Alison faz história e conquista bronze nos 400 m com barreiras
Brasileiro fez melhor tempo da vida (46s72) e só foi superado por noruguês, novo recordista mundial, e norte-americano
Olimpíadas|André Avelar, do R7, em Tóquio, no Japão
O atletismo brasileiro está mais uma vez no pódio olímpico. Alison dos Santos conquistou nesta terça-feira (3), em Tóquio 2020, a medalha de bronze nos 400 metros com barreira, com o tempo de 46s72. O norueguês Karsten Warholm cravou o novo recorde mundial (45s94), seguido pelo norte-americano Rai Benjamin (46s17).
Confira o resultado dos 400 metros com barreiras:
Karsten Warholm (1) - Noruega - 45s94 (recorde mundial)
Rai Benjamin (2) - Estados Unidos - 46s17
Alison dos Santos (3) - Brasil - 46s72
Kyron McMaster (4) - Ilhas Virgens Britânicas - 47s08
Abderrahman Samba (5) - Qatar - 47s12
Yasmani Copello (6) - Turquia - 47s81
Rasmus Magi (8) - Estônia - 48s11
Alessandro Sibilio (19) - Itália - 48s77
Desde Seul 1988, com Joaquim Cruz (prata nos 800 metros) e Robson Caetano (bronze nos 200 metros), o atletismo brasileiro não conquistava uma medalha em provas individuais de pistas. Nesse meio tempo, é verdade, representantes do revezamento, da maratona e dos saltos também fizeram bonito.
Mas a medalha de Alison representa mais do que a 17ª conquista da modalidade. É também a volta do respeito ao uniforme verde-amarelo nas pistas de atletismo. O brasileiro desembarcou na capital japonesa como o terceiro colocado do ranking mundial e não se intimidou com os adversários.
Pelo contrário, o menino de São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, já se escondeu demais e hoje mostra o seu rosto para o mundo. Por conta de queimaduras no corpo, que o reservaram momentos de muita timidez na adolescência, ele demorou a ingressar no esporte e, quando enfim decidiu pela carreira, chegou a correr de boné.
Ao se classificar para a final, Piu, como também é conhecido, havia previsto que a disputa pela medalha seria muito dura. Dos oito classificados, sete estavam entre os oito melhores do ranking e três já havia corrido a prova esse ano abaixo dos 47s (Warholm, Benjamin e Samba), ele mesmo havia feito 47s31, o segundo melhor tempo geral, apenas 0s01 atrás do norueguês.
Warholm, inclusive, pulverizou o recorde mundial, que era de 46s70. Com todos os tempos somados, foi a prova mais rápida da história dos 400 metros com barreiras apesar do calor de 32º C no Estádio Olímpico.
“Foi uma prova incrível. Quando você está correndo, você não tem noção do tempo que vai fazer, mas eu sabia que a prova estava realmente muito forte. Sabia que eu estava brigando pela fazer um bom tempo por correr pra correr muito rápido para fazer história”, disse Alison, que quebrou o recorde sul-americano pela sexta vez no ano.
Ainda nos corredores do estádio, o técnico de Alison, Felipe Siqueira, gentilmente parou para falar com os jornalistas, mesmo fora da área de entrevistas. O treinador revelou que não conseguiu fazer uma análise muito técnica da prova porque estava torcendo como os próprios jornalistas na tribuna.
"O que aconteceu aqui hoje foi surreal. Uma prova realmente muito forte, com os três atletas do pódio correndo abaixo de 47 segundos. Qualquer um deles poderia sair daqui como campeão olímpico e recordista mundial. Eu não me lembro de ter visto isso em outra prova do atletismo", contou o treinador.
Alison foi bronze nos 400 m com barreiras com recorde pessoal