“Olha a sua cor”: injúria racial e prisões marcam clássico em BH
Brigas e confrontos entre torcedores foram registrados antes, durante e após a partida entre Cruzeiro e Atlético, pelo Brasileirão, no estádio Mineirão
O clássico entre Cruzeiro e Atlético pelo Brasileirão, neste domingo (10), terminou mal dentro e fora de campo. Além do zero a zero nos gramados, o dia do jogo foi marcado por confusões envolvendo torcedores, agressões e um caso de injúria racial.
Durante a partida, torcedores do Galo foram flagrados ofendendo a equipe de seguranças da Minas Arena, dentro do Estádio Mineirão. Em um vídeo é possível ver ao menos quatro torcedores xingado os guardas. Um deles, mais exaltado, diz: “olha a sua cor!”. Até o momento, o autor da injuria racial não foi identificado.
O ex-vereador de Belo Horizonte e ex-deputado estadual de Minas, Iran Barbosa, esteve na confusão entre atleticanos e os seguranças. O político aparece nas imagens discutindo com os funcionários. Em uma rede social, Barbosa informou que as saídas de emergência estavam bloqueadas e que as pessoas ficaram encurraladas. Segundo ele, algumas mulheres e crianças teriam passado mal por causa do gás de pimenta.
Sobre o caso de injúria racial que aconteceu próximo a ele, o ex-deputado disse que não conseguiu ouvir as ofensas e que espera a prisão do torcedor responsável pelo ataque.
Segundo levantamento do R7, ao menos 47 pessoas foram presas por confusões no clássico. Um grupo foi detido com bolas de sinuca, pregos, pólvora, e armas caseiras.
Pré-jogo
No bairro Santa Efigênia, na região Leste de BH, seis homens foram detidos. Segundo a polícia, eles pertencem à torcida organizada Pavilhão Independente, do Cruzeiro e se envolveram em brigas com torcedores rivais.
De acordo com a PM, o carro onde estavam dois homens com camisa do atlético foi parado por aproximadamente 30 torcedores do Cruzeiro. Eles tentaram agredir a dupla, mas acabaram fugindo com a chegada da polícia. No quarteirão seguinte, a dupla ainda se envolveu em outra briga e foi preso. Com os torcedores, foram apreendidos bolas de sinuca, pregos e pólvora e materiais usados para fazer bombas caseiras. Além de seis armas de fabricação artesanal.
Na Praça Modestino Sales Barbosa, na região do Barrreiro, militares apreenderam 10 bastões de madeira, 01 soco inglês e uma caixa de fogos de artifícios.
Na BR-262, no bairro São Gabriel, torcedores da Mafia Azul e da Pavilhão Independente brigaram entre eles. Trinta e nove pessoas foram conduzidas.
Pós-jogo
Depois do jogo, a confusão foi nas arquibancadas. Atleticanos invadiram a área de camarotes e de cruzeirenses. Torcedores também arremessaram grades e cadeiras. Por pouco, um cinegrafista da Record TV Minas não foi atingido.
A Polícia Militar reagiu jogando bombas de efeito moral. Uma idosa precisou ser carregada depois de passar mal. Jornalistas passaram mal depois que a PM soltou spray de pimenta.
A confusão só terminou depois que o batalhão de choque conseguiu acessar a arquibancada.
Posicionamentos
A reportagem fez contato com representantes das torcidas organizadas citadas, mas ainda não teve retorno. Procurada, a Polícia Civil informou que está tomando as medidas necessárias para identificar o autor das ofensas ao segurança da Minas Arena e vai aguardar a manifestação do injuriado, conforme prevê a lei.
Em nota, a Minas Arena confirmou que ocorreram vários confrontos entre torcedores, de forma simultânea, e em diferentes pontos do estádio e destacou que tanto a segurança privada, como a Polícia Militar, atuaram para garantir a segurança no Mineirão. A concessionária afirma ainda que os confrontos não tiveram relação com o inédito número de faltas no efetivo de homens que trabalhariam na partida e que o setor de segurança se esforçou para remanejar os profissionais em serviço. Ainda segundo a Minas Arena, não houve atendimentos no posto médico do estádio decorrentes de brigas entre torcedores.
O Clube Atlético Mineiro declarou que “repudia veementemente qualquer ato de violência, incluindo racismo, injúria ou ofensa moral, seja no estádio ou fora dele. As diversas imagens que circulam em redes sociais são lamentáveis e devem ser objeto de rigorosa apuração”.
Já o Cruzeiro lamentou a confusão e informou que tomou todas as medidas exigidas de acordo com o Estatuto do Torcedor. O clube destacou ainda que está levantado todos os boletins de ocorrências gerados na confusão e imagens de circuito interno de segurança do estágio para identificar os torcedores envolvidos.