Entenda alguns dos motivos que fizeram do Japão potência mundial na escalada de competião
O japão possui exatos 377.972 km² de área total (contando todo o arquipélago), e há uns 15 anos atrás o
Blog de Escalada|Do R7
O japão possui exatos 377.972 km² de área total (contando todo o arquipélago), e há uns 15 anos atrás o país sequer configurava entre os favoritos entre as competições de escalada. Porém a perspectiva deste país de sair ganhador de várias medalhas nos Jogos Olímpicos de 2020 é alta. Caso alguém tenha a curiosidade de conferir nas casas de apostas, os atletas japoneses são considerados favoritíssimos a subir ao pódio. Mas o que fez este país, com área um pouco maior que o estado brasileiro de Goiás e população que é a metade de todo território brasileiro, para chegar neste patamar?
Fosse possível resumir em uma só palavra o caminho utilizado pelo Japão, ela seria “educação”. Todo país que quer construir um futuro melhor é investir em educação, foi exatamente isso que o Japão fez. Pois a introdução de uma pessoa à escalada passa pela metodologia e filosofia de educação implementada no país. A educação é prioridade no Japão. O índice de analfabetismo no país é em torno de 0,05%. Lembrando que a Eslovênia, outra potência mundial em escalada esportiva, também possui taxa de analfabetismo de 0,3%. Os números são fornecidos pelo Index Mundi.

Foto: IFSC/Eddie Fowke
Na América do Sul, um continente que possui os melhores lugares para escalar no planeta, possui um número um pouco diferentes que estes dois países na taxa de analfabetismo (pessoas que não sabem nem ler, ou escrever):
Argentina: 2% Chile: 4,3% Brasil: 8,3% Peru: 10,4%
Mas por que está falando de educação e analfabetismo? O que a escalada tem a ver com isso? Na verdade, TUDO! Pois são nas escolas que são introduzidos os esportes às crianças. Uma escola com um muro de escalada, por exemplo, consegue introduzir crianças à escalada e à pratica esportiva. Além disso, as escolas destes países, sobretudo no Japão, há excursões a lugares diferentes dos já tradicionais museus e bibliotecas. São visitados lugares com natureza e prática de esportes outdoor.
Tóquio o centro efervescente
Localizado no centro-oeste da ilha de Honshu, Toquio é a capital administrativa e financeira do Japão. A população supera os 9 milhões de habitantes na cidade e 14 milhões na região metropolitana. Parece pouco se compararmos com a cidade brasileira de São Paulo, com seus mais de 12 milhões de habitantes. Entretanto, na capital japonesa existem mais de 120 salas de boulder e academias.
Portanto, fazendo uma comparação com o Brasil, somente em Tóquio há mais espaços para treinamento de escalada do que em todo território brasileiro. A maioria destes locais japoneses são relativamente pequenos, se comparados às megalomaníacas academias norte-americanas ou várias academias europeias. As academias do Japão demonstram, somente em números, que possuir a maior academia de uma região não faz da população de escaladores os mais interessados no esporte.

O próprio Adam Ondra, em visita recente ao Japão para aprender mais sobre os métodos de treinamento japoneses, declarou que “A maioria das salas são relativamente pequenas, mas a filosofia dos route seters é o mais perto do que existe no formato adotado na copa do mundo”. Portanto, parte do sucesso atlético do Japão também está na filosofia moderna e adaptada de criar vias e pensar a escalada esportiva atual. O vídeo da viagem de Ondra ao Japão está no topo do artigo.
Detratores, os quais não conseguiram acompanhar a evolução do esporte, afirmam que o estilo é muito mais Parkour, ou skate, do que propriamente escalada. Ironicamente, são estes mesmos detratores que estão ficando fora das etapas dos mundiais e mínimas chances de ir à olimpíada. Pelo número de academias da região de Tóquio e de todo território japonês, é fácil prever que mesmo que o estilo adotado nas competições volte a ser adotado, os estabelecimentos de lá (assim como os atletas) se adaptarão.
Uma grande amostra disso é a quantidade de atletas japoneses no circuito de competições do IFSC. Nada menos do que 10 atletas nipônicos frequentam assiduamente as finais de cada etapa, tanto no masculino, quanto no feminino.
Escalada como negócio

A qualidade das academias japonesas podem ser constatadas nas franquias como T-Wall e B-Pump. Com franquias, não somente o esporte cresce, mas também o mercado cresce.
Segundo dados da International Federation of Sport Climbing (IFSC), no mundo existem aproximadamente 25 milhões de escaladores. Somente nos EUA, país com o maior número de ginásios de escalada do mundo, todos os dias iniciam à escalada entre 1.200 e 1.500 pessoas todos os dias. Um estudo realizado recentemente pela ISPO, maior e mais importante feira outdoor da Europa, a Alemanha é o pais com o maior número de ginásios de escalada: 500. Na Ásia, o Japão é onde o número supera todos os países.
De acordo com a associação de montanhismo japonesa, entre 2008 e 2015, o número de salas de boulder e academias saiu de 96 para 435. Um crescimento de 2.206% em apenas 7 anos. Especula-se que pela realização dos jogos olímpicos no Japão este número seja muito maior, além de, claro, o número de praticantes do esporte também crescer exponencialmente.