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Brasileiro que perdeu a perna dá a volta por cima com recorde mundial

Vinicius Rodrigues sofreu acidente de moto no Paraná, ficou a dois décimos da Olimpíada do Rio e superou tempo de seu mestre nos 100 metros 

Olimpíadas|Caio Sandin, do R7

Vinicius Rodrigues, quatro anos após acidente, é recordista nos 100 metros
Vinicius Rodrigues, quatro anos após acidente, é recordista nos 100 metros Vinicius Rodrigues, quatro anos após acidente, é recordista nos 100 metros

Quatro anos atrás, o que você estava fazendo? Em 2015, um jovem de 19 anos sofria um acidente de moto, em Maringá, no interior do Paraná, que mudaria sua vida para sempre. Quatro anos depois, ele seria o recordista mundial dos 100 metros rasos na categoria T63 para amputados de uma perna do joelho para cima.

Vinícius Rodrigues — o tal jovem — estava próximo de realizar seu sonho de entrar nas forças armadas, teve de repensar todo o seu plano de vida ao perder a perna esquerda ao colidir com um carro.

Vinicius se mudou para São Paulo
Vinicius se mudou para São Paulo Vinicius se mudou para São Paulo

Quatro meses depois, se mudou para São Paulo para reapreder a andar e, um mês depois, já recebeu sua primeira prótese de corrida para um evento, onde eu teve "a oportunidade de mostrar o meu talento e, mesmo ainda estando muito no começo, foi reconhecido este potencial em mim".

"O médico disse que eue iria andar com 6 meses. No sexto mês eu já estava correndo", comenta em meio a risadas o atleta. "Eu sou muito hiperativo, eu ia treinar de muleta, fiz vôlei sentado, nadei enquanto não tinha a prótese. Eu tinha que gastar energia".

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Mas, apesar de toda esta energia, Rodrigues sabe o principal fator que fez sua recuperação ser tão bem-sucedida: "O que mais me ajudou foi a cabeça, porque eu me recuperei com três dias de UTI, então enquanto eu estava recebendo as visitas no quarto, eu já tinha o sonho de me tornar um atleta".

Os padrinhos

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Vinicius teve dois padrinhos de peso em sua caminhada no esporte: Terezinha Guilhermina, detentora de três medalhas de ouro paralímpicas, e o então recordista de sua categoria, Heinrich Popow.

Rodrigues hoje é número um em sua categoria, a T63
Rodrigues hoje é número um em sua categoria, a T63 Rodrigues hoje é número um em sua categoria, a T63

A visita de Terezinha, ainda no hospital, foi o que levou a mudança para a vida de Vinicius: "Ela me trouxe o moleton dela de Pequim, mostrou as modalidades que tinha e me disse para eu escolher a que eu mais gostasse. Quando eu vi a foto de um atleta de prótese e com o estádio lotado atrás, eu decidi exatamente qual eu queria".

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Com isso, ele diz ter "virado uma chave", não dando tempo para qualquer tipo de depressão "ou chorar por causa de sonho. Foi ali que essa chama, que me trouxe até aqui hoje começou. Alí naquela cama de hospital"

A chama ficou ainda mais intença com a ajuda do alemão, que, além de servir de inspiração, ajudou diretamente brasileiro em seu início: "Ele me apoiou tanto para conseguir as próteses para competir, quanto com seus conselhos e, no começo, me ensinando até a trotar, tanto que eu levei meu primeiro 'capote' eu levei na frente dele".

Recordista se alonga antes de treino
Recordista se alonga antes de treino Recordista se alonga antes de treino

Esta amizade seguiu e no dia em que houve a quebra do recorde, Vinicius se lembra da mensagem que recebeu de seu mentor no esporte: "Ele viu a foto e comentou que estava muito feliz de ver que um cara que ele ajudou tanto conseguiu superar a marca dele e falou para eu continuar firme".

"Eu tinha vontade de correr contra ele, mas ele foi esperto e se aposentou no ano passado, deixando esse espaço para mim. Mas eu queria mesmo era encontrar com ele ali na linha dos 100 metros e devolver o 7 a 1", completa o sempre bem-humorado recordista.

Vinicius Rodrigues hoje treina no Centro Paralímpico Brasileiro
Vinicius Rodrigues hoje treina no Centro Paralímpico Brasileiro Vinicius Rodrigues hoje treina no Centro Paralímpico Brasileiro

O Ciclo olímpico

Fora da Paralimpíada do Rio por dois décimos de segundo, Vinicius tirou deste resultado ainda mais motivação para superar as expectativas.

