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Inspirada pela filha, skatista Karen Jonz busca vaga em Tóquio-2020

Brasileira é quatro vezes campeã do mundo e parou por três anos para ser mãe, agora volta em outra modalidade para conquista sonho olímpico

Olimpíadas|Do R7

Karen Jonz vai tentar uma vaga na modalidade park de skate
Karen Jonz vai tentar uma vaga na modalidade park de skate

Depois de conquistar quatro títulos mundiais no skate vertical, o último deles em 2014, Karen Jonz parou a carreira para ser mãe. Ficou três anos longe das pistas cuidando da filha, Sky. O skate ficou encostado, fraldas e mamadeiras tomaram conta de sua casa. Hoje, a dona de duas medalhas nos X-Games está de volta. Com a menina a tiracolo, ela treina em busca de uma vaga nos Jogos de Tóquio na modalidade park. Aos 33 anos, a veterana une a responsabilidade de mãe e a retomada da carreira como skatista.

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Obviamente, a frase "ela treina com a menina a tiracolo" é forçada. A Sky não desgruda da mãe, mas consegue ficar ao lado, só olhando, esperando sua vez. Para ela, é uma brincadeira divertida, o amor da mãe sobre as rodas. Para Karen, é o retorno a um ofício de quase 20 anos. Para facilitar essa parceria, a skatista construiu sua própria pista em sua casa, na zona oeste de São Paulo.

Karen parou por três anos para cuidar de Sky
Karen parou por três anos para cuidar de Sky

A vida de mãe esbarra na vida de atleta, não tem jeito. O ponto mais difícil são as competições mais longas. "Ela tem o sono leve. Às vezes tenho de acordar à noite e, pronto, já fico cansada para o dia da competição", conta a skatista. "Nas primeiras competições, eu não queria passar para a final para não ficar muito tempo longe dela", diz. "Mas é ótimo ser mãe e skatista", sorri a veterana.

A maternidade também influenciou sua relação com as rodinhas. "Fiquei desesperada quando caí, machuquei o cotovelo e não consegui pegá-la no colo", diz Karen. "Hoje, tento ser mais assertiva e mais determinada nas manobras. Sou mais cuidadosa."


O socorro - para os tombos e a falta de tempo - vem sempre do marido de Karen, o músico Lucas Silveira, da banda Fresno, que cuida da menina enquanto a mãe compete e treina. Os treinos são controlados no relógio, três vezes por semana, três horas por dia.

Karen e Lucas formam um casal famoso. Além de mãe e skatista, ela é youtuber, empresária e artista. Na porta de sua casa, estão os tênis com sua própria marca. Na parede da sala, um quadro pintado por ela própria. No estúdio, ela toca um projeto musical com o marido, dono do sucesso Maior que as muralhas.


Recomeço. Nesse retorno, Karen está reaprendendo, pois são grandes as diferenças entre o skate vertical - a modalidade na qual ela foi várias vezes campeã nas pistas em formato de "U"- e o park, que vai estrear em Tóquio propondo uma mistura de obstáculos, como piscinas, rampas e caixotes. Para disputar a Olimpíada, Karen precisa ficar entre as três melhores no ranking brasileiro. Em 2018, ela foi a quinta melhor. "A idade não atrapalha. Comecei tarde e sempre disputei com as mais novas. Estou bem fisicamente."

Karen viu o skate mudar ao longo de sua carreira e também deu um empurrãozinho nessa evolução. Foi a primeira brasileira campeã mundial, em um período com pouquíssimas mulheres. Por causa disso, conta, não existiam banheiros femininos. Ela não podia usar top, roupa que hoje é comum. Karen inspira as mais novas como skatista e como mulher. Foi uma das fundadoras da Associação Brasileira do Skate Feminino, batalha pela igualdade das premiações. Articulada e extrovertida, a skatista representa as mais novas, mas não deixa de usar gírias como "tipo" e "cabulosa".


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