pensou duas vezes ao citar os times de 1973, que foi campeão paulista, e o de 1996, que ficou na segunda colocação do Campeonato Brasileiro. O presidente entende que o clube está distante dessas antigas realidades e afirma que não há saída a não ser a profissionalização do futebol.

"O elenco da década de 70 e 90. De 94 até 2000 tivemos jogadores incríveis, que conseguiam performar dentre os grandes do futebol brasileiro. Nos espelhamos nesses momentos bons, apesar de agora ser uma outra realidade. A virada do século mudou o futebol. É outro momento. Não é o mesmo amor que os jogadores possuem pelo futebol. Nos espelhamos porque temos um apreço pelo passado. O mundo mudou e temos que nos profissionalizar. A globalização fez o mundo mudar", comentou.

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