Volta dos 'cinquentões': Tyson, Jones e Holyfield correm riscos com lutas?
Retorno de astros do boxe chama atenção à saúde deles, já que a idade, faz corpo adoecer aos poucos. Mas sobra motivação para vê-los nos ringues
Mais Esportes|Carla Canteras, do R7
A volta de Mike Tyson, de 54 anos, e Roy Jones, de 51 anos, aos ringues no último domingo mostrou dois homens mais velhos bem fisicamente, com reflexos e prontos para lutar. É impossível não pensar nas motivações que levaram atletas já consagrados a deixarem a aposentadoria de lado e voltar a uma rotina dura de trabalho.
O dinheiro, a concorrência com o MMA e a falta de ídolos no boxe abrem caminho para essa volta dos veteranos. Mas, e a saúde? Quais os riscos que esses ex-campeões quase sessentões correm ao voltarem a dar a cara para bater? Para buscar respostas, o R7 ouviu pugilistas, ex-boxeadores e médicos.
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Para o Miguel de Oliveira, brasileiro campeão mundial nos anos 70, a paixão pelo esporte pode ser um dos motivos. “Quando paramos, pensamos que nunca mais vamos fazer o que gostamos. Mas, quando o lutador pensa no retorno, ele vai voltar para o que marcou a vida dele. Isso é bom”, afirma ele.
A questão financeira não pode ser deixada de lado. Uma vez que, cada um dos dois veteranos ganhou mais de R$ 100 milhões por uma luta de apresentação. Para Sérgio Batarelli, promotor do Boxing For You, o dinheiro é o grande motivador da volta dos astros ao esporte.
“Eu acho que o interesse é financeiro. Se olharmos a vida deles, todos gastaram muito e precisam de dinheiro. Resolveram ver se é um nicho bom. Só precisa ver se o público pagaria novamente para ver o que viu”, disse Batarelli.
Rivalidade com MMA
Outro fator que deve ser levado em consideração é a concorrência com o MMA. Atualmente, quando o assunto é lutas, a primeira modalidade pensada são as lutas mistas, principalmente no Brasil.
Mas Sérgio avalia que o boxe segue igual fora daqui. “Não tem nada a ver com competir com MMA ou UFC, porque o boxe é muito forte nos Estados Unidos e na Europa. O boxe continua igual o que sempre foi”, garante ele.
Miguel também não acredita que essa disputa esteja levando ídolos de volta aos ringues. “Vivemos em um meio esportivo que tem que ter lugar para todo mundo. Um cara do MMA não é melhor que um do boxe e vice-versa. São oportunidades na vida e eles têm de se dar a chance”, explica o campeão.
Lutas competitivas
O confronto de Tyson e Jones não foi profissional e o combinado era não ter vencedores. Mas a boa condição dos dois, fez pensar na possibilidade de se criar uma categoria profissional Master de Boxe. A ideia agrada as pessoas envolvidas no esporte.
“Aquilo não foi uma luta, foi uma exibição. O Tyson é um avião, mesmo com a idade que ele tem. Se ele fosse uma luta, o Roy Jones não aguentaria”, diz Miguel Oliveira.
O campeão do mundo se empolga com a ideia de uma categoria específica para lutadores mais velhos. “Acho totalmente possível e legal, se tiver regras específicas. Isso gera possibilidade de o lutador fazer o que gosta e dá um estado de saúde diferente. O cara vai estar cumprindo propósito com saúde sempre legal. Ele só para quando não quiser mais subir em um ringue”, imagina Oliveira.
Sérgio também vê com bons olhos uma nova categoria. “Não me empolguei com a luta. Foi um treino, com um sparing sem protetor de cabeça, um pouquinho mais forte. Se for para ser luta assim, não vale a pena. Se for com mais esforço, sou a favor de uma categoria masters”, explica o promotor.
Saúde
Mas, e a saúde dos lutadores, como fica? Para o médico do esporte e cardiologista, Nabil Ghorayeb a preocupação deve ser muito maior. “A parte técnica é fácil para eles, existe a memória celular. Eles sempre foram atletas. Mas a capacidade física é pelo menos 40% menor do que tinham quando eram novos. O esportista tem de passar por exames rigorosos, já que é a partir dos 50 anos que aparecem problemas coronários mais graves”, ressalta ele.
Além disso, Ghorayeb explica que o stress é um dos maiores causadores de doenças e atletas vivem em situações extremas. “O corpo humano vai adoecendo com o passar dos anos e o stress é um dos grandes causadores de doenças. Atleta vive em stress desde o começo da vida. É um risco, por isso os cuidados e exames dos mais velhos são a ainda mais importantes.”
Prazer de ver os astros
Os riscos e as motivações para volta de Tyson, Roy Jones e, possivelmente, Evander Holyfield, são muitos. Só que não tem como negar que eles trouxeram o esporte de volta. “Para o boxe brasileiro foi bom, porque trouxe evidência de volta” comemora Sérgio Bartelli.
Já para o medalhista olímpico Esquiva Falcão, ver as estrelas de volta tem um gosto especial. “Eles são grandes ídolos. Vê-los no ringue nós sentimos muita emoção. Eu sou fã do Tyson. Quando vi ele subindo no ringue ao vivo não tem preço que pague. Foi demais torcer, mesmo sabendo que a luta daria empate. Esperei cada golpe e fiquei feliz. Só tinha visto luta dele no youtube”, vibra o medalhista de prata em Londres 2012.
Falcão já sonha com a próxima. “Já estou esperando a próxima! O Tyson falou que vai ter.”
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