EUA unem NFL, Comitê Olímpico e laboratório antidoping contra vírus
Laboratório credenciado pela Agência Mundial Antidoping se une a entidades esportivas em fundo de financiamento para buscar respostas sobre covid-19
Lance|Do R7
As perspectivas nada animadoras sobre a pandemia do novo coronavírus nos Estados Unidos levaram algumas das principais entidades do esporte e das grandes cabeças do setor antidopagem a se mobilizarem em torno da causa mundial. O país ultrapassou a marca de 12 mil mortes por covid-19 na última terça-feira, e o número de casos confirmados já superou 390 mil. A curva de contaminação cresce vertiginosamente desde meados de março.
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Sim, o Futebol está vivo. No entanto, apenas debaixo de cinco ditaduras.
Um dia antes, o Partnership for Clean Competition (PCC), ou "Parceria para a Competição Limpa", fundo americano responsável por financiar cerca de 80% da pesquisa do planeta no setor antidopagem, anunciou o fornecimento de recursos para pesquisas sobre a covid-19 e para a compra de 15 mil testes de detecção do vírus.
Os alvos são pessoas infectadas assintomáticas ou infectadas recuperadas, em áreas com maiores registros de casos. O investimento somente para a compra dos kits é de US$ 120 mil (cerca de R$ 626 mil).
A organização sem fins lucrativos foi fundada em 2008 pela Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA), em parceria com a NFL, a Major League Baseball (MLB) e o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOC), com o intuito de captar verbas para as pesquisas de doping. Até então, esse era seu único foco. Até que veio a pandemia.
- O PCC está pagando por esses kits na íntegra. A NFL é um membro fundador, juntamente com a Major League Baseball, o Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA e a Agência Antidopagem dos EUA. Todos os nossos fundadores continuam a fornecer financiamento para a organização – explicou David Kumbroch,diretor de comunicações do PCC, ao LANCE!.
Foi então que o grupo de aliou à Universidade do Sul da Califórnia, à Universidade de Stanford e ao Laboratório de Pesquisa e Teste de Medicina Esportiva (SMRTL), em Salt Lake City, no Utah, credenciado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), além dos conselhos locais de saúde, em um esforço para ajudar o governo a entender o alcance do vírus e definir as melhores estratégias para contê-lo.
– Os resultados do estudo ajudarão as autoridades de saúde pública a preverem onde a epidemia provavelmente ocorrerá a seguir, onde os recursos devem ser desviados para melhor atender às necessidades dos pacientes infectados com COVID-19 e quando será seguro retomar a atividade normal – explicou Jay Bhattacharya, professor de medicina de Stanford.
A iniciativa mostra que, dentro de uma cadeia bem estruturada, até o esporte pode dar sua contribuição na crise. Apesar das medidas de isolamento, alguns laboratórios brasileiros já estudam projetos para analisar o metabolismo de pacientes submetidos ao tratamento por cloroquina e outros fármacos. Para a interpretação dos resultados, são utilizadas as mesmas técnicas que detectam se uma amostra de sangue ou urina apresenta uma substância dopante.
O Brasil, por exemplo, não teria condições financeiras de utilizar a estrutura antidopagem existente em favor da sociedade na mesma dimensão que os Estados Unidos. Mas especialistas ouvidos pelo LANCE! apontam que equipamentos como os do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LADETEC), atualmente fechado devido à paralisação das atividades, são capazes de gerar informações precisas para a tomada de decisões terapêuticas à beira do leito. O controle de dopagem em muitos países está parado, incluindo no nosso.
Em tempos de guerra, que o mundo consiga se inspirar nos bons exemplos.