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Tóquio: atleta bielorrussa ameaçada recebe visto da Polônia

Krystsina Tsimanouskaya foi ameaçada de repatriamento após criticar as autoridades esportivas do seu país; entenda o caso

Olimpíadas|Do R7

Atleta foi escoltada até o aeroporto e afirma ter sido coagida a deixar os Jogos Olímpicos
Atleta foi escoltada até o aeroporto e afirma ter sido coagida a deixar os Jogos Olímpicos

A atleta bielorrussa Krystsina Tsimanouskaya, ameaçada de repatriamento forçado para seu país após criticar as autoridades esportivas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, recebeu um visto humanitário da Polônia nesta segunda-feira (2).

O caso, que abala os Jogos desde domingo, chega após quase um ano de uma repressão brutal a qualquer protesto em Belarus, uma antiga república soviética entre a Rússia e a União Europeia (UE) governada com mão de ferro desde 1994 pelo presidente Alexander Lukashenko.

A velocista teme ser presa se retornar ao seu país, que, no último ano, vivenciou milhares de prisões e exílios forçados de opositores, assim como a liquidação de muitas ONGs e veículos independentes.

Na noite de domingo (1º), Tsimanouskaya denunciou que foi forçada por seu técnico, Yuri Moiseyevitch, a deixar os Jogos Olímpicos e que, mais tarde, funcionários do Comitê Olímpico de Belarus acompanharam-na até o aeroporto para que voltasse para seu país.


Poucos dias antes, a atleta havia criticado duramente a Federação de Atletismo de seu país por obrigá-la a participar do revezamento 4x400 metros. Inicialmente, ela teria de correr as provas de 100m e 200m. Segundo Tsimanouskaya, a imposição se deveu ao fato de dois outros velocistas bielorrussos não terem passado nos controles antidoping.

A atleta foi escoltada até o aeroporto por funcionários do Comitê Olímpico Nacional de Belarus, onde deveria passar a noite em um hotel antes de voltar para casa.


Durante a noite, porém, ela conversou com responsáveis do comitê de organização dos Jogos para que a ajudassem a não embarcar para Belarus.

A atleta rejeitou o retorno forçado, porque diz ter "medo" de acabar na prisão.


A jovem era pouco conhecida antes deste caso, mas havia expressado publicamente sua simpatia pelo movimento anti-Lukashenko.

Nesta segunda-feira (2), ela compareceu à embaixada polonesa em Tóquio, e o governo polonês confirmou ter-lhe concedido um visto humanitário.

Tsimanouskaya recebeu um visto humanitário, e "a Polônia fará o que for preciso para ajudá-la a continuar sua carreira esportiva", escreveu no Twitter o vice-ministro polonês das Relações Exteriores, Marcin Przydacz, cujo país recebe muitos dissidentes bielorrussos.

República Tcheca e Eslovênia também se ofereceram para acolhê-la. 

Seu marido, Arseni Zdanevitch, contatado por telefone pela AFP, disse que foi para a Ucrânia, devido ao conflito entre sua esposa e as autoridades bielorrussas, que ameaçaram a "segurança" do casal. Ele planeja se encontrar com ela na Polônia.

Segundo Alexander Opeikin, diretor-executivo da Fundação Bielorrussa de Solidariedade Esportiva (BSSF), uma organização que apoia os atletas na mira das autoridades de Minsk, Krystsina Tsimanouskaya "está aguentando".

"Está claro que é uma situação estressante, não apenas para os atletas, mas para qualquer pessoa que esteja submetida a uma pressão como essa", disse. 

Segundo outro responsável desta ONG, Anatoli Kotov, a velocista deve chegar à Polônia em um voo previsto para quarta-feira.

A opositora bielorrussa exilada, Svetlana Tikhanóvskaya, acusou os responsáveis olímpicos de seu país de tentarem "sequestrar" a atleta. 

"Não há um único bielorrusso que tenha cruzado as fronteiras do país e esteja a salvo, porque poderiam tentar sequestrá-lo", escreveu a opositora domingo (1º), no Telegram, pedindo sanções internacionais mais fortes contra Minsk. 

Nesta segunda-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou que a atleta está segura no Japão. 

O governo japonês "seguirá cooperando estreitamente com as organizações envolvidas e tomará as medidas adequadas", tratando o caso "de acordo com a lei", disse o porta-voz do governo, Katsunobu Kato. 

Este incidente acontece enquanto o governo do presidente Alexander Lukashenko, cujo filho Viktor dirige o Comitê Olímpico Nacional, continua sua repressão implacável dos ativistas pró-democracia. 

A televisão estatal bielorrussa criticou a atleta, dizendo que ela "transformou sua participação em Tóquio em um escândalo grandioso".

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