Pepe Mujica era amante de futebol e já criticou a Fifa e o futebol moderno
Ex-presidente uruguaio faleceu, nesta terça-feira (13), aos 89 anos
Lance|Do R7

Ex-presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, Pepe Mujica morreu aos 89 anos, na tarde desta terça-feira (13). Além da grande relação com a política, o ex-guerrilheiro era um amante do futebol de seu país, além de torcedor do Club Atlético Cerro.
Morador do bairro operário Rincón del Cerro, Mujica nunca escondeu sua admiração pela equipe de menor expressão. Embora não tenha dado certo como jogador, o político não abandonou seu clube de coração mesmo sem títulos ou grandes conquistas.
“Eu joguei como ponta, mas era ruim. Não há uruguaio que assista futebol de longe. Sou torcedor de um time local, o Cerro. Estou acostumado a perder, mas sou torcedor pela localidade. Gostava de ciclismo, mas sempre segui com o futebol e com o Cerro”, disse Mujica.
Críticas à Fifa e ao futebol moderno
Em sua trajetória, Pepe Mujica não poupou críticas à Fifa e ao futebol moderno com valores elevados de transferências. O uruguaio defendia o que acreditava e politizava o esporte, como fez em relação a punição de Suárez na Copa do Mundo de 2014 por conta da mordida em Chiellini, da Itália.
“Sentimos que foi uma punição aos humildes. É como se tivessem punido Garrincha na história do Brasil. Não tem quem me convença do contrário, vi uma conduta de classe nisso. Nenhum desses senhores importantes da Fifa passou fome ou enfrentou intempéries. Eles têm uma impiedade que não tem relação com o futebol, que é uma festa popular. No dia que não tivermos mais pobres, não teremos mais o luxo de ver jogadores geniais”, disse.
Mas além das críticas à Fifa, Mujica via o futebol como um negócio discrepante por conta dos altos salários dos jogadores. No entanto, o ex-político não culpava os atletas pelos problemas e pelas desigualdades.
“Transformou-se em um negócio. Um negócio que é em parte arte, em parte magia. Mas, é claro, as sociedades modernas e contemporâneas se caracterizam por transformar até mesmo a respiração em negócio. Tudo é negócio. Futebol também. Os salários de alguns jogadores de futebol são ofensivos, especialmente, considerando o estado das nossas cidades. Mas a culpa não é dos jogadores. Os jogadores são o pretexto para uma mobilização econômica que gira em torno deles”, falou.
Após a morte de Pepe Mujica, Nacional e Peñarol se pronunciaram e prestaram solidariedade aos familiares do ex-político. Clube de coração do ex-mandatário, o Cerro também fez uma homenagem ao eterno torcedor.