Carlos Arthur Nuzman: das quadras à cadeia da Polícia Federal
Presidente do COB há 22 anos foi preso nesta quinta-feira (5) no Rio
Olimpíadas|Dado Abreu, do R7
Uma vida dedicada ao esporte. Este poderia ser o prólogo da carreira de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), preso nesta quinta-feira (5) no desdobramento da Operação Unfair Play que investiga a suspeita de compra de votos na eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Poderia ser, mas não é. A carreira esportiva do ex-atleta e dirigente nem sempre trouxe benefícios ao esporte do País e há tempos tem causado suspeitas nas autoridades.
Desde cedo, Carlos Arthur Nuzman dedicou-se à prática esportiva, ainda na escola onde estudava no Rio de Janeiro. No Fluminense, tênis e natação foram as suas primeiras modalidades. Mas, foi no voleibol que Nuzman se destacou. Como jogador, participou da sequência de onze títulos seguidos do Botafogo no Campeonato Carioca, entre as décadas de 1960 e 1970. Com a seleção, integrou a delegação brasileira que participou das Olimpíadas de Tóquio, em 1964, na primeira edição da modalidade nos Jogos.
Após a carreira de jogador, Carlos Arthur Nuzman tornou-se dirigente esportivo. Foi eleito pela primeira vez em 1975 como presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Muitos creditam o ótimo desempenho da modalidade nas décadas de 1980 e 1990 em grande parte ao trabalho de Nuzman como presidente da CBV – sob o seu comando o País conheceu as gerações de prata (Los Angeles 1984) e ouro (Barcelona 1992).
Os reflexos do tempo em que presidiu a Confederação Brasileira de Vôlei apareceram em 1995, quando Nuzman foi escolhido para assumir o Comitê Olímpico do Brasil (COB). Desde então, sucessivas reeleições o mantêm no poder por 22 anos. (Veja o quadro abaixo).
Neste período, o dirigente esteve à frente dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e das Olimpíadas de 2016. Nos Jogos do Rio, inclusive, pela primeira vez na história olímpica um presidente de comitê nacional comandou também o comitê organizador.
Foram os Jogos Olímpicos que deram início às suspeitas sobre a gestão de Carlos Arthur Nuzman. Preso nesta quinta-feira (5) na segunda fase da Operação Unfair Play, o presidente do COB é indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A acusação é de que ele tenha participado de um esquema internacional de compra de votos para a escolha da cidade do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. O mandato de prisão temporária foi expedido pela 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, pelo juiz Marcelo Bretas. Para o magistrado, Nuzman teria atuado "direta e ativamente em negociação espúria".