Treinador brasileiro passa por duas quarentenas por amor à família
Bruno Fontes foi prata na vela no Pan de Lima e hoje é técnico de equipe na China, onde estava desde janeiro e voltou para ficar com filha e esposa
Olimpíadas|Carla Canteras, do R7
Se passar por um período de quarentena já é difícil e muitas vezes cansativo, imagine por dois e em menos de três meses. Sim, é possível e foi o que aconteceu com Bruno Fontes, velejador medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019. Primeiro foram 40 dias na China e agora no Brasil, quando optou por ficar com a família em vez de voltar ao país em que começou o surto da covid-19.
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O brasileiro de 40 anos virou técnico da equipe chinesa feminina da classe Laser assim que terminaram os Jogos no Peru. Ele foi para China no dia 17 de janeiro e quando chegou lá o surto do novo coronavírus estava grande. Não teve jeito, ele precisou ficar em isolamento em Haikou, na província de Hainan.
“A rotina dentro de um centro de treinamento já te amassa mais ainda. Não tem como fugir sozinho para nenhum lugar e a quarentena deixou tudo mais pesado”, conta o catarinense.
A grande dificuldade enfrentada por Bruno foram as diferenças culturais entre os chineses e os brasileiros. “A comida é diferente, o cheiro é diferente, poucos falam inglês então a comunicação é muito difícil. Tinha de seguir as regras do regime e da forma como viviam. São regras que não têm explicação. É a cultura deles e ponto” aceita o brasileiro.
Para passar por essa fase, o treinador fez um diário de bordo e criou uma rotina para conseguir passar os dias. “Lidei com a quarentena como um desafio. Tentava criar metas diárias para motivar os próprios atletas, que iam ficando aflitos pelos cancelamentos dos eventos pré-olímpicos. Eu não podia mostrar meu abatimento. Anotava tudo que precisava falar e fazer. Foram 40 dias isolados do mundo externo”, lembra Bruno.
Em março, ele conseguiu voltar para Florianópolis, onde o esperavam a pequena Clara e a esposa Paola. Só que aí o coronavírus já tinha virado uma pandemia mundial e o Brasil entrava em quarentena. “Mas aqui estou com a minha família, no meu lar, com as pessoas que eu gosto. Então tem sido bem mais tranquilo do que lá”, diz o aliviado Bruno.
O brasileiro teria de voltar para China agora em abril, mas optou por ficar em casa e dar apoio para as pessoas mais importantes da vida dele. O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021 o ajudou a não precisar desistir do trabalho.
“Não saí da equipe, mas não quis voltar agora. O calendário olímpico foi todo afetado e nem o time chinês sabia se ia ficar no mesmo lugar. Pedi um período para definir como minha família ficaria. O adiamento da Olimpíada foi bom porque vou ter mais tempo para treinar com elas e chegar mais bem preparado na competição.”
Como atleta, Bruno disputou os Jogos de Pequim 2008 e Londres 2012. Ele está passando pela transição na carreira, já que virou treinador há menos de um ano. “Sinto falta do friozinho na barriga de competir, da rotina de atleta que, mesmo sendo cansativa, me motivava muito. Mas é uma transição de carreira feita com tranquilidade”, explica o agora técnico.
Enquanto a pandemia da covid-19 não acaba para ele voltar a buscar o sonho olímpico, Clarinha, de 7 anos, aproveita o isolamento social com o pai bem pertinho.
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