Vítima de violência no Fla-Flu, torcedor do Flamengo ganha camisa de tricolores
Conheça a história de Marcos Vinícios, agredido por organizada no dia da decisão do Carioca
Lance|Do R7

Apesar do título do Flamengo no último Campeonato Carioca, o jogo de volta contra o Fluminense não traz memórias boas para todos os rubro-negros. Marcos Vinícios foi vítima de violência no dia 16 de março, agredido por torcida organizada enquanto assistia ao Fla-Flu em bar no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Contudo, outros tricolores se comoveram com a história do flamenguista e resolveram ajudar.
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Marcos estava no fim de seu expediente como porteiro e, antes de ir embora para casa, resolveu ver os instantes finais do clássico na espera pelo ônibus. Ele estava vestido com a única camisa oficial do Flamengo que possuía, com o nome das duas filhas nas costas, quando foi surpreendido por membros de uma torcida organizada do Fluminense. Ao Lance!, ele descreveu o ocorrido.
— O Fla-Flu foi no domingo, e eu largo às 18h. Estava assistindo ao jogo lá, e o outro porteiro me rendeu 20 minutos antes. Eu fui para o ponto e perguntei ao motorista que horas o ônibus para a Penha passaria, isso umas 17h45. Ele me falou: "Cara, só vai passar lá para as 18h30, 18h40". Tentei ver o aplicativo de moto, mas estava muito caro. Atravessei para o outro lado da rua e tinha um bar de esquina passando o jogo, tinham uns caras do lado de fora vendo, todo mundo sentado. Pensei: "Vou assistir o restinho do jogo, daqui dá para ver o ponto. Quando o ônibus chegar, eu atravesso, entro nele e vou embora" — relatou Marcos.
— Aí beleza, atravessei, estava assistindo ao jogo, e de repente, em direção da praça, uma correria. Sabe quando você fica estatelado, pensando para onde vai? Eu fiquei de boa, e o pessoal gritando: "A Young Flu tá vindo". Foi muito rápido, quando eu vi eles já estavam em cima, saíram chutando todo mundo. Não deu tempo de eu tirar a camisa para guardar, eles chegaram chutando todo mundo, pegando garrafinha de água e tacando. Me pegaram, me tacaram no chão, me chutaram e rasgaram minha camisa. O "moleque" que estava do meu lado me levantou, eu entrei no bar e fiquei escondido dentro do banheiro. O banheiro pequenininho e umas 20 pessoas lá. Fiquei chateado, continuei com a camisa para não ir sem para casa. Mas fiquei mega chateado, tinha o nome das minhas filhas nas costas — concluiu o porteiro.
Presente de tricolores
A história chegou até Andrey Faria, que mora no prédio onde Marcos trabalha. Tricolor de coração, o morador se comoveu com a situação vivida pelo porteiro e resolveu ajudar. Com ajuda de amigos, boa parte torcedores do Fluminense, ele presenteou o colaborador com não uma, mas duas camisas oficiais do Flamengo.
— O Vinícios me contou o que aconteceu com ele, e eu fiquei na cabeça de dar uma camisa para ele. Aí eu mandei em um grupo de amigos, que tem metade tricolor e metade flamenguista. Perguntei se alguém conhecia algum site confiável que vendia camisa do Flamengo em promoção ou tinha cupom para usar nas lojas e contei a história. Os "moleques" se propuseram a fazer uma vaquinha para comprar a camisa, e um deles encontrou uma de 2021. Eu achei outra branca, do Zico, retrô, e nos juntamos para dar as camisas. Acabou que ele perdeu uma e ganhou duas — explicou Andrey.
Por sua vez, Marcos revelou ao Lance! que não pretendia contar a história a Andrey. Na verdade, ele começou o assunto brincando com o tricolor pelo título conquistado pelo Flamengo, mas acabou se abrindo. Ele diz ainda que se emocionou com o gesto do morador e de seus amigos.
— Passou uma ou duas semanas, o Andrey e os amigos dele me presentearam. Confesso para você, eu só não chorei na frente dele por vergonha, mas me emocionei muito quando cheguei em casa. Inclusive vou colocar o nome das minhas filhas de novo na camisa, eles me deram duas. Andrey e os amigos dele me emocionaram muito com esse gesto que fizeram por mim. E foi coincidência, porque eu fui zoar ele por ser tricolor e acabei me abrindo com ele, falando do caso — contou Marcos.
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