Pandemia faz Olimpíada passar por momento inédito em sua história
Em outras ocasiões, evento foi cancelado, por causa das guerras, e sofreu boicotes, mas nunca foi adiado para o ano seguinte
Esportes|Eugenio Goussinsky, do R7
Nos idos de 1890, o pedagogo Pierre de Frédy viu no Esporte uma forma de integrar duas de suas maiores paixões: a história e a educação. Com sua influência, por pertencer à nobreza, o Barão de Coubertain, título que recebeu, vislumbrou a possibilidade de reorganizar um evento que já ocorrera em Olímpia, cidade grega, pela primeira vez em 776 a.c e se estendeu até 394 d.c, quando o imperador Teodósio o proibiu.
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Coisas de Império Romano, por muito tempo mais afeito à brutalidade das lutas entre os gladiadores. Ao estudar a arqueologia de Olímpia, o barão sentiu como a competição se tornou importante, uma verdadeira celebração da cultura grega por meio da competição esportiva.
E sentiu que poderia, e deveria, fazer o mesmo em uma época na qual os estados nacionais na Europa ocidental estavam mais estabelecidos e a sociedade respirava ares de esperança e maior estabilidade. Pelo menos por um tempo.
Desde que ressurgiu, em 1896, a Olimpíada foi se encorpando como um verdadeiro aglutinador de povos, um marco do esporte a cada quatro anos. E só não ocorreu em três ocasiões, por causa das guerras: 1916, 1940 e 1944.
A de Moscou, em 1980, teve o boicote dos Estados Unidos (mesmo no governo do democrata Jimmy Cater) e aliados, em protesto contra a invasão soviética do Afeganistão.
Em 1984, na cidade americana de Los Angeles, foi a União Soviética e o bloco de apoio que não enviaram atletas, argumentando que suas delegações poderiam sofrer algum tipo de ataque.
O país ainda vivia sob o regime comunista, liderado por Konstantin Chernenko, e só entraria na era da abertura, com Mikhail Gorbachev, a partir do ano seguinte.
Desta vez, com a pandemia do novo coronavírus, o mundo está testemunhando um momento inédito nos Jogos. Não haverá cancelamento. Pela primeira vez, a Olimpíada foi adiada, para 2021.
Isso não impede que o lema de Coubertain, "O importante é competir", que se contrapôs à brutalidade e fez da Olimpíada o símbolo da paz, esteja intacto. Paz e saúde, afinal, competem pela mesma equipe.
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