Preparação para o Pan e mundial é foco atual
Preparação para o Pan e mundial é foco atual Preparação para o Pan e mundial é foco atual

"O treinador sempre me dizia que demoraria quatro anos para me tornar um campeão e foi exatamente este tempo, de um ciclo olímpico", comenta, lamentando a "perda" de dois anos pela não classificação aos jogos olímpicos.

Ele salienta a importância desta competição como seu objetivo, juntamente de outras duas: "Os três maiores eventos para a vida de um atleta são o panamericano, o mundial da categoria e a paralimpíada. E eu quero ser campeão de todos, ainda mais agora que sou o recordista, tenho que defender o meu lugar".

Para se preparar, em 2018, ele teve suas duas primeiras experiências internacionais em Paris e Berlim: "Foi muito bom pra 'medir a febre', como a gente fala, de competir com nossos principais adversários".

Grande objetivo é Paralimpíada de Tóquio, em 2022
Grande objetivo é Paralimpíada de Tóquio, em 2022 Grande objetivo é Paralimpíada de Tóquio, em 2022

"O pan e o mundial deste ano são as primeiras competições grandes que vou participar", comenta, balançando as pernas em anciedade, "então eu já quero chegar, pegar minhas medalhas e já pendurar na parede, que já está com o espaço reservado".

Competitivo, Rodrigues diz que anos como este fazem com que a vontade de treinar só aumente: "Eu estou louco para escutar o hino". Esta foi outra motivação encontrada pelo atleta: "foi o que eu mais vizualizei durante todo o processo: Subir no pódio e escutar o hino. E mesmo assim, quando acontecer, acho que a ficha vai demorar a cair, igual quando eu bati o recorde; só dois dias depois fui entender que era o mais rápido do mundo".

Futuro certo

"Eu queria ter quatro Olimpíadas no curriculo, mas como não deu no Rio, agora eu planejo fazer 2020, 24 e 2028 no pico", comenta sem nem pensar duas vezes. 

As preocupações do esfoço em alto nível já estão nos cálculos do recordista: "Vamos ver como o meu corpo vai reagir. É uma sobrecarga muito grande ser atleta paralímpico, mas a gente já vem fazendo um trabalho com fisioterapeutas para prevenir lesões e com o time da seleção a gente já vai precavendo tudo".

Recordista mundial pretende disputar três paralimpíadas
Recordista mundial pretende disputar três paralimpíadas Recordista mundial pretende disputar três paralimpíadas

"Imprevistos acontecem e a nossa profissão está aberta a este tipo de risco, já que a gente exige o máximo do nosso corpo, ainda mais no meu caso que é quase tudo em cima de uma perna só", comenta, salientando as diferenças entre seu caso e o daqueles que já nascem sem a perna: "Meu corpo está se adaptando, o que é diferente de nascer congênito amputado, minha perna já teria resistência e meu corpo estaria adaptado. A sorte é que eu aprendo rápido e eu aprendia a correr rápido".

Grandes poderes e grandes responsabilidades

Apaixonado por cultura pop, Vinicius usa a célebre frase que o "Tio Ben" fala ao Homem-Aranha Peter Parker para definir sua função como transformador na vida de outras pessoas: Eu nunca busquei ser famoso e eu nem gosto deste dastaque, mas a gente tem que usar mais a influência que a gente tem no esporte para fazer coisas boas, mudar a vida das pessoas e ajudar novos atletas, enfim, gerar frutos".

Para isso, mesmo aos 24 anos, ele já busca aumentar sua área de influência. Junto com seu padrinho Popow ele já fez campanhas para introduzir e dar próteses para crianças amputadas em Buenos Aires.

Vinicius planeja ajuda a outros amputados no futuro
Vinicius planeja ajuda a outros amputados no futuro Vinicius planeja ajuda a outros amputados no futuro

"A minha responsabilidade, depois que eu encher a minha carreira de medalhas e títulos, eu posso ter esse projeto de chegar em uma comunidade no Rio de Janeiro e rodar pelo Brasil para fazer eventos e protetizar crianças e ensinar que, através do esporte, eles podem ter uma qualidade de vida, assim como foi proporcionado a mim".

Já colhendo a admiração conquistada com o destaque esportivo, Rodrigues relembra: "Teve um dia que uma criancinha de três anos veio correndo, pulos em mim, me abraçou e disse que eu era o heroi dela, que tinha uma foto minha no quarto dela. Aí, naquele dia, ele trouxe a foto na camisa dela, eu não acreditei, me senti o Superman".

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