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Baile de Favela: saiba como surgiu a coreografia de Rebeca em Tóquio

Coreógrafo da música conta ao R7 como elaborou apresentação da ginasta, que busca mais uma medalha, no solo, nesta segunda

Olimpíadas|Eugenio Goussinsky, do R7


Apresentação foi elaborada segundo o perfil de Rebeca
Apresentação foi elaborada segundo o perfil de Rebeca

Não é apenas a história da ginasta que está por trás de uma apresentação. Poderia-se, até, dizer performance artística. Todo esporte tem algo de arte. Da ginástica artística, então, nem é preciso falar. O nome diz tudo.

Coreografia busca unir o contemporâneo e o clássico
Coreografia busca unir o contemporâneo e o clássico

Este universo une dança, música, imaginação, percepção. Empatia. Interação humana.

Foi assim que, dentro do ciclo olímpico, o coreógrafo Rhony Ferreira, 55 anos, concebeu a apresentação de Rebeca Andrade no ritmo, adaptado, é claro, de "Baile de Favela", que é parte da música que acompanhará mais uma vez a apresentação da ginasta, no solo, nesta segunda-feira (2), às 5h45 (de Brasília).

Rebeca, que já entrou para a história ao conquistar a prata no individual geral e o ouro no salto, busca mais uma medalha embalada na coreografia que está encantando o País.


Há vários anos atuando, entre outras funções, como coreógrafo da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), a ideia de Rhony, de fazer uma coreografia com este tema, teve início onde a própria música se originou. No Rio de Janeiro, da ginga, da dança, e das muitas favelas.

Tudo começou, conforme ele conta, nos intervalos das disputas das provas na Olimpíada do Rio em 2016.


"Nos Jogos do Rio, nos intervalos, ouvi essa música e vi como ela contagiava as pessoas, como elas vibravam, batiam palmas, se entusiasmavam. Não conhecia a música. Fui até o DJ, perguntei que música era aquela e depois disse para mim mesmo: 'Essa eu tenho que guardar. Um dia vou usar. Não sei para quem, mas vou", afirmou.

Naquele momento, ele não sabia nem quais ginastas iriam compor a equipe nos Jogos de Tóquio. Somente em 2018, ele direcionou a música a Rebeca. Vale lembrar que, em um árduo e gratificante trabalho, ele faz as coreografias de todos os participantes da equipe.


"Escolho a música de acordo com a personalidade de cada atleta, se é tímida, se é extrovertida, se é mais rápida, se é mais lenta, se é alta, se é mais magra, se é serelepe, se tem cara de criança, e por aí afora. Achei que casava muito com a Rebeca. Já tinha feito, em 2016, uma coreografia que combinava com ela, baseada em uma música da Beyonce, cantora que ela adora. 'Agora essa vai cair certinho para ela', pensei. E independentemente do que ocorrer, já deu certo", conta ele.

A escolha, no entanto, precisava de uma combinação. Rhony afirma que ficaria muito repetitiva uma apresentação, com um mesmo ritmo, durante 1min30. Ele tem de se basear, afinal, nos movimentos da ginasta, e não poderia nem abreviar e nem estourar o tempo.

"A música é feita para o movimento. Eu visto o movimento de música", diz ele, que também participa da elaboração dos movimentos dos ginastas, conversando com os técnicos Chico e Irina.

Rhony, então, começou a pesquisar sobre músicas clássicas, também em busca de cativar com a performance tanto os árbitros mais velhos quanto os mais jovens. Não se contentou com óperas, com músicas de orquestras, mas, quando ouviu a impactante Tocata e Fuga", de Bach, encontrou o contraponto ideal, com um som forte, que encorpa a apresentação.

Partituras e arranjos próprios

O próprio maestro do projeto, Misael Jr., teve de voltar a estudar algumas passagens em piano para poder executar, em um órgão com tubos, e gravar em estúdio. Todas as músicas, vale lembrar, são executadas com partituras e arranjos próprios.

"Esse estilo, oposto ao funk, foi um complemento adequado, porque também mostrará a verstatilidade dela, que ela é capaz de dançar uma música clássica. E, do meio para o final, a apresentação explode com o Baile de Favela, cheia de sorrisos, rebolados, dança. Busquei trazer graça, sem que houvesse algo vulgar, mas sim elegante", diz Rhony.

Rhony afirma que nunca conversou e não conhece o MC João, autor do funk. Mas, assim como faz em qualquer apresentação, buscou apresentar o conceito da música, trazer trechos, com a preocupação de não deturpar a composição original. Foi um trabalho, conta ele, semelhante à coreografia de "Brasileirinho", música de Waldir Azevedo, elaborada para as apresentações de Daiane dos Santos há alguns anos.

"A função da coreografia e da música também é trazer para o público a cultura do país, no caso do Brasil, a alegria, a dança, a ginga, toda essa graça brasileira", observa.

Rebeca busca mais uma medalha em Tóquio
Rebeca busca mais uma medalha em Tóquio

O coreógrafo tem vibrado com a repercussão do trabalho. Para ele, isso ajudará a divulgar a ginástica e os próprios ritmos brasileiros. Assim como a música clássica, de Bach, hoje em dia pouco conhecida pela juventude.

"Está sendo gratificante ver que a ideia surtiu efeito. Outro dia, no táxi, o motorista cantarolava a música, que voltou a ser tocada no rádio", comemora Rhony, que também é presidente do Cegin (Centro de Excelência de Ginástica do Paraná).

A bagagem de coreógrafo, ele adquiriu com a vivência e ao frequentar por alguns anos o grupo de folclore ucraniano Barvinok, em Curitiba, onde adquiriu vários conceitos para as coreografias. Na verdade, Rhony é professor de Educação Física. Não tem uma formação artística. Mas, por outro lado, atuou por muito tempo como ginasta. Portanto, é a mesma coisa.

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