Vôlei brasileiro conquistava espaço há 35 anos com jogo no Maracanã

O vôlei brasileiro virava o jogo há exatos 35 anos. Foi em um 26 de julho que o esporte saiu da sombra do futebol e conquistou seu próprio espaço, curiosamente, no Estádio do Maracanã. O Grande Desafio Brasil x União Soviética superou até a forte chuva no Rio de Janeiro em uma noite memorável.

Depois de dias de adiamento devido ao incomum mau tempo carioca nessa época do ano, o sonho louco de dirigentes do vôlei e do narrador Luciano do Valle se concretizou. Oficialmente, 95.887 pessoas acompanharam a partida amistosa que aconteceu no gramado do Maior do Mundo. Um recorde digno de Guinness Book. A RecordTV transmitiu a partida.

A chuva, claro, mais uma vez apareceu na vitória brasileira sobre o time mais temido do mundo por 3 sets a 1, com parciais de 14-16, 16-14, 15-07 e 15-10. Isso, no entanto, deixou a partida ainda mais charmosa. Os jogadores não tiveram dúvida e arrumaram diversas alternativas para prosseguir com o desafio. Como bem resumiu o então jogador Bernard Rajzman, era uma forma de respeito ao público.

“Tentou-se jogar normalmente, tentou-se enxugar a quadra, tentou-se jogar de meia, até que tiveram a ideia de improvisar carpetes. Foi um jogo memorável que entrou para a história não só pelo recorde de público”, disse Bernard, hoje dirigente do COI (Comitê Olímpico Internacional), em entrevista ao R7.

Acusado pelo Ministério Público Federal de participar de um complexo pagamento de propina a membros do COI para que o Rio recebesse os Jogos Olímpicos de 2016, Carlos Arthur Nuzman era presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) naquela época. A ideia era investir no marketing e também promover o vôlei por aqui.

A partida contra os campeões olímpicos e bicampeões mundiais seria o ponto alto para um novo patamar no vôlei brasileiro. Uma partida em uma quadra montada no gramado do lendário Maracanã era o chamariz para a grande equipe. Só não contavam com a chuva e a vitória da seleção brasileira.

“Conseguimos com aquele jogo provar que o esporte é viável no Brasil. Muito gente hoje não tem a menor ideia e não sabe que o vôlei não foi campeão da noite para o dia. Alguns jogadores já nasceram em berço esplendido e se esquecem de valorizar as conquistas do passado”, completou Bernard.

Em uma entrevista ao R7 no aniversário de 30 anos da partida, Luciano relembrou com carinho daquele momento. O narrador, que morreu nove meses depois daquela data, classificou o Grande Desafio como um dos maiores momentos da sua carreira.

“Havia um temor de todos que o jogo não acontecesse, mas ninguém tinha essa vontade. Todo mundo entendeu que tinha de ser realizado e foi uma coisa bacana, bárbara. Foi uma etapa muito emocionante da minha vida e que ficou para história”, disse Luciano, na época.