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Isaquias flertou com decepção, mas sai de Tóquio 2020 coroado

Baiano de Ubaitaba vibrou com inédita conquista do ouro em Jogos Olímpicos: 'Estava na raiva para ganhar essa medalha'

Olimpíadas|André Avelar, do R7, em Tóquio, no Japão

Isaquias Queiroz, de 27 anos, conquistou sua quarta medalha em Jogos Olímpicos
Isaquias Queiroz, de 27 anos, conquistou sua quarta medalha em Jogos Olímpicos

Isaquias Queiroz desembarcou em Tóquio 2020 como candidato a recordista de medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos. A decepção de ficar fora do pódio na primeira prova em que disputou na Sea Forest Waterway foi canalizada em vontade de conquistar a medalha de ouro neste sábado (7), no C1 1000 metros. E o baiano de Ubaitaba conseguiu o sonho que perseguia desde quando descobriu a canoagem.

Com a conquista na capital japonesa, Isaquias agora soma quatro medalhas em Jogos Olímpicos: bronze no C1 200 metros e prata no C1 e C2 1000 metros na Rio 2016, além do ouro no C1 1000 metros de Tóquio 2020. O recorde de cinco medalhas ainda pertence ao velejador Robert Scheidt, que passou em branco nesta Olimpíada.

O brasileiro (4min04s408), de 27 anos, é o atual campeão mundial da prova e não poderia ficar fora do pódio. O seu histórico rival, o alemão Sebastian Brendel, havia ficado para a final B. O chinês Hao Liu (+1s316), o segundo colocado na prova, não aguentou o ritmo nos 250 metros finais e viu o brasileiro cruzar a linha de chegada com sobras.

O atleta havia se cobrado publicamente após ficar com a quarta colocação no C2 1000, na canoa com o parceiro Jacky Godmann — Erlon de Souza, seu companheiro há cinco anos, sofreu com uma lesão no quadril e não pôde competir. Um nome que revolucionou a história da modalidade no Brasil precisava dessa conquista.


Isaquias não esqueceu o último resultado, mas demonstrou ótima preparação psicológica para converter a decepção em ouro.

“Queria ganhar a medalha no C2 independente da posição. Então, foi frustrante. Não tem como a gente ficar feliz como quarto lugar”, disse Isaquias, ainda ofegante pela medalha conquistada. “Mas a energia maior foi na raiva, por que estava na raiva para ganhar essa medalha de ouro. Desde o começo, quando entrei no C1, falei que sairia daqui com o ouro. Foram cinco anos doidos e tinha que sair com o ouro.”


Isaquias Queiroz fez questão de honrar memória do mentor Jesús Morlán
Isaquias Queiroz fez questão de honrar memória do mentor Jesús Morlán

O começo de tudo

Mesmo coroado medalhista de ouro em Olimpíada, Isaquias não esquece do seu mentor. O espanhol Jesús Morlán, que morreu em outubro de 2018, depois de uma batalha de dois anos contra um câncer no cérebro, lapidou o diamante que havia encontrado nas águas de Ubaitaba.


As medalhas conquistadas na carreira foram uma forma de honrar a memória do lendário treinador. O sonho, como ele mesmo havia tido o cuidado de dizer, era de conquistar duas medalhas de ouro, mas o coroou como um dos maiores nomes da história do esporte brasileiro.

O atual treinador de Isaquias, Lauro Júnior foi outro que aprendeu muito com Morlán. Pinda, como também é conhecido, ressaltou a metodologia de trabalho deixada pelo espanhol.

“Eu tinha uma proximidade muito grande com o Jesús, estava com ele na lancha todos os dias, em todos os momentos e, no dia em que ele faleceu, a gente prometeu que iria seguir essa luta. Sempre tive isso na minha cabeça. Meu maior medo era frustrar o Jesús. Tinha essa responsabilidade de seguir com ele”, disse Pinda.

Pai de família e referência no esporte: a vida dourada de Isaquias

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